sexta-feira, 22 de março de 2019

A polémica da ideologia de género

A Ideologia de Género não é ciência, é doutrinação

Querem-nos convencer a todo o custo que a Ideologia de Género se baseia apenas no ensino da tolerância, aceitação, conhecimento  e igualdade entre géneros. E assim perante tão nobre intenção justificam a sua implementação imposta a todos os alunos na disciplina de cidadania. Ora, se é assim tão claro que se trata de uma ideologia ” científica” imprescindível à formação do indivíduo, por que razão a lei que tornou possível a ideologia de género nas escolas, foi aprovada em total segredo e sem debate público em 2018?
Pois bem, a resposta é simples para qualquer ser pensante que não segue as patranhas progressistas: não foi a debate porque simplesmente é uma grande mentira fabricada à medida das agendas feministas e LGBTIQ que recebem muito dinheiro público para a promoção da ideologia.
A primeira grande questão que se levanta é: por lque razão não aparece documentação sobre o tema na Biblioteca Nacional como alerta Mário Cunha Reis no seu artigo “Ideologia de Estado” no Observador? Numa pesquisa simples, há zero resultados quando se procura bibliografia  sobre a ideologia de género. No entanto se a busca for “queer”, não falta bibliografia sobre o tema onde a ideologia de género está englobada. O que prova que não estamos perante uma teoria comprovada cientificamente mas sim uma teoria LGBTIQ.
Assim sendo, segue a segunda grande questão: não sendo uma teoria científica o que está ela a fazer no plano curricular dos alunos desde o pré escolar? Ora, a resposta aqui é também ela simples: isto não é ensino, é doutrinação. A prova está escrita pela própria CIG na página 5 dos Guiões onde explicitamente é dito: “(…) o conteúdo apresentado não exprime necessariamente a opinião da Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género.” Ou seja,  a CIG desresponsabiliza-se  do conteúdo destes guiões em caso de queixas.
Vamos lá esclarecer: uma coisa é ensinar o respeito, aceitação e tolerância por todos os seres humanos independentemente das suas diferenças, sejam elas a que nível for; ensinar que todos os seres humanos são iguais e não podem ser discriminados no acesso à saúde, educação, trabalho pelas suas orientações sexuais, religiosas ou ideológicas, raça, etnia ou cultura; outra é defender que igualdade é  “ensinar”  que  não existem diferenças sexuais entre indivíduos porque todos nascemos neutros e que é a sociedade que constrói o nosso género; que a maternidade não é um exclusivo das mulheres; que todos os males desta sociedade está no homem heterossexual e família patriarcal; que o género não é imutável.
Foi exactamente isto que encontrei ao ler os guiões do Ministério da Educação (no pré-escolar, no 1º ciclo  no 2º ciclo, no 3º ciclo e no secundário). Na página 265 do Guião para ensino secundário pode ler-se: ” (…) deste modo a diversidade sexual humana e a compreensão das expectativas das pessoas LGBTIQ relativamente aos direitos sexuais e reprodutivos poderá ser melhor compreendida e reflectida”. Na página 270 do mesmo guião, branqueia  a ciência e diz:  “(…) a ciência é uma construção socio-histórica, portanto determinada temporalmente e espacialmente. Por isso numa perspectiva de género não basta salientar a necessidade de reconhecimento da importância das teorias e  modelos na construção do conhecimento científico mas também desconstruir os processos na sua produção”. Mas não se ficam por aqui: reclamam a reprodução assistida como um direito à igualdade; questionam a linguagem não inclusiva; questionam a história produzida; afirmam não haver complementariedade entre sexos; que as questões sociais afastaram meninas das actividades desportivas; que há uma cultura de heteronormalidade que classificam de homofóbica; impõem-se contra a existência de dois sexos bem definidos; afirmam que existe disparidades salariais; defendem o aborto como método contraceptivo; defendem quotas de forma dissimulada; defendem a desconstrução da sociedade; transformam em patologia todos os que não concordam com esta ideologia.  Ou seja, só trata da agenda feminista e LGBTIQ.  Porquê?Mais:   estes Guiões são escritos por feministas, algumas lésbicas e homossexuais.  Isto é doutrinação, sem qualquer dúvida.
Para reforçar ainda mais esta ideia, João Miguel Tavares escreveu no Público sobre uma actividade de uma escola na disciplina de Cidadania:  “A Rede Ex-Aequo [uma associação lésbica] não se limita a combater “o bullying homofóbico e transfóbico”. É da facção (o vídeo de apresentação é muito esclarecedor quanto a isso) que nos convida a dizer “oradores e oradoras”, que garante que “juntas e juntos fazemos a diferença”, e que quer esclarecer os nossos filhos sobre o verdadeiro significado da palavra “heteronormatividade”. E isso, caras associações LGBTI, é 100% ideologia.”
De acordo com  a maior defensora de género da actualidade, e cuja bibliografia serviu de base para os Guiões, a americana Judith Butller, “ninguém nasce homem, nem mulher, nem gay, nem lésbica,  pois o género deve ser construído na escola, com quantos géneros  quantos a criança deseje.” Mais claro do que isto é impossível.
A doutrinação da ideologia de género é ilegal porque viola a liberdade de consciência e crença do estudante; o princípio da neutralidade política e ideológica do Estado; o direito dos pais sobre a educação moral dos filhos.  Porque  a Declaração Universal dos Direitos Humanos no seu artigo 26º nº 4 diz claramente: ” Aos pais pertence a prioridade do direito de escolher o género de educação a dar aos filhos” e na Constituição da República Portuguesa no artigo 36º, nº 5 e artigo 43º, nº 2 está escrito:  “Os pais têm o direito e o dever de educação e manutenção dos filhos” “O Estado não pode programar a educação e a cultura segundo quaisquer directrizes filosóficas (…) políticas, ideológicas”.
Perante isto, onde está a dúvida quanto à inconstitucionalidade do decreto-lei que autorizou o ensino da ideologia de género nas nossas escolas?

quinta-feira, 21 de março de 2019

"à Criança deve ser restituído o direito a brincar"

Educação. A criança e o direito a brincar

por alho_politicamente_incorreto, em 21.03.19
Como já afiancei neste espaço, há duas décadas que o Estado tem optado por sobrecarregar a Escola com toda a sorte de atribuições. Lá no fundo, endossou-lhe os problemas que não sabe ou não quer resolver, sem sequer cuidar de investir em mais e melhores recursos. Esta tropelia populista, que traz votos, fragilizou a autoridade dos Professores e desvirtuou a função da Escola.

A sociedade tem de se preocupar - influenciando tendências e condicionando opções – com a perigosa deriva estatal de enclausurar as suas crianças, dos 6 aos 9 anos de idade, em salas subequipadas, por períodos nunca inferiores a 5 ou mais horas/dia, com atividades invariavelmente dirigidas por adultos. Este desmando, de cariz demagógico, a coberto de inquinado fito de garantir “escola a tempo inteiro”, tem satisfeito os mais distraídos e convencido os mais insensíveis.

Na base desta sanha cruel, está, afinal, um crescente desinvestimento na Educação que tem disfarçado incúrias várias. Desde logo, a incapacidade – ou a falta de coragem? – de rever programas e metas curriculares, compatibilizando-os com os estádios de desenvolvimento consensualizados pela inteligência contemporânea. A extensão e a complexidade das aprendizagens impostas pelos “especialistas” eleitos pela tutela, ao arrepio de tudo o que se pratica e otimiza no mundo desenvolvido, apenas servem para justificar uma estranho fadário de experimentalismos que nunca satisfarão um ministério apostado em vergar os profissionais da Educação, com a toda a artilharia administrativa e bur(r)ocrática ao seu alcance, pois presume que assim dobrará cabeças ao nível do papel, na vã esperança de, por essa via, também vergar consciências e  outros valores estruturantes.

