Altera o anexo I à Portaria n.º 756/2009, de 14 de Julho, que estabelece as regras de designação de docentes para a função de professor bibliotecário e para a função de coordenador interconcelhio para as bibliotecas escolares.
Blogue de Informação e Recolha de Opiniões para Educadores e Professores. Notícias sobre Educação, Legislação e Política Educativa.
sexta-feira, 23 de julho de 2010
Reordenamento da rede escolar para o ano lectivo 2010/2011
O processo de reordenamento da rede escolar para o ano lectivo 2010/2011 encontra-se concluído. Esta reorganização tem como objectivo adaptar a rede escolar à escolaridade obrigatória de 12 anos, assegurar a diversidade da oferta educativa, promover o sucesso escolar e combater o abandono.
Esta medida baseou-se em três princípios nucleares:
-a integração das unidades orgânicas, permitindo o acompanhamento dos alunos, desde o pré-escolar ao 12º ano;
-o dimensionamento adequado de escolas, oferecendo uma educação adequada a todos os alunos e a todos os níveis educativos, incluindo o pré-escolar;
-a consagração de edifícios de qualidade, com recursos a que todos os alunos devem ter acesso.
O reordenamento da rede, agora concluído, desenvolve-se em dois eixos distintos: o encerramento de escolas do 1º ciclo com menos de 21 alunos e a agregação de unidades de gestão.
-a integração das unidades orgânicas, permitindo o acompanhamento dos alunos, desde o pré-escolar ao 12º ano;
-o dimensionamento adequado de escolas, oferecendo uma educação adequada a todos os alunos e a todos os níveis educativos, incluindo o pré-escolar;
-a consagração de edifícios de qualidade, com recursos a que todos os alunos devem ter acesso.
O reordenamento da rede, agora concluído, desenvolve-se em dois eixos distintos: o encerramento de escolas do 1º ciclo com menos de 21 alunos e a agregação de unidades de gestão.
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Lícinio Lima, investigador da Universidade do Minho e especialista em Administração Educacional, assegura que Portugal vai "pagar caro" esta estratégia de encerramento de escolas em termos sociais, culturais e educativos.
quinta-feira, 22 de julho de 2010
Resumo ECD e Regras de Reposicionamento
Resumo do Estatuto da Carreira Docente e tabelas de reposicionamento na nova carreira docente.
Resumo Do ECD, 23/06, e Tabelas Reposicionamento - Informação do ME
Informação do ME
Resumo Do ECD, 23/06, e Tabelas Reposicionamento - Informação do ME
Parlamento aprova hoje Estatuto do Aluno
Com o novo Estatuto do Aluno, que hoje deverá ser aprovado no Parlamento com os votos favoráveis do PS e do CDS/PP, regressa a distinção entre faltas justificadas e injustificadas e fica consagrada a possibilidade de os alunos ficarem retidos, se não cumprirem o dever de assiduidade. Continua, no entanto, a não haver chumbos automáticos.
segunda-feira, 19 de julho de 2010
Lá fora aposta-se no regresso a escolas mais pequenas
Ao contrário de Portugal, lá fora aposta-se no regresso a escolas mais pequenas.
A criação de grandes agrupamentos escolares que irá começar a tomar forma em Portugal no próximo ano lectivo está em queda noutros países, que já viveram a experiência e tiveram maus resultados. Na Finlândia, a pequena dimensão é apontada como uma das marcas genéticas de um sistema de ensino que se tem distinguido pelos seus resultados de excelência. Neste país, só três por cento dos estabelecimentos têm mais de 600 alunos.
Um estudo elaborado há uns anos pelo EPPI-Centre, de Londres, com base nas experiências dos países da OCDE, concluía que os alunos tendem a sentir-se menos motivados nas escolas maiores e que os professores se sentem menos felizes com o ambiente vivido nestas.
Concurso Professores Bibliotecários
Concurso para professores bibliotecários - DGRHE.
Toda a informação aqui
Informações gerais [PDF]
Designação - Quadro síntese das várias fases [PDF]
Perguntas frequentes [PDF]
Ficheiro de apoio à definição do número de professores [XLS]
Minuta de manifestação de interesse [DOC]
Lista de cursos referidos no anexo II - act. 15.07.2010 [PDF]
Acções de formação contínua na área das bibliotecas - act. 16.07.2010[PDF]
Ficheiro de apoio à contabilização das pontuações na área da formação [XLS]
Ficheiro de apoio à selecção de candidatos [XLS]
Toda a informação aqui
Informações gerais [PDF]
Designação - Quadro síntese das várias fases [PDF]
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Lista de cursos referidos no anexo II - act. 15.07.2010 [PDF]
Acções de formação contínua na área das bibliotecas - act. 16.07.2010[PDF]
Ficheiro de apoio à contabilização das pontuações na área da formação [XLS]
Ficheiro de apoio à selecção de candidatos [XLS]
sexta-feira, 16 de julho de 2010
Resumo do ECD - Informação do ME
A revisão aprovada introduz alterações no sistema de avaliação do desempenho dos docentes, agora com procedimentos mais simplificados, com consequências na progressão na carreira.
Os docentes com melhores resultados na avaliação do desempenho são premiados com uma progressão mais rápida, que tem implicações na progressão aos 5.º e 7.º escalões, sem depender da existência de vaga para aqueles que obtenham as menções qualitativas de Muito Bom ou de Excelente.
A carreira docente passa a estruturar-se numa única categoria, composta por dez escalões, terminando a distinção entre professores e professores titulares.
Para o ingresso na carreira, mantêm-se como mecanismos de selecção a prova pública e o período probatório.
