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quinta-feira, 30 de novembro de 2023

Contra a abstenção marchar, marchar!

Afinal, quantas pessoas se abstêm em Portugal?

A Fundação Francisco Manuel dos Santos faz um retrato inédito da abstenção em Portugal e conclui que tem sido inflacionada. Há um desvio de quase um milhão de eleitores entre as estimativas da população e os registos nos cadernos eleitorais no país. O principal motivo são os portugueses a viver no estrangeiro, mas que estão recenseados para votar aqui. Por sua vez, os chamados eleitores-fantasma pouco pesam no registo oficial dos que se abstêm.

Nas últimas legislativas, em 2022, a abstenção atingiu os 42 por cento entre os residentes em Portugal.

Os investigadores analisaram os resultados eleitorais e concluíram que esta abstenção cairia sete pontos percentuais se os portugueses que residem no estrangeiro ­- mas mantêm a sua morada no país, estando assim registados para votar em Portugal - fossem inseridos nos cadernos dos círculos eleitorais no estrangeiro.

Os autores defendem que a emigração é a principal causa da abstenção técnica no país. Ou seja, é responsável por aquela parte da taxa oficial de abstenção que não resulta da opção de não votar, mas sim da existência de um número de eleitores registados superior ao dos eleitores reais.

Este policy paper afasta também o mito dos eleitores-fantasma. Até agora, a conservação nos cadernos eleitorais de pessoas que já morreram era apontada como a principal causa do sobrerrecenseamento.

Em vésperas de eleições legislativas e europeias, os autores apontam várias medidas para resolver este fenómeno. Destacamos aqui duas delas:
  • Tornar o recenseamento eleitoral no estrangeiro mais flexível e apelativo para os portugueses que vivem fora. Por exemplo, aumentando o número de deputados que são eleitos pelos dois círculos eleitorais no estrangeiro (Europa e fora da Europa). Ou, em alternativa, fundindo os dois círculos eleitorais.
  • Facilitar o voto à distância dos portugueses emigrados, com extensão do voto antecipado e em mobilidade à rede de embaixadas e consulados no estrangeiro em todos os atos eleitorais. Outra hipótese seria dar aos cidadãos que têm a sua morada civil em território nacional possibilidade de votar nos círculos eleitorais no estrangeiro.
"Portugal é o quinto país da União Europeia onde a assimetria entre o número de recenseados e de residentes é maior."

quarta-feira, 15 de novembro de 2023

Reimaginar a Escola na era da Inteligência Artificial

Na chamada Era da Inteligência Artificial, a proposta a ser discutida é reimaginar a escola hoje e estabelecer imediatamente os caminhos de sua mudança, para que se construa um futuro também específico e coletivamente elaborado, que tenha como fundamentos a justiça social e o bem comum.

A mudança do paradigma do ensino rumo ao paradigma da aprendizagem pede a reformulação dos problemas e soluções modelares relacionados à ação da escola, para que as realizações científicas reconhecidas estejam alinhadas às demandas da Sociedade da Informação. 
Incluem-se nessa revolução científica os professores, gestores, equipes administrativas, políticos e tecnocratas formuladores de políticas públicas, pesquisadores, formadores de docentes, estudantes e demais comunidades comprometidas com o locus educacional. 
 Em tempos de convergência digital, as pessoas aprendem, de formas diferentes, a onipresença das telas no cotidiano; e a atenção crescente dada aos conteúdos e interações, que aquelas proporcionam, mudam a maneira como o cérebro percebe e processa a informação
Nesse contexto, é plausível imaginar que o advento da internet, das redes sociais, dos games e as mudanças na indústria do entretenimento, geradas pela convergência digital, impactem o aprender, tanto com efeitos positivos quanto negativos. Todas essas tecnologias passam a ser diretamente transformadas com a chegada da Inteligência Artificial Generativa.

segunda-feira, 24 de abril de 2023

O percurso dos jovens após a conclusão do ensino secundário

Foi publicado hoje, na Edição N.º 38 da Revista Dirigir & Formar do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), um artigo conjunto do Diretor-Geral da DGEEC, Nuno Neto Rodrigues, e da Chefe de Divisão de Estudos e de Gestão do Acesso a Dados para Investigação (DEGADI), Joana Duarte.