A convenção dos Direitos da Criança (Unicef, 2004), refere o brincar como um princípio fundamental e particular da criança se exprimir, pensar, interagir e comunicar com outras crianças. Assim, a brincadeira é cada vez mais encarada como uma atividade que promove o desenvolvimento global da criança, pois incentiva à interação entre pares e adultos, promovendo a resolução de conflitos, condição essencial à edificação de cidadãos críticos e reflexivos.

Lev  Vygotsky, um dos maiores vultos da psicologia histórico-cultural, afirmava que o sujeito se constitui ao relacionar-se com os outros em atividades “caracteristicamente humanas”. A brincadeira infantil, nesse sentido, é uma maneira de a criança se expressar e formar sentidos sobre o mundo. Por meio da brincadeira e de atividades lúdicas, a criança atua simbolicamente nas diferentes situações que experiencia, elaborando conhecimentos, significados e sentimentos. 

Quando as crianças brincam, assumem diferentes papéis. Assim, criam mecanismos para agir diante da realidade, substituindo ações quotidianas pelas ações cumpridas no papel que assumem. É através das brincadeiras que a criança estabelece contacto com o mundo físico e social.  

Brincar é, mais do que nunca, crucial no desenvolvimento social, emocional e cognitivo da Criança. É importante frisar que o brincar e o jogar não se resumem apenas a formas de divertimento e de prazer para a criança. Na verdade, são meios privilegiados de expressar sentimentos e de aprender.

Brincar potencia o desenvolvimento do raciocínio, da atenção, da imaginação e da criatividade. Brincar implica novos códigos, novas linguagens, que ajudam a Criança a pensar a realidade de forma criativa e integrada.

Cumulativamente, importa ressalvar que brincar desempenha um papel igualmente importante na socialização da Criança, consentindo-lhe que aprenda a partilhar, a cooperar, a comunicar e a relacionar-se, desenvolvendo, complementarmente, a noção de respeito por si e pelo outro, bem como sua autoimagem e autoestima.

A escola portuguesa, ao nível do 1.º Ciclo, parece assemelhar-se, na carga horária e na componente curricular, a um cardápio inusitadamente cruel e (aparentemente) inesgotável de más orientações e de nocivas prioridades que apoucam direitos elementares da Criança. Um penoso caudilho de omissões e conivências que poucos parecem estar dispostos a contrariar.

Em resumo, assoma-se a exortação de, uma vez mais, afirmar o óbvio: à Criança deve ser restituído o direito a brincar.

quarta-feira, 20 de março de 2019

Referencial de Educação do Consumidor

As escolas portuguesas estão a contribuir para que os alunos de todos os ciclos, enquanto atuais e futuros consumidores, façam escolhas criteriosas, informadas e responsáveis, no âmbito da utilização do Referencial de Educação do Consumidor.

O Referencial de Educação do Consumidor foi elaborado como resposta à necessidade da existência de um documento orientador que facilite a abordagem da Educação do Consumidor, na senda de outros referenciais para domínios da Educação para a Cidadania, que a Direção-Geral da Educação (DGE) tem vindo a produzir, em colaboração com organismos e instituições públicas e com diversos parceiros da sociedade civil.

O documento resulta de uma colaboração entre o Ministério da Economia e o Ministério da Educação, envolvendo o trabalho da Direção-Geral do Consumidor e da Direção-Geral da Educação e da sociedade civil, através da DECO – Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor.

Este é um guia orientador para abordar diferentes dimensões do domínio do consumo, propondo aos docentes da educação pré-escolar, do ensino básico e do ensino secundário as competências consideradas essenciais para que as crianças e os jovens sejam cidadãos consumidores ativos, conhecedores, com comportamentos de consumo informados e responsáveis, promotores do seu bem-estar.

O documento aborda oito temas desde os direitos e deveres do consumidor, passado pelo marketing e publicidade, consumo sustentável e consumo no mundo digital.

Dia Internacional das Florestas

O Dia Internacional das Florestas, celebrado a 21 de março, foi criado com o objetivo de alertar os cidadãos para a importância dos ecossistemas florestais, na sua vertente lúdica, social, económica e profissional de criação de valor. 

O Ministério da Educação, através da Direção-Geral da Educação (DGE), no âmbito das suas atribuições na implementação da Estratégia Nacional de Educação para a Cidadania, associa-se às comemorações desta data.

Neste âmbito, sugere-se que sejam promovidas nas Escolas atividades de sensibilização para a importância da floresta e dos recursos florestais celebrando, assim, o Dia Internacional das Florestas.

No site http://florestacomfuturo.pt/, estão disponíveis materiais de apoio ao desenvolvimento de atividades.

A opinião de Santana Castilho

Quando a civilização recua

Santana Castilho 

1. Nos Estados Unidos da América, dirigidos pelo homem que popularizou a expressão fake news, diz a Gallup que 18% dos cidadãos acreditam que o sol gira em torno da terra, 42% afirmam que Deus nos criou há menos de 10.000 anos e 74% dos republicanos no Senado negam a validade das mudanças climáticas, apesar das evidências científicas aceites no mundo. Com os olhos postos nisto e nas previsíveis campanhas de desinformação em ano de eleições, o PS propôs a discussão do assunto no plenário da Assembleia da República, defendendo um projecto de resolução que recomenda ao Governo a adopção do plano de acção contra as fake news, aprovado pela Comissão Europeia em Dezembro passado. Tratando-se de matéria em que o Governo é exímio especialista, o êxito está garantido. Dêem-lhe espaço de manobra e, agora que já temos uma agência espacial, Pedro Marques ainda anunciará que seremos os segundos a pôr o pé na Lua.

Factos que se contradizem deixam-me perplexo. O que será falso? O desvelo com que o Governo recentemente se ocupou das mulheres, a propósito do seu dia mundial e da violência de que são alvo, ou o ódio que dispensa a duas classes profissionais maioritariamente compostas por elas (professoras e enfermeiras)? Não será igualmente falso um primeiro-ministro falar das vítimas de Pedrogão enquanto pica cebola para uma cataplana, porque o que procura é a popularidade que o avental da Cristina lhe confere? Não será falso o homem pensar que assim se aproxima dos cidadãos, quando o problema seria fazer algo para que os cidadãos se aproximassem dos políticos (quase 50% de abstenção)? 

Como um primeiro problema só é primeiro se existir um segundo, ao medo do Governo relativo às redes sociais juntaram-se dois programas televisivos deprimentes, que nos fazem recuar ao século passado, pelas humilhações degradantes e trogloditas que reservam às mulheres: “Quem quer namorar com um agricultor?”, da SIC, e “Quem quer casar com o meu filho?”, da TVI (mais de um milhão de espectadores cada). 