Com estas alterações, pretende-se valorizar o mérito dos docentes, através de procedimentos que distingam os melhores desempenhos, de modo a contribuir para a melhoria do sistema educativo.
Para mais informações:
Decreto–Lei n.º 75/2010, de 23 de Junho [PDF]
Decreto Regulamentar n.º 2/2010, de 23 de Junho [PDF]
1. A quem se aplica
2. Formação inicial
3. Concurso
4. Ingresso na carreira
5. Carreira Docente
6. Progressão na carreira
7. Condições de trabalho
8. Disposições transitórias
Informação do Ministério da Educação
Os docentes com melhores resultados na avaliação do desempenho são premiados com uma progressão mais rápida, que tem implicações na progressão aos 5.º e 7.º escalões, sem depender da existência de vaga para aqueles que obtenham as menções qualitativas de Muito Bom ou de Excelente.
A carreira docente passa a estruturar-se numa única categoria, composta por dez escalões, terminando a distinção entre professores e professores titulares.
Para o ingresso na carreira, mantêm-se como mecanismos de selecção a prova pública e o período probatório.
Com estas alterações, pretende-se valorizar o mérito dos docentes, através de procedimentos que distingam os melhores desempenhos, de modo a contribuir para a melhoria do sistema educativo.
Para mais informações:
Decreto–Lei n.º 75/2010, de 23 de Junho [PDF]
Decreto Regulamentar n.º 2/2010, de 23 de Junho [PDF]
1. A quem se aplica
2. Formação inicial
3. Concurso
4. Ingresso na carreira
5. Carreira Docente
6. Progressão na carreira
7. Condições de trabalho
8. Disposições transitórias
Informação do Ministério da Educação
Opinião - João Ruivo
A introdução das tecnologias da informação e da comunicação na escola e, sobretudo, em ambiente de sala de aula, tem vindo a aumentar, o que anuncia uma progressiva perda da resistência à mudança de muitos educadores que, inicialmente, para elas olharam com desconfiança e suspeita.
Sabemos que as tecnologias da informação e da comunicação acrescentam muita complexidade ao processo de mediatização do ensino e da aprendizagem, já que, por um lado, são reconhecidas as dificuldades da formação permanente de professores nesta área e, por outro, continua a faltar, inexplicavelmente, um paradigma para a utilização pedagógica destas novas ferramentas do saber.
Grande parte das potencialidades das tecnologias da informação e da comunicação (simulação, virtualidade, acessibilidade, e extrema diversidade de informações) são ainda ignoradas por muitas escolas, ou pouco utilizadas pelos professores, sobretudo porque a sua transferência para o acto educativo exige uma enorme abertura a concepções metodológica muito diferentes das metodologias tradicionais de ensino, já que a sua utilização exige mudanças radicais nos modos de compreender os complexos actos de ensino e de aprendizagem.
A literatura indica que aprendemos em diferentes contextos e de diferentes maneiras e que cada um de nós detém um estilo de aprendizagem muito próprio. Logo, educar para a sociedade do conhecimento, requer que cada um de nós compreenda a vantagem do desenvolvimento nos alunos de competências que visem a utilização das tecnologias de informação e de comunicação, num quadro que respeite os estilos individuais de aprendizagem e os novos espaços de construção do conhecimento e do saber.
A busca desse novo quadro de actuação educativa faz com que tenhamos que utilizar metodologias pedagógicas mais plásticas, que redimensionem o papel do professor (um professor mais mediatizado), e que incluam as tecnologias da informação e da comunicação como ferramentas mediadoras da aprendizagem, já que a sua utilização na sala de aula promove o desenvolvimento de competências, expectativas e interesses fundamentais à integração e sobrevivência do aluno na sociedade digital.
Neste sentido, a utilização das tecnologias da informação e da comunicação, centradas na aprendizagem, exige ao docente novas e diferenciadas funções, sobretudo quando a figura do professor individual tende a ser substituída pela do professor tutor, enquadrado num colectivo de pares que partilham os saberes e se ligam em rede com o universo inesgotável das bases de informação e pesquisa disponibilizados, por exemplo, pela Internet.
Orientadas para esses fins, as tecnologias da informação e da comunicação na educação correspondem à descoberta de uma nova dimensão pedagógica. Uma dimensão pedagógica activa, que pressinta as necessidades e exigências desta nova sociedade do século XXI, sociedade que pretende conferir às novas tecnologias um papel de relevo, enquanto mediadoras do acto educativo.
Estas novas exigências configuram, quase sempre, a necessidade de implementar no terreno novas campanhas alfabetização audiovisual, digital e interactiva, as quais, de certa forma, desestabilizam os processos de organização tradicionais de ensino e as representações que os educadores mantêm do que deve ser a educação formal, já que importa que este novo processo educativo signifique, não apenas a introdução das novas tecnologias na sala de aula, mas, sobretudo, uma reorganização de todo o processo de ensino e do modo de promover o desenvolvimento de capacidades de auto-aprendizagem.
Trata-se de uma revolução silenciosa que penetra as paredes das escolas e que as prepara para enfrentar os desafios do futuro. Esses novos espaços educativos recriam um universo em constante interacção com as grandes mudanças sociais e tecnológicas, numa atitude interactiva e dialéctica com as redes telemáticas, para incrementar a promoção e o desenvolvimento de capacidades crítico - reflexivas nos alunos, e para os ensinar a navegar nesta nova era de descobrimentos deste novo mundo virtual.
João Ruivo
João Ruivo
Propostas do Me em negociação com os sindicatos
Os sindicatos de professores reúnem-se hoje com o Ministério da Educação para analisar a avaliação e progressão na carreira dos docentes com funções fora das escolas ou sem turmas, no âmbito do Estatuto da Carreira Docente.
