domingo, 17 de maio de 2015

Não é isso que nós andámos a dizer há muito (imenso) tempo?

RRenascença

João Paulo Leal, do IAVE, defende que os docentes tenham menos aulas para dar e assim consigam mais disponibilidade.

O presidente do Conselho Científico do Instituto de Avaliação Educativa (IAVE), João Paulo Leal, defendeu, em Coimbra, a necessidade de os professores terem mais disponibilidade para as tarefas directamente relacionadas com o ensino.

"Nos últimos anos, os professores têm sido sobrecarregados para além do razoável" com muitas tarefas e "devíamos fazer com que tivessem mais disponibilidade", sustentou João Paulo Leal, que falava numa conferência/debate sobre exames nacionais, promovida no âmbito de um estudo sobre exames nacionais em Portugal e em 12 outros países, que a Universidade de Coimbra (UC) está a desenvolver.

Com "menos carga horária e menos funções burocráticas", os docentes teriam mais disponibilidade para o acompanhamento dos alunos e isso traduzir-se-ia num "grande ganho a prazo", acredita o presidente do Conselho Científico do IAVE.

Além disso, seria igualmente necessário investir na educação pré-escolar e, sobretudo, no primeiro ciclo, pois "é aí que se constroem os alicerces" da aprendizagem, afirmou João Paulo Leal, considerando que, simultaneamente, deveria ser dada "muita importância à formação de professores" e aos meios a afectar, de modo a permitir que este nível de escolaridade dispusesse dos docentes necessários e dos melhores professores.

"Um dos maiores investimentos deveria ser feito no primeiro ciclo" e esse seria "um dos investimentos mais rentáveis", sintetizou.

Do mesmo modo, e num raciocínio de algum modo paralelo, também deveriam ser escolhidos "os melhores professores para dar aulas no primeiro ano na Universidade", advogou.

Questionado pelos jornalistas, à margem da sessão, João Paulo Leal disse julgar que "as escolas, no geral, estão preparadas, para fazerem, este ano, os exames nos 4º e 6º anos de escolaridade, "mas só elas o poderão dizer" e, além disso, não dispõe de "dados e lhe permitam dizer se realmente estão ou não preparadas", ressalvou.

"O apoio dos pais aos alunos é fundamental para o seu sucesso [escolar]", alertou, por outro lado o presidente do Conselho Científico IAVE, sublinhando que "as melhorias introduzidas no ensino [em Portugal] a partir de 1974" só revelaram resultados (positivos) na primeira década deste século, isto é, uma geração depois da sua aplicação, cujos reflexos também resultaram, em grande medida, da formação escolar dada aos pais, às famílias dos alunos mais recentes.

"Qualquer medida de educação só tem resultados, não ao fim de três, cinco ou dez anos, mas de ao fim de uma geração (20/25 anos)", sustentou.

Mas João Paulo Leal acredita que "se se investisse no primeiro ciclo, talvez se obtivessem resultados visíveis logo ao fim de cinco/seis anos".
(Negrito nosso)

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