A mentalidade de rebanho é ali preponderante. A complacência intelectual continuada vai cedendo passo às trivialidades e ao voyeurismo, que alimentam audiências orientadas para o consumismo boçal, sem decoro nem pudor. Tudo em nome de um entretenimento selvagem e predador, que nada acrescenta ao que socialmente importa e afasta as massas dos verdadeiros problemas do nosso viver. 
Dir-se-ia que não sabemos o que fazer com a nossa liberdade. A televisão portuguesa, onde sobra o entretenimento, campeia o futebol e falta a análise séria que contribua para uma informação jornalística de qualidade, soçobra às pressões económicas que a guerra das audiências gera, enquanto os membros de uma certa elite política parecem apenas preocupados com a criação de uma sociedade de manequins, onde só eles, porque têm nela lugares cativos, podem decretar o que está certo e o que é falso.

2. Quanto desalento me é reportado por professores competentes e interessados que, por mais atraentes que sejam as aulas que preparam, apenas colhem tédio e desinteresse dos alunos. Quantos comportamentos agressivos, quanta linguagem obscena vulgarizada nas escolas, quanto equipamento gratuitamente destruído, quanto alheamento do importante substituído pelas futilidades das redes sociais no dia-a-dia de muitas das nossas escolas. 

Muitas vezes me questiono sobre o que pensam os mais novos sobre tantas coisas que me afligem. Muitas vezes penso que eles nada pensam sobre o que me aflige. Agora que pararam umas horas para reclamar sobre um dos mais sérios problemas da humanidade, deixaram-me antes a pensar sobre o que pensam alguns que os dirigem. Com efeito, à adesão inspiradora dos jovens portugueses à greve estudantil climática, sinal importante de internacionalismo que questiona a irresponsabilidade da elite mundial insensível ao futuro, responderam alguns directores com faltas que não puderam ser justificadas e testes que não puderam ser adiados. Como se na formação de um jovem a dicotomia legal/ilegal fosse mais importante que um juízo de consciência sobre o futuro do planeta. Como se o seu compromisso público fosse apenas com o regulamento, quais recipientes só abertos à obediência cega à norma, consciências ocas quanto a um dos problemas que mais marcará os alunos que devem ajudar a crescer.

terça-feira, 19 de março de 2019

Professores voltam ao Terreiro do Paço, já no próximo sábado, dia 23

Professores exigem recuperar todo o tempo de serviço porque o tempo é seu; decreto que rouba mais de 6,5 anos põe em causa a profissão, a carreira e a aposentação

Governo continua, ainda, a ignorar outros problemas que afetam o corpo docente: desgaste, envelhecimento e precariedade


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NOESIS - Notícias da Educação do mês do março


Com o objetivo de partilhar e valorizar o que acontece na área da educação em Portugal, este Boletim oferece, mensalmente, uma seleção de notícias sobre eventos, iniciativas e projetos, legislação, publicações e estudos do que de mais relevante se faz neste domínio.

segunda-feira, 18 de março de 2019

Validação das Candidaturas – Concurso Externo / Contratação Inicial / Reserva de Recrutamento

Aplicação eletrónica disponível entre o dia 18 de março e as 18:00 horas de dia 22 de março de 2019 (hora de Portugal continental), para efetuar a validação das candidaturas ao Concurso Externo/Contratação Inicial/Reserva de Recrutamento.

Manual de instruções

´"A educação tem de ser planificada desde o espaço infantil e não desde a organização dos adultos que tem objetivos interesses nada condizentes com as expectativas das crianças"

“Estamos a fabricar crianças e a desperdiçar talentos“

Mário Santos


Preocupado com o estado atual da educação e a acreditar que estamos próximos de momentos de mudança estrutural da escola Portuguesa, considero que quem discorda com o estado da educação a não ser através do negrito ou das letras maiúsculas, dificilmente é ouvido por quem toma decisões de políticas educativas.

A escola felizmente tem tomado um papel importante na nossa sociedade e tem provocado muita discussão o que comprova que se começa a acreditar que a educação é o motor do desenvolvimento de um país. Muitas vozes se levantam a concordar que a escola do século XXI ainda não chegou a Portugal e que existe muito trabalho a desenvolver para que a escola esteja sintonizada com as necessidades evolutivas deste século. Preocupado com o estado atual da educação e a acreditar que estamos próximos de momentos de mudança estrutural da escola Portuguesa, considero que quem discorda com o estado da educação a não ser através do negrito ou das letras maiúsculas, dificilmente é ouvido por quem toma decisões de políticas educativas. Fui procurar o que os estudantes pensam, porque são eles os atores principais da educação e não os professores, os currículos e a avaliação, e tentar perceber, porque existe tanta desmotivação, sedentarismo e afastamento, para sustentar a minha visão estrutural.(Estudo a realizar na Região Autónoma da Madeira “Escola do futuro para um futuro melhor”, amostra de 200 alunos de ambos os sexos, dos 1,2,3 ciclos do ensino básico).

Numa simbiose de vários relatos considero nove pontos fundamentais para repensar:

A Escola: Não foi concebida para atender a diferença dos alunos e tem uma estrutura rígida e seletiva no que diz respeito à aceitação e à permanência de alunos que não preenchem as expectativas académicas clássicas, centradas na instrução e na reprodução de conteúdos curriculares. Fechadas ás novas tendências sociais bem como a novas metodologias e movimentos de ensino, a recetividade tem ficado aquém das reais necessidades.

Porque não uma escola inclusiva de ensino com escolas orientadas, adaptadas e estruturadas numa sintonia com o meio físico, social, cultural e estruturada mediante currículos extremamente flexíveis, inclusivos em sincronia com as necessidades de formação e desenvolvimento local.

Trabalhos de casa para que servem: Muitos pais ficam descansados quando os filhos levam muitos trabalhos de casa, pensando que é sinónimo de aprendizagem. Não é o que defendo, porque depois de um dia repleto de aulas eles têm de ser crianças e brincar, para terem um desenvolvimento equilibrado, motivação e descanso para enfrentarem mais um dia de trabalho árduo.

Queremos compreender a fazer: “no estudo do meio quando aprendemos, as plantas, os seres vivos, a água, a natureza, aprendemos a contar na matemática e a história de Portugal e muitos outros exemplos de matérias curriculares, porque não vamos para a rua explorar o meio e aprendermos a fazer”.

Tudo está no livro, o que não está no livro não existe. O livro devia ser um recurso a mais na educação e não o recurso.

Está comprovado que o que escutamos retemos 5%, o que lemos 10% e o que experimentamos 75%.

Existem variadíssimas formas de aprender, porque é que continuamos a insistir no ensino expositivo e no livro.

Não somos crianças: Os adultos obcecados com os modelos racionais da educação estão a formatar Homens e Mulheres em ponto pequeno. A educação tem de ser planificada desde o espaço infantil e não desde a organização dos adultos que tem objetivos interesses nada condizentes com as expectativas das crianças. Esta “doença” pelo planificar, formalizar, uniformizar e avaliar, gera fábricas de crianças com um modelo único, quando nascem todas diferentes.

Onde estão os valores? – Uma das áreas mais importantes a desenvolver nas escolas, devendo ser matéria obrigatória, é a compreensão dos valores sociais, familiares e o saber refletir sobre a sua compreensão e aplicação. As crianças com valores são o verdadeiro “Valor” da sociedade plural e moderna. Desenvolver atividades e jogos onde exploramos a cooperação, altruísmo, solidariedade e muitos outros valores, são um pilar de extrema importância que garante uma sociedade e um País de futuro.

Testes para que servem: A avaliação através dos testes é um recurso medieval caduco e ultrapassado que não avalia a aprendizagem do aluno, mas sim um saber momentâneo. É um absurdo termos o foco na avaliação e não na aprendizagem. A grande preocupação dos pais e professores é a nota e não a aprendizagem, isto é um reflexo de um sistema de avaliação e rendimento que se esqueceu da viagem da aprendizagem, da maravilha que é o conhecimento e se tornou numa obsessão de números que provocam disfunções nas crianças que acabam por aprender a sobreviver adaptando-se ao sistema.