Estatuto do Aluno aprovado na especialidade
O documento final do Estatuto do Aluno foi hoje aprovado na especialidade graças a “uma postura de aproximação” entre o PS e o CDS-PP e vai a votação final na próxima sexta-feira, segundo a coordenadora do grupo de trabalho.
quinta-feira, 15 de julho de 2010
Concurso Contratação R. A. da Madeira
Decorre de 14 a 23 de Julho o período de submissão e validação da candidatura à contratação de docentes para a Região Autónoma da Madeira.
Informação e candidatura aqui
Falta de vontade política ou incapacidade?
Paulo Guinote aponta falta de vontade política para fazer alterações na área da educação.
Abandono Escolar
A taxa de abandono escolar precoce em Portugal foi 31,2 por cento em 2009, menos 4,2 pontos percentuais que em 2008 e menos 13,7 que em 1999, mas é ainda assim mais do dobro da média europeia, revelou hoje o Eurostat.
Segundo o Eurostat, o abandono escolar precoce em Portugal era de 46,6 pontos percentuais em 1998, passando para 41,2 em 2003, 38,8 em 2005, 39,1 em 2006, 36,9 em 2007 e 35,4 em 2008. O abandono escolar desceu assim quase 13,7 pontos percentuais em dez anos em Portugal, sendo mesmo a redução mais acentuada em toda a União Europeia.
A taxa de abandono escolar em Portugal em 2009 só é igualada pela Espanha (31,2 por cento) e superada por Malta (36,8). Os restantes 27 países da União Europeia (UE) apresentam valores inferiores, desde a Itália (19,2) até à Eslováquia (4,9). Por seu lado, a média de abandono escolar precoce dos 27 países da União Europeia situou-se em 14,4 por cento em 2009, menos 0,5 por cento do que em 2008, sendo que a meta para 2020 é a redução para os 10 pontos percentuais.
Política Educativa no seu melhor
Nas instruções da DREN, Oficio Circular nº3/2010 de 8/07/2010, para a constituição de turmas para o ano lectivo 2010/2011 podemos ler:
"As turmas que não obedeçam às normas legais e às orientações veiculadas devem ser submetidas à autorização expressa do Director Regional de Educação, acompanhada de proposta
fundamentada do director do agrupamento de escolas ou escola não agrupada com o parecer do Conselho Pedagógico, procedendo da seguinte forma:
- os grupos da Educação Pré-Escolar e as turmas do 1º CEB devem ser encaminhadas para as respectivas Equipas de Apoio às Escolas;"
fundamentada do director do agrupamento de escolas ou escola não agrupada com o parecer do Conselho Pedagógico, procedendo da seguinte forma:
- os grupos da Educação Pré-Escolar e as turmas do 1º CEB devem ser encaminhadas para as respectivas Equipas de Apoio às Escolas;"
O que terá respondido, nesta situação concreta, a Equipa de Apoio às Escolas ou, em última circunstância, o Director Regional de Educação do Norte?
quarta-feira, 14 de julho de 2010
Resumo do Decreto-Lei nº 75/2010 - Novo ECD
Aqui fica um resumo do Decreto-Lei nº 75/2010, de 23 de Julho. Este resumo incide principalmente sobre a progressão e sobre os diferentes reposicionamentos e transições na nova carreira docente.
terça-feira, 13 de julho de 2010
Opiniões
O Governo anda mesmo à deriva. Ora impõe retroactividade a leis que não deviam ser retroactivas, ora leva a adiar a efectiva entrada em vigor de outras, forçando vacatio legis sem precedentes.
Umas com razão, ao menos aparente, outras sem razão alguma. E umas com a devida e justificada publicidade, mas outras no mais estranho e infundado silêncio.
A introdução de portagens nas SCUT, por exemplo, foi adiada de 1 de Julho para 1 de Agosto, com o propósito de reunir consenso parlamentar alargado (PS/PSD) – de outro modo, pura e simplesmente ficaria inviabilizada. Mas não falta informação e discussão pública sobre o assunto.
A reforma curricular do 3.º ciclo já é coisa diferente. Sabe-se que está para haver, mas deixou de se saber quando.
Isabel Alçada, a ministra, veio dizer que não gosta de «marcar datas», porque «as coisas têm de ser bem feitas». Pois sim, para as coisas serem bem feitas devem obedecer a um calendário, com um princípio, um meio e um fim (ou Isabel Alçada, a escritora, nunca teve prazos para cumprir, por exemplo, com a sua editora?).
Pelo discurso da ministra, as escolas só têm é de continuar a ir funcionando, mesmo que se saiba que estão a funcionar mal e que o Ministério está a preparar uma reforma que vai mexer, um dia, com «todo o trabalho das escolas e aprendizagem dos alunos».
Não faz sentido. Mas, ao menos, lá vai caindo uma ou outra informação e já vai havendo o indispensável debate público.
Outro exemplo ainda é o acordo ortográfico, assinado, ratificado e em vigor. Há países signatários – como o Brasil – em que as novas regras foram imediatamente postas em prática, apesar da moratória (de anos!) prevista no próprio acordo.
Em Portugal não. Vai sendo tudo sucessivamente adiado. Primeiro remeteu-se para o início do ano lectivo; a seguir para depois; agora parece que já é só para o início do ano escolar de 2011-12; e logo se verá.
Neste caso, a informação já é mais parca e a lógica nenhuma.
Há, óbvia e desgraçadamente, muitos outros exemplos em que o futuro do país está irremediavelmente adiado.
