terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Ideias radicais de um Ministro inconsequente


Tiago Brandão Rodrigues afirmou que negociou para que "o descongelamento de carreiras acontecesse" e que a definição do número de professores que vai progredir é um "trabalho subsequente".
Observador, 8/01/2018


O Sr. Ministro Tiago Brandão Rodrigues continua na prometida defesa radical dos docentes, nem que para isso tenha de andar permanentemente a dizer o que, enquanto Ministro da Educação, não pode afirmar.

A percentagem de Educadores e Professores que deveriam progredir ao 5º e 7º Escalões não pode ser considerada subsequente ao descongelamento, quando deveria ter sido feita em 2010. Há um elevado número de docentes que em 2010 reuniam todas as condições de progressão a esses Escalões da Carreira Docente e que, em virtude da falta de regulamentação, agora em negociação, foram impedidos de realizar. 

O descongelamento das Carreiras na Função Pública é apenas o cumprimento de uma promessa eleitoral e, portanto, não é uma consequência da negociação do Sr. Ministro com os sindicatos. 

Consequência do descongelamento, a partir de 1 de janeiro de 2018, é apenas e só a negociação das condições de progressão e que, em parte, já estão plasmadas no Artigo 18º da Lei do Orçamento do Estado para 2018, sendo que, de acordo com o número 8, do referido artigo, serão pagas ao longo dos anos de 2018 e 2019, condições que não foram sequer objeto de negociação com os sindicatos de docentes. 

A outra parte, da consequência do descongelamento, é a progressão dos docentes que se encontram no 1º Escalão da Carreira Docente desde que vincularam nos diversos concursos extraordinários dos últimos anos, essa sim, em fase de negociação com os sindicatos a partir de amanhã, dia 10 de janeiro.  Essa proposta é inaceitável, até já foi considerada uma "autêntica porcaria", porque tem um único objetivo atrasar a progressão e impedir os docentes de atingirem o topo da Carreira porque, entre outros aspetos negativos, ninguém vai além do 2.º Escalão, ainda que o tempo de serviço de muitos educadores e professores impusesse o reposicionamento em escalões superiores.

O Discurso do Primeiro Ministro e da equipa do Ministério da Educação em defesa da Escola Pública, de valorização da carreira e da profissão de professor é apenas discurso de circunstância para seduzir a opinião pública e os mais distraídos, uma vez que na prática  promovem ataques constantes ao desenvolvimento normal da Carreira e não tomam medidas para valorizar e melhorar as condições de trabalho dos educadores e professores, medidas essas objeto de reivindicação das organizações sindicais de docentes e  aprovadas em diversas resoluções e recomendações  do Parlamento.

O Sr. Ministro tem agora uma excelente oportunidade para ser consequente com a defesa radical dos docentes e, com medidas concretas, respeitar os docentes, melhorar as suas condições de trabalho e valorizar o seu Estatuto de Carreira, reconhecendo a complexidade e exigência que as tarefas docentes encerram e reposicionando todos os docentes na carreira em função do tempo de serviço prestado. 

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