Quantas horas por dia: As crianças por dia superam o horário laboral de um adulto. Considero que devemos repensar a sociedade em que vivemos e não permitir que a educação ande a reboque do horário laboral. A sociedade tem de se adaptar às crianças, diminuir a jornada laboral e criar jornadas contínuas.

A importância do brincar: As crianças devem ter maiores períodos para brincar ao longo do dia, porque o que se assiste na escola são intervalos muito reduzidos e o brincar visto com algo que não faz sentido. A criança a brincar está a desenvolver capacidades altamente estruturantes, desenvolvendo a sua criatividade, espontaneidade, plano sensorial, preceptivo, social, as relações emocionais e o relaxamento cognitivo.

As emoções: Continuamos esquecidos das emoções, o que custa a aceitar em pleno século XXI, o trabalho das emoções nas escolas devia ocupar uma boa parte do dia das crianças, algo que pode ser construído e desenvolvido com estratégias lúdicas e experienciais, onde as crianças se começam a conhecer, a melhorar e potenciar a suas competências intra e interpessoais, onde com maturidade e equilíbrio pessoal se aprende a compreender tudo muito mais rápido.

Não falamos só de crianças, mas sim na generalidade da educação, porque se trata de uma situação transversal no ensino que atinge todas as idades, por isso temos de alterar o paradigma instalado à décadas e onde são necessários atores capazes de crescer e transformar-se com a educação, não meramente instrumentos passivos da educação. Os professores, os pais, e outros agentes principais são claros facilitadores do processo e devem assumir o seu trabalho em sinergia para obter o melhor dos nossos jovens. Com a educação não se deve brincar porque é ela que pauta o crescimento de uma sociedade, assim é necessário alterar o conceito de aprendizagem e gestão de conhecimento, e para isso necessitamos mais do que nunca, compreender que tudo não é só uma questão de estrutura, mas de mentalidade e paradigma socioeducativo.

sábado, 16 de março de 2019

Monitor da Educação e da Formação de 2018


Monitor da Educação e da Formação de 2018 Portugal




O Monitor é a principal publicação anual da Comissão Europeia sobre educação e formação na UE que pode ser consultado no novo sítio da UE sobre Educação e Formação. 

Solução para o roubo do tempo de serviço está no Parlamento

O apagão da carreira tem de ser resolvido no parlamento

Joana Mórtágua - Deputada de Bloco de Esquerda

O maior problema é que, dentro de poucos anos, vamos ficar sem professores. Essa é a consequência inevitável de uma classe em que apenas 1,65% dos profissionais têm menos de 30 anos e mais de metade têm mais de 50 anos

No dia 7 de março foi entregue na Assembleia da República uma petição com mais de 60 mil assinaturas. É uma mobilização expressiva, suficiente para entrar no top-5 das petições mais subscritas da legislatura. A sua particularidade é ter sido assinada exclusivamente por professores e professoras que querem que o parlamento volte a pronunciar--se sobre a recuperação do tempo de serviço dos docentes.

Na petição, os professores manifestam apoio à proposta negocial apresentada pelos sindicatos, ou seja, a uma solução semelhante à que foi negociada nos Açores e na Madeira. De acordo com ela, a recuperação do tempo de serviço congelado seria feita faseadamente até 2025. Como medidas complementares preveem-se o acesso a vagas nos escalões que são necessárias e uma redução do tempo para aceder à aposentação no caso dos professores que estão mais perto da reforma.

É uma proposta razoável, e se o governo alguma vez tivesse tido vontade de negociar com os sindicatos, este teria sido um bom ponto de partida. Por várias razões. Primeiro, porque tem como precedente uma negociação bem--sucedida entre os sindicatos e os governos das regiões autónomas dos Açores e da Madeira. Segundo, porque 2025 é um horizonte que vai muito além daquele que foi dado à recuperação das carreiras gerais e é uma prova de abertura negocial para um faseamento significativo. Terceiro, porque a possibilidade de conversão de alguns anos de serviço em anos para aceder à aposentação e vagas de progressão na carreira permite, em simultâneo, aliviar o impacto orçamental e resolver problemas emergentes da carreira docente.

Um desses problemas, para o qual todos os governos se têm recusado a olhar, é o envelhecimento da carreira docente. Como se fosse possível ignorar a existência de 12 mil professores do quadro com baixas médicas prolongadas. Mas não se enganem, a tragédia maior não está no cansaço daqueles que têm de prolongar os anos à frente de turmas de crianças para além das suas forças físicas.

O maior problema é que, dentro de poucos anos, vamos ficar sem professores. Essa é a consequência inevitável de uma classe em que apenas 1,65% dos profissionais têm menos de 30 anos e mais de metade têm mais de 50 anos. Pondo a coisa de uma forma mais gráfica, estima-se que em dez anos se reformem 40% dos professores e não há outros para os substituir.

A dificuldade já começa a fazer-se sentir em determinadas disciplinas em que as escolas não conseguem encontrar professores para fazer substituições. As razões são múltiplas e complexas, mas passam indubitavelmente pelo despedimento massivo de professores contratados durante o governo PSD/CDS, pela precariedade como sentença imposta aos jovens que querem ser professores, pela pouca atratividade da carreira docente e pela permanência nas escolas de dezenas de milhares de professores à beira da reforma, o que não facilita a renovação do corpo docente.

A proposta apresentada pelos sindicatos permitiria começar a abordar todas estas questões. Aquela recuperação de uma década de tempo de serviço, além de justa por comparação às carreiras gerais, teria três efeitos imediatos: libertar o sistema dos professores mais velhos, abrindo vagas em grupos de recrutamento e zonas do país que estão bloqueadas; oferecer estabilidade e condições salariais dignas àqueles que têm agora entre dez e 20 anos de serviço mas vivem a frustração de não passar do início da carreira; conseguir um acordo muito amplo, pacificador e valorizador da escola pública.

A opção do governo foi outra. Fincou o pé numa guerra espúria contra os professores, alimentou mitos sobre a sua carreira, reabriu uma ferida nacional que só agora começava a ser sarada. Utilizar os docentes como bode expiatório ou arma de arremesso eleitoral é filme já visto e sem suspense final. O governo recusou a recuperação integral do tempo de serviço, recusou negociar e continuou teimosamente a dizer que isto não passa de um problema orçamental motivado por um capricho.

É um erro que o Bloco de Esquerda não acompanha. A apreciação parlamentar que devolverá o decreto-lei do governo para ser debatido e alterado na Assembleia da República está mais do que anunciada. Nos antípodas da arrogância do governo e das dúvidas existenciais do PSD está o nosso compromisso com a recuperação da carreira dos docentes. Não por ignorarmos, mas precisamente por compreendermos o que está em causa.

sexta-feira, 15 de março de 2019

PCP e BE requereram a Apreciação Parlamentar do Decreto-Lei do Governo

O PCP já requereu a Apreciação Parlamentar do Decreto-Lei n.º 36/2019, de 15 de março, que “mitiga os efeitos do congelamento ocorrido entre 2011 e 2017 na carreira docente”, publicado no Diário da República n.º 53/2019, Série I de 2019-03-15.