Mas há um caso, exemplar, que não faz notícia nem é minimamente badalado. Apesar da sua fulcral importância, porque diz respeito àquele que, a prazo, será um dos fundamentais problemas dos portugueses e da Humanidade: a água.
É certo que as questões ambientais já estiveram mais na moda – vítimas também dos radicalismos absurdos, que tiveram um claro efeito boomerang.
E, como é também sabido, são das primeiras sacrificadas quando a crise aperta.
Mas não é por isso que perdem importância.
O regime jurídico de utilização dos recursos hídricos foi definido por diploma do Governo já faz mais de três anos – o respectivo decreto-lei foi publicado em Maio de 2007.
Pela lei – por aquele diploma –, os proprietários de poços, noras, furos, minas, açudes, fossas, charcas, etc., ficaram obrigados à respectiva declaração e registo até 31 de Maio de 2009. Sob pena de ficarem sujeitos ao pagamento de coima de significativo montante. Porque desse registo está dependente o licenciamento ou concessão de utilização.
Ora, chegados a Maio de 2009, nada foi feito. E, como nada fora feito, a solução foi prorrogar o prazo por mais um ano: até Maio de 2010. Que também já passou... e tudo continua na mesma.
E o que fez o Governo? Precisamente o mesmo: voltou a prorrogar o prazo, desta vez por seis meses, até 15 de Dezembro.
O cadastro dos recursos hídricos e o controlo da sua utilização são absolutamente indispensáveis para uma boa gestão dos mesmos. Que é crucial.
Ao Governo, pelos vistos, pouco importa. Tanto que a publicidade às regras em vigor e que há muito deviam estar a ser respeitadas (como, aliás, resulta do valor das coimas) é nula.
Se noutros casos a discrição se percebe – é a ver se a coisa passa sem que se dê por isso (como a lei retroactiva para legalizar o vice de Pinto Monteiro na Procuradoria Geral da República, que já atingiu o limite de idade) –, neste não há mesmo razão perceptível.
O Governo mete água a cada prorrogação que faz – sobretudo quando nada se sabe e nada faz por se saber.
É péssimo! É de Governo com os dias contados. Só não se sabe até quando. Mas já se desconfia. Porque está mergulhado num poço sem fundo e vai ter de acabar por o declarar.
Umas com razão, ao menos aparente, outras sem razão alguma. E umas com a devida e justificada publicidade, mas outras no mais estranho e infundado silêncio.
A introdução de portagens nas SCUT, por exemplo, foi adiada de 1 de Julho para 1 de Agosto, com o propósito de reunir consenso parlamentar alargado (PS/PSD) – de outro modo, pura e simplesmente ficaria inviabilizada. Mas não falta informação e discussão pública sobre o assunto.
A reforma curricular do 3.º ciclo já é coisa diferente. Sabe-se que está para haver, mas deixou de se saber quando.
Isabel Alçada, a ministra, veio dizer que não gosta de «marcar datas», porque «as coisas têm de ser bem feitas». Pois sim, para as coisas serem bem feitas devem obedecer a um calendário, com um princípio, um meio e um fim (ou Isabel Alçada, a escritora, nunca teve prazos para cumprir, por exemplo, com a sua editora?).
Pelo discurso da ministra, as escolas só têm é de continuar a ir funcionando, mesmo que se saiba que estão a funcionar mal e que o Ministério está a preparar uma reforma que vai mexer, um dia, com «todo o trabalho das escolas e aprendizagem dos alunos».
Não faz sentido. Mas, ao menos, lá vai caindo uma ou outra informação e já vai havendo o indispensável debate público.
Outro exemplo ainda é o acordo ortográfico, assinado, ratificado e em vigor. Há países signatários – como o Brasil – em que as novas regras foram imediatamente postas em prática, apesar da moratória (de anos!) prevista no próprio acordo.
Em Portugal não. Vai sendo tudo sucessivamente adiado. Primeiro remeteu-se para o início do ano lectivo; a seguir para depois; agora parece que já é só para o início do ano escolar de 2011-12; e logo se verá.
Neste caso, a informação já é mais parca e a lógica nenhuma.
Há, óbvia e desgraçadamente, muitos outros exemplos em que o futuro do país está irremediavelmente adiado.
Mas há um caso, exemplar, que não faz notícia nem é minimamente badalado. Apesar da sua fulcral importância, porque diz respeito àquele que, a prazo, será um dos fundamentais problemas dos portugueses e da Humanidade: a água.
É certo que as questões ambientais já estiveram mais na moda – vítimas também dos radicalismos absurdos, que tiveram um claro efeito boomerang.
E, como é também sabido, são das primeiras sacrificadas quando a crise aperta.
Mas não é por isso que perdem importância.
O regime jurídico de utilização dos recursos hídricos foi definido por diploma do Governo já faz mais de três anos – o respectivo decreto-lei foi publicado em Maio de 2007.
Pela lei – por aquele diploma –, os proprietários de poços, noras, furos, minas, açudes, fossas, charcas, etc., ficaram obrigados à respectiva declaração e registo até 31 de Maio de 2009. Sob pena de ficarem sujeitos ao pagamento de coima de significativo montante. Porque desse registo está dependente o licenciamento ou concessão de utilização.
Ora, chegados a Maio de 2009, nada foi feito. E, como nada fora feito, a solução foi prorrogar o prazo por mais um ano: até Maio de 2010. Que também já passou... e tudo continua na mesma.
E o que fez o Governo? Precisamente o mesmo: voltou a prorrogar o prazo, desta vez por seis meses, até 15 de Dezembro.
O cadastro dos recursos hídricos e o controlo da sua utilização são absolutamente indispensáveis para uma boa gestão dos mesmos. Que é crucial.