Apreciação Parlamentar n º 127/XIII/4.ª




Os deputados do Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda também já requereram a Apreciação Parlamentar do Decreto-Lei nº 36/2019, de 15 de março, que mitiga os efeitos do congelamento ocorrido entre 2011 e 2017 na carreira docente.



Diploma permite a ultrapassagem de docentes que progrediram antes para esses mesmos escalões

Olhe que não, senhor Presidente! 

Paulo Guinote

Sei do que falo, acredite, senhor Presidente, e não é apenas por ser um dos que vai ser ultrapassado, perdendo a minha "posição relativa" que o Governo diz que manterei.

Quando, há poucos dias, li no site oficial da Presidência que “tendo falhado as negociações, se o Presidente da República não promulgasse o diploma, isso poderia conduzir a deixar os professores sem qualquer recuperação na carreira durante o ano de 2019”, só se pude ficar espantado porque ou o senhor Presidente da República não leu o decreto relativo à recuperação do tempo de serviço docente que promulgou ou não o percebeu bem ou alguém na Presidência não fez o trabalho de casa.

Senhor Presidente, as progressões previstas para este ano, resultantes do processo natural das mesmas, aconteceriam com ou sem a publicação do decreto em causa. Há meses que se tenta explicar que o articulado do diploma contém um mecanismo perverso com duas consequências: por um lado, não permite em si mesmo qualquer progressão, mas apenas o encurtamento do tempo de serviço no escalão para que os professores progridam depois de 1 de Janeiro de 2019, enquanto, por outro, permite a ultrapassagem de docentes que progrediram antes para esses mesmos escalões.

O próprio Governo explicou isso numa nota de imprensa divulgada em Dezembro, embora com uma falsidade final:
Os 2 anos, 9 meses e 18 dias serão contabilizados no momento da progressão ao escalão seguinte, o que implica que todos os docentes verão reconhecido esse tempo, em função do normal desenvolvimento da respetiva carreira. Assim, à medida que os docentes progridam ao próximo escalão após a produção de efeitos do presente decreto-lei, ser-lhes-á contabilizado o tempo de serviço a recuperar, pelo que a posição relativa na carreira fica assegurada.”

A parte final é falsa e é fácil demonstrar: um docente que tenha passado de escalão no dia 31 de Dezembro de 2018 só beneficiará desse tempo “recuperado” quando voltar a mudar de escalão (31 de Dezembro de 2022, na generalidade dos escalões de quatro anos), enquanto que quem mudar a 1 de Janeiro de 2019 poderá beneficiar imediatamente desse tempo e poderá aceder ao 5.º escalão em meados de 2020, 2 anos, 9 meses e 17 dias antes do colega. E ganhará pelo novo índice salarial desde essa data esse tempo antes do colega que estava à sua frente. Não é algo difícil de perceber.

Ao determinar que a contagem desse tempo de serviço não é feita ao mesmo tempo a todos, é impossível afirmar que “a posição relativa fica assegurada”. A verdade é que a maioria dos casos irá dar origem a ultrapassagens com consequências, por exemplo, na remuneração, com todos os professores que progrediram em 2018 a ser prejudicados em relação aos que progredirem em 2019 ou mesmo 2020. Sei do que falo, acredite, senhor Presidente, e não é apenas por ser um dos que vai ser ultrapassado, perdendo a minha “posição relativa” que o Governo diz que manterei.

Mas há uma outra meia falsidade, neste caso no que é afirmando na nota da Presidência, pois os únicos potenciais beneficiários, ainda em 2019, da promulgação do diploma são os docentes que, com observação de aulas e quotas ultrapassadas, acedam ao 5.º escalão (o único com dois anos) em 2019, pois o artigo 2.º do decreto-lei em causa determina que:

“1. A partir de 1 de janeiro de 2019, aos docentes referidos no artigo 1.º são contabilizados 2 anos, 9 meses e 18 dias, a repercutir no escalão para o qual progridam a partir daquela data.

2. Caso essa transição se faça para o 5.º escalão, a contabilização daquele tempo repercute-se ainda, na parte restante, para o 6.º escalão.”

E, como disse, os docentes que tenham progredido antes de 1 de Janeiro de 2019 ao 5.º escalão, por exemplo a 1 de Novembro ou 1 ou 31 de Dezembro, permanecerão nele até 2020, enquanto os “afortunados” da “geração de 2019” (a mesma que também recebe logo 50% do aumento salarial, por oposição aos 25% de quem subiu em 2018) serão claramente beneficiados.

Isto parece-me claro: Marcelo Rebelo de Sousa promulgou um diploma que permite adulterar e subverter a “posição relativa” (com implicação no momento de acesso à nova posição remuneratória) dos docentes, criando situações de evidente favorecimento e iniquidade. Não compreendo como é possível que um constitucionalista admita isto, assim como é impensável que os seus serviços jurídicos não se tenham apercebido das consequências expostas que criam uma geração “maldita” (os que progrediram em 2018) e uma geração que, dentro de toda a iniquidade da solução, acabam por ultrapassar os colegas (os que progredirem em 2019).

É pena que assim seja, pela injustiça, mas em especial por quererem cobri-la com um manto de virtuosa preocupação.
(Negrito e sublinhado nosso)

Alunos felizes fazem escolas felizes!

Crianças de Requião estudam de manhã e brincam à tarde


Na Escola Básica do 1º ciclo de Requião, em Famalicão, as crianças trabalham durante a manhã e brincam durante a tarde, por sugestão dos próprios pais.

A componente letiva inicia-se pelas 8h30 e termina pelas 13h30 para deixar espaço para a brincadeira. A tarde fica reservada para as atividades de enriquecimento curricular (AEC’S) e para a sala de estudo ministrada pelas professoras.

A alteração do horário foi implementada este ano letivo depois da comunidade educativa, direção da escola, junta de freguesia e associação de pais, com o apoio da câmara municipal, ter sentido a necessidade de criar um projeto diferenciador naquele contexto especifico, proporcionando às crianças novos estímulos.

Para já o balanço é positivo, com as crianças mais motivadas, professores e encarregados de educação satisfeitos e com a comunidade mais interligada com o processo educativo.

As atividades selecionadas são a dança, o teatro, o andebol, as artes e o inglês para o 1.º e 2.º anos.

Os parceiros e as atividades extracurriculares são escolhidas pela comunidade procurando garantir variedade e qualidade no processo.

Reserva de recrutamento n.º 25

Publicitação das listas definitivas de Colocação, Não Colocação, Retirados e Lista de Colocação Administrativa – 25.ª Reserva de Recrutamento 2018/2019.

Listas

Aplicação da aceitação disponível das 0:00 horas de segunda-feira, dia 18 de março, até às 23:59 horas de terça-feira, dia 19 de março de 2019 (hora de Portugal continental).

Greve Global do Clima para o Futuro - Fazer greve por um clima seguro!

Clima: Estudantes portugueses associam-se a greve mundial de sexta-feira


Estudantes portugueses de pelo menos 26 cidades vão protestar esta sexta-feira, associando-se à greve mundial das escolas pelo clima, que visa exigir dos políticos ações concretas contra as alterações climáticas, segundo a organização.

“O objetivo desta greve é chamar a atenção do Governo para a urgência deste problema e exigir uma ação governamental face ao mesmo, se não agirem agora será a geração atual de estudantes que irá sofrer mais, estão de certa forma a hipotecar as nossas hipóteses de futuro”, disse à Lusa Duarte Antão, um dos coordenadores nacionais da greve.

De acordo com Duarte Antão, estudante da Faculdade de Direito de Coimbra, não é possível calcular o número de pessoas que vão sair à rua por todo o país, mas através das redes sociais e dos contactos que têm vindo a receber os “números parecem bastante promissores.”

Em Portugal estão previstos protestos, entre outras cidades, em Lisboa, Porto, Coimbra, Faro, Covilhã, Aveiro, Évora e nos arquipélagos da Madeira e dos Açores.

As greves vão ter discursos, cânticos, cartazes e instalações de sensibilização, mas segundo Duarte Antão distinguem-se por serem “a primeira manifestação do país a unir todos os alunos desde crianças do jardim de infância até alunos de doutoramento" e é nessa "união" que reside a sua força.

Segundo a organização, centenas de milhares de alunos são esperados em mais de 100 países, numa greve mundial das escolas pelo clima que visa exigir dos políticos ações concretas contra as alterações climáticas.

De acordo com a página eletrónica www.fridaysforfuture.org, que reúne os protestos anunciados em todo o mundo, até hoje à tarde estavam previstas 1.693 manifestações em 106 países.

Esta greve escolar mundial, que tem como lema "fazer greve por um clima seguro" culmina uma série de manifestações semanais iniciadas no ano passado pela adolescente sueca Greta Thunberg.

Decretado o roubo do tempo de serviço; seis anos e meio a todos e a totalidade a muitos

Publicado hoje, no Diário da República, o Decreto-Lei, aprovado por três vezes em Conselho de Ministros, que, de acordo com a opinião do Governo e do Presidente da República "Mitiga os efeitos do congelamento ocorrido entre 2011 e 2017 na carreira docente"


Artigo 1.º
Objeto

O presente decreto-lei regula o modelo de recuperação do tempo de serviço dos docentes de carreira dos estabelecimentos públicos de educação pré-escolar, e dos ensinos básico e secundário, cuja contagem do tempo de serviço esteve congelada entre 2011 e 2017.

Artigo 2.º
Contabilização do tempo de serviço

1 - A partir de 1 de janeiro de 2019, aos docentes referidos no artigo anterior são contabilizados 2 anos, 9 meses e 18 dias, a repercutir no escalão para o qual progridam a partir daquela data.

2 - O tempo referido no número anterior pode repercutir-se ainda no escalão seguinte, em função da situação concreta de cada docente, designadamente no caso do 5.º escalão, independentemente de um tempo mínimo de permanência no escalão.

Artigo 3.º
Regras específicas

1 - Aos docentes que, tendo em conta o momento em que iniciaram funções, apenas tiveram parte do seu tempo de serviço congelado, contabiliza-se um período de tempo proporcional ao que tiveram congelado.

2 - O tempo de serviço decorrido entre 2011 e 2017 não é contabilizado para efeitos de reposicionamento, nos termos da Portaria n.º 119/2018, de 4 de maio, aplicando-se o disposto no artigo anterior após o ingresso na carreira.

Artigo 4.º
Produção de efeitos

O presente decreto-lei produz efeitos a 1 de janeiro de 2019.

Visto e aprovado em Conselho de Ministros de 7 de março de 2019. - António Luís Santos da Costa - Mário José Gomes de Freitas Centeno - Tiago Brandão Rodrigues.

Promulgado em 11 de março de 2019.

Publique-se.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

Referendado em 12 de março de 2019.

O Primeiro-Ministro, António Luís Santos da Costa.

Avaliação externa: Publicação da Informação Conjunta DGE/ IAVE

A Direção-Geral da Educação disponibiliza a informação em epígrafe sobre o objeto de avaliação das provas das disciplinas do 11.º ano de escolaridade sujeitas a avaliação externa, no ano letivo de 2018/2019.

Informação Conjunta Direção-Geral da Educação/ Instituto de Avaliação Educativa, I.P., de 7 de março de 2019

quinta-feira, 14 de março de 2019

Auditoria do Tribunal de Contas aos Contratos de Autonomia das Escolas/Agrupamentos

O Tribunal de Contas divulgou o Relatório da auditoria aos Contratos de Autonomia celebrados entre o Ministério da Educação e as Escolas/Agrupamentos.

O Tribunal de Contas realizou uma auditoria de resultados aos contratos de autonomia celebrados entre o Ministério da Educação e as escolas tendo em vista examinar o cumprimento dos objetivos operacionais estabelecidos e a eficácia do respetivo sistema de controlo.

Os primeiros contratos de autonomia, qualificados como instrumentos privilegiados para a concretização e desenvolvimento da autonomia das escolas pelo Decreto-Lei n.º 75/2008, de 22 de abril, foram celebrados em 2007, mas em 2018 já vigoravam 212 contratos, aos quais se aplicavam as regras e procedimentos em matéria de celebração, acompanhamento e avaliação estabelecidos pela Portaria n.º 265/2012, de 30 de agosto.

Conclusões

O exame efetuado a uma amostra de contratos evidenciou que o cumprimento dos objetivos operacionais foi limitado, não chegando a 40%, e que apresentavam deficiências e insuficiências, nomeadamente incorreta formulação, impossibilidade de medição (através de metas, indicadores e valores de partida apropriados) e inexistência de revisão que, no seu conjunto, fragilizam, pela sua inutilidade e inadequação, os contratos de autonomia. Também os conceitos de abandono escolar e de sucesso escolar e os indicadores associados não são uniformes, inviabilizando a sua comparabilidade.

Quanto ao sistema de controlo, concluiu-se que foi inadequado e ineficaz nos seus três níveis: no 1.º nível, embora as estruturas de acompanhamento e monitorização das escolas tenham sido constituídas, os seus Relatórios Anuais de Progresso apresentavam deficiências que condicionaram a monitorização do cumprimento dos objetivos; o 2.º nível praticamente não funcionou devido à não constituição das comissões de acompanhamento (integrando representantes da escola, de duas direções-gerais, da associação de pais e encarregados de educação e do conselho municipal de educação) e à consequente falta de emissão dos respetivos pareceres; o 3.º nível, cometido à Inspeção-Geral da Educação e Ciência, não produziu impactos relevantes.

Tais insuficiências e deficiências são suscetíveis de, com elevada probabilidade, ser observadas na generalidade dos contratos e, consequentemente, de colocar em crise a sua eficácia e as expetativas de constituírem um instrumento de excelência para o aprofundamento da autonomia das escolas.

Recomendações

O Tribunal recomenda ao Ministro da Educação que pondere a manutenção dos contratos de autonomia ou, caso entenda manter o atual modelo, que pondere a revisão do regime jurídico vigente e a alteração dos contratos em vigor, em particular no que respeita aos objetivos operacionais.

quarta-feira, 13 de março de 2019

terça-feira, 12 de março de 2019

O compadrio e troca de favores que mantêm Portugal num lodo financeiro há décadas

A trindade da vigarice
João Barros, Economista 

Caixa, Novo Banco e Montepio. Um espelho do compadrio e troca de favores que mantêm Portugal num lodo financeiro há décadas e do qual não parece haver grande expectativa de sair.

Em Portugal, já todos sabemos que, das figuras detentoras de poder efectivo, pouco mais podemos esperar do que benefício próprio e jogos de interesses. Tem sido um padrão que se mantém – e este último mês tivemos mais exemplos da promiscuidade entre banca e Estado, e de como ambos se vão protegendo um ao outro, maioritariamente a custo do bem-estar económico do país e dos cidadãos.