Ao Governo, pelos vistos, pouco importa. Tanto que a publicidade às regras em vigor e que há muito deviam estar a ser respeitadas (como, aliás, resulta do valor das coimas) é nula.
Se noutros casos a discrição se percebe – é a ver se a coisa passa sem que se dê por isso (como a lei retroactiva para legalizar o vice de Pinto Monteiro na Procuradoria Geral da República, que já atingiu o limite de idade) –, neste não há mesmo razão perceptível.
O Governo mete água a cada prorrogação que faz – sobretudo quando nada se sabe e nada faz por se saber.
É péssimo! É de Governo com os dias contados. Só não se sabe até quando. Mas já se desconfia. Porque está mergulhado num poço sem fundo e vai ter de acabar por o declarar.
segunda-feira, 12 de julho de 2010
Opiniões - Paulo Guinote
É usual dizer-se que é em períodos de crise que se conhecem melhor as opções dos indivíduos quanto ao que consideram prioritário, sendo isso tão mais importante quanto maiores as suas responsabilidades e funções.
Neste momento atravessamos um período crítico e realmente parece que a situação de crise está a fazer surgir com maior nitidez o núcleo duro das concepções subjacentes ao modelo de escola pública e da rede escolar que a deve servir, de acordo com o actual Governo.
As tendências são num sentido desanimador para quem se preocupa com a dimensão humana da Educação nos seus múltiplos aspectos e parecem dar razão a todos os que acusaram de mero cálculo economicista a acção do Ministério da Educação desde 2005.
Temos, por um lado, a redução das questões educativas a fórmulas e números, gráficos e tabelas, médias e rácios, que, na sua aparente objectividade e clareza, ocultam o principal que é o rosto dos actores envolvidos nos fenómenos educativos. O que interessa é o nível de sucesso estatístico global e não o sucesso da aprendizagem e formação individual dos alunos.
Em seguida, temos a insensibilidade em relação à dimensão excessiva de muitas turmas que são obrigadas a trabalhar em condições difíceis, em aulas sobrelotadas, sendo que estas condições prejudicam mais os alunos com maiores carências culturais e menor apoio familiar. Esta não é uma mera opinião, é algo alicerçado em estudos internacionais, quando estes não são feitos comparando os resultados de turmas regulares de onde foram retirados os alunos problemáticos com os das turmas CEF para onde eles foram encaminhados.
Existe, ainda, toda uma tentação concentracionária e centralista da rede escolar que se desenvolve num duplo sentido: reduzindo no topo o que agora se chamam unidades de gestão (através da criação de mega-agrupamentos), para a melhor as controlar, e na base os nós da rede escolar (encerrando escolas com menos de 21 alunos).
Esta tripla evolução acentua fenómenos que desumanizam a Educação, desde a quebra da relação de proximidade e afectividade das pequenas escolas com as comunidades envolventes até à despersonalização das relações interpessoais nos novos centros escolares e mega-agrupamentos, onde vão concentrar-se centenas de crianças desde a mais pequena idade.
Não é necessário ler ou observar muito para se perceber que este movimento de big is beautiful, para além de ultrapassado em termos de teoria das organizações, é problemático numa área como a Educação e muito mais grave quando se desenraízam crianças para as despejar dias inteiros em escolas de uma dimensão desajustada às suas necessidades.
Os argumentos de racionalidade económica e economia de escala, populares em alguns ambientes em momentos de crise orçamental, seguem lógicas da eficácia económica, mas reconduzem a Educação a um caminho de formatação dos agentes e processos educativos, em que as pessoas perdem o rosto e se tornam números ao serviço de uma lógica da eficiência estatística.
Só que, pelo contrário, é em momentos de crise que as pessoas, e em especial as mais vulneráveis como as crianças e jovens, merecem mais que as olhem nos olhos e as façam sentir únicas, não um ponto numa linha ou um nó numa rede.
Há que defender, sem hesitar, a escala humana da Educação.
Neste momento atravessamos um período crítico e realmente parece que a situação de crise está a fazer surgir com maior nitidez o núcleo duro das concepções subjacentes ao modelo de escola pública e da rede escolar que a deve servir, de acordo com o actual Governo.
As tendências são num sentido desanimador para quem se preocupa com a dimensão humana da Educação nos seus múltiplos aspectos e parecem dar razão a todos os que acusaram de mero cálculo economicista a acção do Ministério da Educação desde 2005.
Temos, por um lado, a redução das questões educativas a fórmulas e números, gráficos e tabelas, médias e rácios, que, na sua aparente objectividade e clareza, ocultam o principal que é o rosto dos actores envolvidos nos fenómenos educativos. O que interessa é o nível de sucesso estatístico global e não o sucesso da aprendizagem e formação individual dos alunos.
Em seguida, temos a insensibilidade em relação à dimensão excessiva de muitas turmas que são obrigadas a trabalhar em condições difíceis, em aulas sobrelotadas, sendo que estas condições prejudicam mais os alunos com maiores carências culturais e menor apoio familiar. Esta não é uma mera opinião, é algo alicerçado em estudos internacionais, quando estes não são feitos comparando os resultados de turmas regulares de onde foram retirados os alunos problemáticos com os das turmas CEF para onde eles foram encaminhados.
Existe, ainda, toda uma tentação concentracionária e centralista da rede escolar que se desenvolve num duplo sentido: reduzindo no topo o que agora se chamam unidades de gestão (através da criação de mega-agrupamentos), para a melhor as controlar, e na base os nós da rede escolar (encerrando escolas com menos de 21 alunos).