Caixa, Novo Banco e Montepio. A Santíssima Trindade da impunidade bancária, um espelho do compadrio e troca de favores que mantém Portugal num lodo financeiro há décadas e do qual não parece haver grande expectativa de sair. Ou pelo menos durante os próximos 30 anos, dado que será esse o prazo de reembolso dos bancos ao Fundo de Resolução (FdR), essa bóia salva-vidas que se vai enchendo do ar que suga da atmosfera lusa, deixando os contribuintes em asfixia eminente.

A Caixa, banco outrora tido como sólido e fiável, e sempre visto por uma facção do panorama político nacional como fulcral ao bom funcionamento da economia, foi arrasada por má gestão, créditos ruinosos a amigos da administração e pela inacção política de quem poderia deter a loucura, mas que achou inconveniente fazê-lo. E, engraçado, estamos em 2019 a descobrir as trafulhices que se cometeram de 2000 a 2015 que – surpresa! – poderão prescrever em breve. Como dizia o outro, “porreiro, pá!”

Mário Centeno garantiu, a semana passada, que “nenhum euro dos impostos dos portugueses” será usado na recapitalização do Novo Banco. O CR7 do Eurogrupo fintou a lógica e a transparência ao esquecer-se de mencionar que, além de um dos accionistas do FdR ser a CGD – que foi recentemente recapitalizada com dinheiros públicos –, as injecções de capital no Fundo provêm de dívida pública, a qual paga juros.

Andamos, portanto, a endividar o Estado para pagar as dívidas do Sr. Salgado, que ainda tem a lata para vir a público falar em problemas de sono pela situação dos lesados; se dormisse na rua ou num T0 depois de lhe penhorarem as mansões para ajudar a tapar o buraco que deixou, se calhar dormiria melhor.

E depois temos o Sr. Tomás Correia, que, além de vários créditos ruinosos concedidos (incluindo, por exemplo, uma linha de crédito a José Guilherme, o empreiteiro da Amadora que “ofereceu” 8,5 milhões de bónus a Ricardo Salgado – 8,5 milhões esses que haviam sido emprestados por… adivinharam, o Montepio) ou que não seguiram os procedimentos obrigatórios, teve a fantástica manobra de convocar uma reunião com pouco mais de 3 horas de antecedência para deixar em acta que seria a Caixa Económica Mutualista, o banco da Associação, a pagar as suas multas.

No meio disto tudo, o Governo recusa-se a avaliar a sua idoneidade, não por ser uma resposta demasiado óbvia e que, como tal, dispensaria grandes avaliações, mas porque a nova lei que estabeleceu, há meio ano, o Código das Associações Mutualistas, prevê um período de transição de 12 anos, durante os quais a ASF (Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões) não tem competência efectiva de supervisão. Como tão bem descreve o Paulo Ferreira, isto só não dá vontade de rir porque é de uma gravidade revoltante.

E é este o país que temos.

Um Estado sempre preocupado em não aumentar a despesa, incluindo devolver aos professores as progressões que lhes congelaram ou dotar enfermeiros, bombeiros ou guardas prisionais de carreiras justas, mas com espaço de manobra para se endividar a si (ou seja, a nós) para pagar as dívidas dos gestores de topo deste país, aqueles que eram soberbamente pagos para compensar a responsabilidade das grandes decisões que tinham de tomar – responsabilidade essa que, quando as coisas correm mal, é assumida pela instituição ou pelos contribuintes.

Um Estado pronto a aplicar multas a quem não limpa as suas matas ou passou mal uma factura, mas incapaz de cobrar as dívidas relevantes de quem lesou todo um conjunto de agentes económicos e, por conseguinte, a economia portuguesa. Um Estado incapaz de assegurar investimentos críticos e essenciais, porque vive asfixiado por uma dívida crescente e a pressão que esta coloca no défice, mas em que se celebram crescimentos anémicos que nos colocam invariavelmente na cauda da Europa, onde parecemos determinados a afundar-nos ainda mais.

E isto patrocinado por um Governo de suposta esquerda, que hipoteca o futuro desta economia – e o da minha geração – para salvar a fantástica gestão das últimas décadas. Mas pronto, agora vem aí o sol e o calor, por isso deixemo-nos de reflexões e ‘bora para a praia’ – pelo menos enquanto não chegam os resultados de mais uma auditoria e descobrimos que temos de a penhorar.

Incluir “todos” não pode significar incluir “tudo”

Que Inclusão queremos?

Paulo Guinote

A Escola Pública para “todos” não deve, nem pode, aceitar “tudo”, nomeadamente ao nível dos procedimentos e imposições de modelos únicos, da gestão à pedagogia, assentes de forma paradoxal numa lógica relativista quanto ao valor do Conhecimento.

O grande desígnio aglutinador da retórica deste governo na Educação, mais do que a “flexibilidade” ou até o “sucesso”, centra-se num conceito peculiar de “inclusão”. A “flexibilidade” é, neste contexto, uma ferramenta para a “Inclusão”, a qual se torna o factor central da métrica do “sucesso”. Gostaria de deixar claro que a “inclusão” é um fim nobre, meritório em si mesmo e que nada me move contra tal desígnio. O que me deixa preocupado são os meios que têm sido mobilizados, como se tal fim justificasse de tudo um pouco, ao ponto de a “inclusão” ser feita com procedimentos e mecanismos que acabam por produzir fenómenos de exclusão. 

Por definição, qualquer conceito racional e razoável de “inclusão” deve orientar-se pelo princípio de procurar incluir todos e não apenas alguns, ou subordinando todos a uma das suas partes, em especial quando estamos a falar de uma Escola Pública universal e obrigatória. Até porque incluir “todos” não pode significar incluir “tudo”. 

Sim, claro, há a quem por preconceito social, forma de estar na vida ou por opção cultural, o ideal e a prática de uma Escola Pública para todos cause aversão. Posso discordar, após quase cinco décadas enquanto aluno, professor e encarregado de educação na Escola Pública, mas tenho de aceitar esse tipo de atitude, em especial se não vier acoplada com um pedido de cheque-ensino.

Só que, como ia escrevendo acima, a Escola Pública para “todos” não deve, nem pode, aceitar “tudo”, nomeadamente ao nível dos procedimentos e imposições de modelos únicos, da gestão à pedagogia, assentes de forma paradoxal numa lógica relativista quanto ao valor do Conhecimento. Há uma enorme diferença entre a “plasticidade” e a amplitude de soluções e propostas a acolher na Escola Pública, para que exista lugar para todos, e a aceitação de um relativismo cultural e ético como padrão de comportamento em nome de “boas intenções” ou de concepções ultrapassadas de um “século XXI” em que há muito vivemos. Porque isso acaba por provocar uma inevitável “repulsão” em quem encara a Escola Pública como referencial para a formação das “novas gerações” e não apenas como um albergue onde tudo vale o mesmo.

Passo a exemplificar um pouco do que não pode ser justificado com qualquer conceito de “inclusão” por mais pergaminhos que exibam os seus promotores, só faltando mesmo citarem a Magna Carta.

A “inclusão” e a “tolerância” não podem, desde logo, pactuar ou condescender com comportamentos que transformem os espaços escolares e as salas de aula espaços inseguros para alunos e docentes, seja do ponto de vista físico, seja moral. A relativização ou contextualização de comportamentos que agora se dizem “disruptivos” não pode atingir níveis que de tanto compreenderem os agressores, esqueçam as vítimas.