Esta tripla evolução acentua fenómenos que desumanizam a Educação, desde a quebra da relação de proximidade e afectividade das pequenas escolas com as comunidades envolventes até à despersonalização das relações interpessoais nos novos centros escolares e mega-agrupamentos, onde vão concentrar-se centenas de crianças desde a mais pequena idade.
Não é necessário ler ou observar muito para se perceber que este movimento de big is beautiful, para além de ultrapassado em termos de teoria das organizações, é problemático numa área como a Educação e muito mais grave quando se desenraízam crianças para as despejar dias inteiros em escolas de uma dimensão desajustada às suas necessidades.
Os argumentos de racionalidade económica e economia de escala, populares em alguns ambientes em momentos de crise orçamental, seguem lógicas da eficácia económica, mas reconduzem a Educação a um caminho de formatação dos agentes e processos educativos, em que as pessoas perdem o rosto e se tornam números ao serviço de uma lógica da eficiência estatística.
Só que, pelo contrário, é em momentos de crise que as pessoas, e em especial as mais vulneráveis como as crianças e jovens, merecem mais que as olhem nos olhos e as façam sentir únicas, não um ponto numa linha ou um nó numa rede.
Há que defender, sem hesitar, a escala humana da Educação.
Paulo Guinote
Ainda os Mega Agrupamentos
O Conselho de Escolas vai defender hoje junto do Governo a suspensão do processo de reagrupamento de escolas, no âmbito da reorganização da rede escolar, alegando que por lei deveria ter sido previamente ouvido.
“Vamos expor de viva voz a posição do Conselho de Escolas”, disse o presidente deste órgão consultivo do Ministério da Educação, Álvaro Almeida dos Santos, que se reúne com o secretário de Estado da Educação, João Mata, após o governante ter anunciado que está concluído o processo de reordenamento da rede escolar no que respeita às unidades de gestão para ano letivo 2010/2011, a iniciar em setembro.
“Vamos expor de viva voz a posição do Conselho de Escolas”, disse o presidente deste órgão consultivo do Ministério da Educação, Álvaro Almeida dos Santos, que se reúne com o secretário de Estado da Educação, João Mata, após o governante ter anunciado que está concluído o processo de reordenamento da rede escolar no que respeita às unidades de gestão para ano letivo 2010/2011, a iniciar em setembro.
O Conselho de Escolas (CE) entende que “deveria ter sido ouvido previamente aos procedimentos de constituição da rede, dando um parecer sobre o assunto”, afirmou Álvaro Santos, manifestando a discordância deste órgão com “a metodologia que foi usada na reorganização”.
“Deveriam ter sido ouvidos os conselhos gerais e também os diretores das escolas”.
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O Governo sublinha que a agregação de unidades de gestão e agrupamentos não terá qualquer implicação negativa para alunos e pais, afirmando que este processo visa apenas a centralização de processos de gestão administrativa e financeira.
"Com a agregação de agrupamentos e unidades de gestão não haverá qualquer implicação para os alunos e encarregados de educação. Trata-se apenas de uma agregação de gestão administrativa e financeira e do próprio projecto educativo, que passa a ser comum a todas as unidades pertencentes ao agrupamento", afirmou o secretário de Estado da Educação no sábado, em declarações à agência Lusa.
"Com a agregação de agrupamentos e unidades de gestão não haverá qualquer implicação para os alunos e encarregados de educação. Trata-se apenas de uma agregação de gestão administrativa e financeira e do próprio projecto educativo, que passa a ser comum a todas as unidades pertencentes ao agrupamento", afirmou o secretário de Estado da Educação no sábado, em declarações à agência Lusa.
sexta-feira, 9 de julho de 2010
Mega-agrupamentos vão já avançar no próximo ano
Em declarações ao Fórum TSF, o secretário de Estado da Educação garantiu que a rede para o próximo ano lectivo no que respeita às unidades de gestão está fechada e a partir de Setembro vão já avançar alguns mega-agrupamentos.
«Não haverá para o próximo ano lectivo mais propostas de agregação de unidades de gestão e foram nomeadas as comissões administrativas provisórias», disse.
João Trocado da Mata realça ainda que «este processo é de centralização da gestão administrativa e financeira, o que implica a redefinição do projecto educativo da unidade de gestão, mas os pais podem estar descansados que os alunos vão continuar nas mesmas escolas».
«Não haverá para o próximo ano lectivo mais propostas de agregação de unidades de gestão e foram nomeadas as comissões administrativas provisórias», disse.
João Trocado da Mata realça ainda que «este processo é de centralização da gestão administrativa e financeira, o que implica a redefinição do projecto educativo da unidade de gestão, mas os pais podem estar descansados que os alunos vão continuar nas mesmas escolas».
Impedir os mega-agrupamentos
A Confederação das Associações de Pais (Confap) admite recorrer a providências cautelares para impedir a criação dos mega-agrupamentos de escolas já no início do próximo ano lectivo.
Albino Almeida ameaçou, ainda, avançar com providências cautelares caso não seja feito aquilo que foi acordado com o Governo, ou seja, que os órgãos das escolas, as autarquias e os pais sejam ouvidos. Citada pela mesma fonte, a Direcção Regional de Educação de Lisboa limitou-se a lembrar que os mega-agrupamentos foram já aprovadas pelo Governo e que as respectivas comissões administrativas entram em funções já no dia 1 de Agosto.
O Conselho das Escolas, que se reúne com a ministra da Educação na próxima segunda-feira, também já disse discordar dos mega-agrupamentos, à semelhança da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas.
A Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas (Andaep) também já criticou a forma “apressada” e “mal conduzida” como decorreu o processo de fusão de estabelecimentos de ensino, lamentando que não tenham sido ouvidos os vários parceiros educativos. Esta posição será transmitida hoje ao Governo, durante uma reunião com o secretário de Estado da Educação, João da Mata, disse à Lusa o presidente da associação, Adalmiro Botelho da Fonseca.
Opiniões - Santana Castilho
A SOLIDEZ DE UM LIVRO, SEGUNDO SOBRINHO SIMÕES
O livro de Maria de Lurdes Rodrigues é um relatório burocrático sobre as suas tenebrosas medidas de política educativa
No livro que acaba de lançar, Maria de Lurdes Rodrigues cita Max Weber para justificar a sua acção política, movida, diz ela, pela "ética das convicções". Atentem, generosas leitoras e leitores, ao naco de prosa que a ex-ministra escolhe para caracterizar quem tem vocação para a política (no caso, ela própria):
"... Só quem está certo de não desanimar quando ... o mundo se mostra demasiado estúpido ou demasiado abjecto para o que ... tem a oferecer ... tem vocação para a política ..." (in A Escola Pública Pode Fazer A Diferença, p. 18)
Freud ensinou-nos que nenhuma palavra ou pensamento acontecem por acidente. Uma coisa são os erros comuns, outra, os actos falhados. É falhado o acto que leva Maria de Lurdes Rodrigues a citar, assim, Weber, para justificar a sua acção política. E fez tudo o que fez, confessou-nos no circo do lançamento, com grande alegria, qual pirómana que se baba de prazer ante as cinzas da escola pública que deixou.
Eis as entranhas de uma coisa que não é pessoa, que não tem alma, e que não aguenta mais que 18 páginas para dizer, de modo obsceno, o que pensa dos que esmagou com sofrimento.
O livro é híbrido e frio, como a autora. É um relatório factual e burocrático sobre as suas tenebrosas medidas de política educativa. A excepção a este registo está na introdução, um arremedo ensaísta de alguém que chegou a ministra sem nunca ter percebido o que é uma escola e para que serve um sistema de ensino. Permitam-me duas notas factuais a este propósito e a mero título ilustrativo:
1. A autora introduz, como grande tema de debate sobre políticas educativas, o nível de conhecimentos adquiridos na escola. Interroga-nos assim: "... Os adultos que fizeram a quarta classe da instrução primária no tempo dos nossos avós sabiam mais do que os jovens que hoje concluem o 9.º ano? ..." (obra citada, p. 11). A questão é intelectualmente pouco honesta. Porque compara quatro anos de escolaridade com nove. Porque é formulada por alguém que contribuiu definitivamente para que não se possam hoje comparar resultados escolares, coisa que, apesar das dificuldades, se podia fazer na época a que alude.
2. A ex-ministra diz que não fez uma reforma da educação, que tão-só concebeu e aplicou medidas. Se é surpreendente o conceito ("reforma" foi palavra-chave citada até à exaustão na vigência do Governo que integrou), entra em delírio surrealista quando escreve (p. 15): "... Não se pode considerar que o conjunto das medidas configurem uma reforma da educação, porque de facto não foi introduzida uma mudança nos princípios de funcionamento do sistema educativo, ou uma mudança na sua estrutura e organização ...". Não mudou princípios de funcionamento do sistema educativo, nem mudou a sua estrutura e organização? E os estúpidos somos nós? Enxergue-se e tenha decoro.
Segue-se o Diário da República narrado aos papalvos por 20 euros e 19 cêntimos. Registam-se apoios, listam-se colaboradoras e colaboradores e referem-se reuniões. Nenhuma dúvida, nenhum apreço pelo contraditório que lhe foi oposto, muito menos qualquer riqueza dialéctica. Um deserto, numa imensa auto-estrada de propaganda.
Ao longo dos últimos cinco anos, fundamentei nesta coluna de opinião a oposição a cada uma das 24 medidas que o livro distingue, pelo que tão-só recordo as mais emblemáticas das que a autora refere: a aberração pedagógica e social, que nacionalizou crianças e legitimou a escravização dos pais, baptizada como "escola a tempo inteiro"; o logro do ensino profissional (Maria de Lurdes fala de 28.000 alunos em 2005, para dizer que os quadruplicou em 2009. Mas conta mal.
No ano lectivo de 2004-05 tinha 92.102 alunos no conjunto dos cursos que ofereciam formação profissional); a demagogia de prolongar para 12 anos o ensino obrigatório (na Europa a 27 só cinco países foram por aí) sub-repticiamente sustentada pela grosseira manipulação estatística que lhe permite afirmar que no ensino secundário temos um professor para cada 8,4 alunos (p. 90), pasmem quantos conhecem a realidade; a insistência no criminoso abandono de milhares de crianças com necessidades educativas especiais, por via da decantada aplicação da Classificação Internacional de Funcionalidade; a engenharia financeira e administrativa (depois veremos aonde nos conduzirá), que está a transferir para a propriedade de uma empresa privada, por enquanto detida pelo Estado, todo o património edificado; e, "the last, but not the least", a fraude pedagógica imensa que dá pelo nome de Novas Oportunidades, forma de diplomar a ignorância na hora, gerando injustiça e semeando ilusões.
Na cerimónia do lançamento do livro que acabo, sumariamente, de analisar, Sobrinho Simões, um cientista de grande gabarito e um homem de muitos méritos, referiu-o como "o mais sólido" que leu até hoje. Quem dedicou a vida a combater o cancro com o rigor da ciência não podia, estou seguro, afirmar o que afirmou, se tivesse analisado a produção técnica e legislativa que sustenta a racionalidade do livro que elogiou. Mas a vida actual é assim. Muitos sucumbem, adaptando-se a esta sociedade doente. Continuo felizmente de saúde. Por isso choro quando vejo cair os melhores.