A necessária renovação curricular não pode passar por práticas de desvalorização do capital cultural ou conhecimento científico em favor de “saberes fazer” de duvidosa vantagem num presente que já é de híper-especialização e em que a flexibilidade apenas parece ser uma vantagem para quem vive da precarização da mão-de-obra. O novo lumpen terciarizado é intermutável mas um neurocirurgião nunca poderá ser trocado por um engenheiro informático.

A pedagogia para ser “autónoma” e “flexível” não pode ser de sentido único. Não pode enquistar-se nas crenças, quase ao nível da Fé que implica a aceitação sem crítica, deste ou aquele nicho académico ou grupo de interesses. Muito menos a profissionalidade dos docentes deve ser desqualificada, desvalorizando os seus saberes ou burocratizando de tal forma o seu exercício que se torna mais importante representar o acto pedagógico do que a sua efectiva prática.

segunda-feira, 11 de março de 2019

Presidente da República promulgou os 2 anos, 9 meses e 18 dias


O Presidente da República promulgou o diploma do Governo que mitiga os efeitos do congelamento ocorrido entre 2011 e 2017 na carreira docente, pelas seguintes três razões:

1.ª O Governo e os Sindicatos deram execução ao disposto no artigo 17.º da Lei do Orçamento para 2019, realizando encontros negociais já neste ano, assim cumprindo o apontado no veto presidencial de 26 de dezembro de 2018.

2.ª Tendo falhado as negociações, se o Presidente da República não promulgasse o diploma, isso poderia conduzir a deixar os professores sem qualquer recuperação na carreira durante o ano de 2019.

3.ª A promulgação permite aos partidos com assento parlamentar, que já manifestaram ao Presidente da República as suas objeções ao diploma, por o considerarem insuficiente, que, se assim o entenderem, suscitem a sua apreciação na Assembleia da República, partindo já de uma base legal adquirida, podendo, se for essa a sua vontade maioritária, procurar fórmulas que não questionem os limites do Orçamento para 2019.

Competências, procedimentos e metodologia do ensino profissionalizante para 2019/2020

Publicado em Diário da República o Despacho que sistematiza as competências, procedimentos e metodologia a observar no processo de planeamento e concertação das redes de ofertas profissionalizantes no ano letivo de 2019-2020.

A opinião do Presidente do Conselho das Escolas

Resultados escolares: o essencial e o acessório

José Eduardo Lemos - Público

O sucesso escolar dos alunos deve ser a luz que ilumina o caminho a trilhar por uma Escola pública de massas e pelos seus profissionais.

1. A educação sempre foi uma área da governação fértil em polémicas e debates intensos, o que é natural. Muitos deles, penso eu, com origem na alteração cíclica das políticas educativas, que ocorre a cada mudança de governante.

Desde 2004, sem necessidade de qualquer pacto de regime, começou a afirmar-se uma linha de política educativa constante, centrada na melhoria dos resultados escolares e na redução do abandono, que se manteve até 2016, mesmo com ministros da Educação de diferentes quadrantes políticos.

Estes objetivos ocuparam o centro da agenda educativa e do discurso político durante anos. As Escolas tinham a perceção interiorizada de quais as metas que deveriam perseguir; entendiam o que delas pretendia, não só o poder político, como a sociedade portuguesa. A melhoria das taxas de sucesso (progressão de ano e conclusão de ciclo) e a redução das taxas de abandono escolar foram duas metas, de fácil enunciação e escrutínio, que iluminaram o caminho percorrido pelas Escolas e concentraram muitos dos esforços dos professores e do sistema educativo.

Durante esses 12 anos, foram implementadas medidas para apoiar as Escolas nessa missão, de que destaco o Plano da Matemática, o Plano Nacional da Leitura, o alargamento dos Territórios Educativos de Intervenção Prioritária, a assinatura de Contratos de Autonomia e a disponibilização de crédito de horas para apoio e para desenvolvimento de projetos. Todas estas medidas e projetos tiveram como pano de fundo a melhoria das taxas de sucesso escolar e a redução das taxas de desistência e abandono escolar.

E, objetivamente, viram-se melhorias em todos os indicadores estatísticos de sucesso escolar e nos resultados obtidos pelos alunos nas provas internacionais, como sejam o PISA (leitura, matemática e ciências), o TIMSS (matemática e ciências) e o PIRLS (leitura).

O caminho não era plano, tinha muitos obstáculos, mas estava iluminado...

2. Atualmente, vemos que os resultados escolares não constam da agenda educativa, nem da agenda mediática, tendo desaparecido completamente do discurso político, como se queimassem a boca de quem se atravesse a verbalizá-los.

Os desafios que se lançam hoje às Escolas e que se tornarão, inclusive, objeto central da avaliação externa, são a “flexibilidade curricular”, a “inclusão”, as “aprendizagens essenciais” (ainda há bem pouco tempo, “significativas”), a “avaliação formativa”, “os projetos”... Enfim, as Escolas são confrontadas hoje com objetivos de natureza diferente daqueles que perseguiram durante anos. E a tendência será para se alinharem por estes novos objetivos, de caráter holístico, é certo, mas de discutível escrutínio e tangibilidade.

O processo de ajustamento a este “novo paradigma” educativo refletir-se-á, do meu ponto de vista, negativamente no quotidiano escolar pois, não apenas obrigará as Escolas a alterar, uma vez mais, os projetos educativos, os regulamentos internos, os critérios de avaliação e dezenas de procedimentos, em extenuantes trabalhos de Sísifo, como também afetará a perceção e o discernimento dos professores na distinção entre o que é essencial e acessório no seu trabalho.

Temo que os professores, mesmo aqueles que foram seduzidos por estes novos desafios teóricos que se lançam às Escolas e à profissão, não demorarão muito a perceber que perderam a bússola em mar alto. Perceberão, também, que o que lhes falta em meios e recursos para materializar os novos projetos e metodologias sobeja em formulários, reuniões e burocracia. Perceberão, ainda, que a substituição de objetivos claros e mensuráveis por objetivos intangíveis e demasiado flexíveis é o primeiro passo para se desviarem do caminho que leva os alunos ao sucesso escolar.

Em resultado de tudo isto, temo que os alunos – afinal, aqueles para quem trabalhamos – nem terão mais facilitado o acesso ao sucesso no Ensino Superior, nem o acesso e sucesso no mercado de trabalho.

3. O sucesso escolar dos alunos deve ser a luz que ilumina o caminho a trilhar por uma Escola pública de massas e pelos seus profissionais. Nada os deveria distrair da missão de desenvolver nos alunos o gosto pelo saber e pela aprendizagem e tudo fazer para que todos concluam o percurso escolar no tempo devido, com os melhores resultados possíveis. Este deve ser o objetivo central da educação escolar.

Não se trata aqui de duvidar da bondade e de algumas mais valias resultantes da “flexibilidade”, dos “projetos” e da utilização de “novas” tecnologias e “novos” espaços de aprendizagem. Não se trata, tão-pouco, de colocar em causa a necessidade absoluta de termos uma Educação e uma Escola inclusivas.

O que pretendo colocar em causa é a apresentação destas novas “referências” educativas, como se de objetivos da educação escolar e das próprias Escolas se tratassem. Entendo que não deve ser assim. Estas referências constituem-se, apenas, como métodos, técnicas e medidas a aplicar num processo educativo que se quer de qualidade e inclusivo.

Temo que o alinhamento entre o atual discurso político em torno da Educação, por natureza apressado, e uma interessada agenda académica e socioprofissional se apresentem às Escolas como foguetes em dia de festa, distraindo-as do seu objetivo principal: o sucesso escolar.