No livro que acaba de lançar, Maria de Lurdes Rodrigues cita Max Weber para justificar a sua acção política, movida, diz ela, pela "ética das convicções". Atentem, generosas leitoras e leitores, ao naco de prosa que a ex-ministra escolhe para caracterizar quem tem vocação para a política (no caso, ela própria):
"... Só quem está certo de não desanimar quando ... o mundo se mostra demasiado estúpido ou demasiado abjecto para o que ... tem a oferecer ... tem vocação para a política ..." (in A Escola Pública Pode Fazer A Diferença, p. 18)
Freud ensinou-nos que nenhuma palavra ou pensamento acontecem por acidente. Uma coisa são os erros comuns, outra, os actos falhados. É falhado o acto que leva Maria de Lurdes Rodrigues a citar, assim, Weber, para justificar a sua acção política. E fez tudo o que fez, confessou-nos no circo do lançamento, com grande alegria, qual pirómana que se baba de prazer ante as cinzas da escola pública que deixou.
Eis as entranhas de uma coisa que não é pessoa, que não tem alma, e que não aguenta mais que 18 páginas para dizer, de modo obsceno, o que pensa dos que esmagou com sofrimento.
O livro é híbrido e frio, como a autora. É um relatório factual e burocrático sobre as suas tenebrosas medidas de política educativa. A excepção a este registo está na introdução, um arremedo ensaísta de alguém que chegou a ministra sem nunca ter percebido o que é uma escola e para que serve um sistema de ensino. Permitam-me duas notas factuais a este propósito e a mero título ilustrativo:
1. A autora introduz, como grande tema de debate sobre políticas educativas, o nível de conhecimentos adquiridos na escola. Interroga-nos assim: "... Os adultos que fizeram a quarta classe da instrução primária no tempo dos nossos avós sabiam mais do que os jovens que hoje concluem o 9.º ano? ..." (obra citada, p. 11). A questão é intelectualmente pouco honesta. Porque compara quatro anos de escolaridade com nove. Porque é formulada por alguém que contribuiu definitivamente para que não se possam hoje comparar resultados escolares, coisa que, apesar das dificuldades, se podia fazer na época a que alude.
2. A ex-ministra diz que não fez uma reforma da educação, que tão-só concebeu e aplicou medidas. Se é surpreendente o conceito ("reforma" foi palavra-chave citada até à exaustão na vigência do Governo que integrou), entra em delírio surrealista quando escreve (p. 15): "... Não se pode considerar que o conjunto das medidas configurem uma reforma da educação, porque de facto não foi introduzida uma mudança nos princípios de funcionamento do sistema educativo, ou uma mudança na sua estrutura e organização ...". Não mudou princípios de funcionamento do sistema educativo, nem mudou a sua estrutura e organização? E os estúpidos somos nós? Enxergue-se e tenha decoro.
Segue-se o Diário da República narrado aos papalvos por 20 euros e 19 cêntimos. Registam-se apoios, listam-se colaboradoras e colaboradores e referem-se reuniões. Nenhuma dúvida, nenhum apreço pelo contraditório que lhe foi oposto, muito menos qualquer riqueza dialéctica. Um deserto, numa imensa auto-estrada de propaganda.
Ao longo dos últimos cinco anos, fundamentei nesta coluna de opinião a oposição a cada uma das 24 medidas que o livro distingue, pelo que tão-só recordo as mais emblemáticas das que a autora refere: a aberração pedagógica e social, que nacionalizou crianças e legitimou a escravização dos pais, baptizada como "escola a tempo inteiro"; o logro do ensino profissional (Maria de Lurdes fala de 28.000 alunos em 2005, para dizer que os quadruplicou em 2009. Mas conta mal.
No ano lectivo de 2004-05 tinha 92.102 alunos no conjunto dos cursos que ofereciam formação profissional); a demagogia de prolongar para 12 anos o ensino obrigatório (na Europa a 27 só cinco países foram por aí) sub-repticiamente sustentada pela grosseira manipulação estatística que lhe permite afirmar que no ensino secundário temos um professor para cada 8,4 alunos (p. 90), pasmem quantos conhecem a realidade; a insistência no criminoso abandono de milhares de crianças com necessidades educativas especiais, por via da decantada aplicação da Classificação Internacional de Funcionalidade; a engenharia financeira e administrativa (depois veremos aonde nos conduzirá), que está a transferir para a propriedade de uma empresa privada, por enquanto detida pelo Estado, todo o património edificado; e, "the last, but not the least", a fraude pedagógica imensa que dá pelo nome de Novas Oportunidades, forma de diplomar a ignorância na hora, gerando injustiça e semeando ilusões.
Na cerimónia do lançamento do livro que acabo, sumariamente, de analisar, Sobrinho Simões, um cientista de grande gabarito e um homem de muitos méritos, referiu-o como "o mais sólido" que leu até hoje. Quem dedicou a vida a combater o cancro com o rigor da ciência não podia, estou seguro, afirmar o que afirmou, se tivesse analisado a produção técnica e legislativa que sustenta a racionalidade do livro que elogiou. Mas a vida actual é assim. Muitos sucumbem, adaptando-se a esta sociedade doente. Continuo felizmente de saúde. Por isso choro quando vejo cair os melhores.
Jornal Público 7/07/2010
quinta-feira, 8 de julho de 2010
Contratação R. A. dos Açores
A segunda fase de candidaturas à contratação de pessoal docente decorre de 05 a 14 de Julho, podendo os documentos ser remetidos até ao dia 16 de Julho.
Recursos, serviços e ferramentas linguísticas
Ora aí está algo que pode ser muito útil...
http://lxconj.di.fc.ul.pt/
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