O artigo intitula-se “O Percurso dos Jovens após a conclusão do ensino secundário” e pode ser acedido online no site do IEFP (páginas 30 a 33)

sexta-feira, 21 de abril de 2023

Para ler ou ouvir em podcast


Era uma tarde bonita, amena, salpicada pelos coloridos das recém chegadas flores primaveris e enfeitada pelos primeiros cantos dos passarinhos lisboetas.
Estuguei o passo, ansiosa e expectante.
Há cinquenta anos que não entrava no meu antigo liceu. Emocionei-me ao subir a escadaria principal e ao percorrer os longos corredores onde tinham ficado pedacinhos de mim, bem como de todas as minhas colegas. As memórias começaram a brotar em catadupa e, quando me sentei no mesmo banco de madeira, tinha novamente quinze anos.
Donzília Antunes

segunda-feira, 27 de junho de 2022

Indisciplina nas escolas portuguesas


Nos últimos tempos, o problema da indisciplina na escola voltou a ser tema de destaque, devido ao descontentamento que se faz sentir nas escolas e ao facto da educação não ser assumida como prioridade dos consecutivos governos. A escola, todos os anos, é tida como alvo de ataques de vários quadrantes sociais, estando a posição dos agentes educativos cada vez mais enfraquecida em consequência do contínuo desrespeito de que têm sido alvo nas últimas décadas.

A verdade é que a educação, em Portugal, tem que ser revista, tanto a nível nacional como nas regiões autónomas.

A violência e o desrespeito nas escolas é consequência de políticas de enfraquecimento de professores, auxiliares de ação educativa e dos próprios alunos; em que todas as pessoas opinam e ninguém se entende. Começamos por alertar para a falta de valores, onde os professores estão preocupados com o programa a cumprir; com todas as burocracias que invadiram as escolas; e com as provas nacionais. Também com a desmotivação dos alunos, que “saem da sua casa do século XXI e se veem obrigados a frequentar uma escola do século XIX”, em que entram ao som do toque; são premiados por cumprir o que lhes é imposto; em que o ensino expositivo continua a imperar; em que o foco incide no currículo e nas notas dos testes, que continuam a ser o método preferencial de avaliação. O ensino, tal como continua projetado, promove ansiedade, pressão, desmotivação de todos os agentes, o que leva à intolerância e ao conflito.

As situações que têm vindo a público nos últimos dias, na comunicação social, são uma consequência natural de tudo o que referimos e com uma grande probabilidade de se continuarem a agravar, se nada for feito pela tutela.

A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (2014) lançou um guia para docentes, para pôr fim a esta problemática e onde se propõe um trabalho conjunto com estudantes, pais, educadores e comunidade. Estamos de acordo com o referido guia e defendemos que a educação tem que ter, como fundamento principal, a defesa dos direitos humanos; imperando os valores da cidadania, a inclusão da diversidade e a prevenção específica de fatores de risco.

As escolas devem adotar um currículo adequado às exigências do século XXI, onde o foco deve estar assente no aluno e não no currículo e na nota, e onde se prioriza o desenvolvimento das competências pessoais, sociais e emocionais, ao seu ritmo, relativamente aos resultados académicos. Um currículo onde deve existir uma aposta clara nas aprendizagens cooperativas que, não sendo competitivas são desenhadas de forma a que os alunos estejam motivados; que fomentam a cooperação e o intercâmbio de conhecimentos. Os professores desenvolvem um conhecimento mais profundo pelos alunos que se focam nas suas debilidades e forças, e criam grupos heterogéneos e oportunidades de êxito, que reforçam positivamente as suas interações. Dessa forma, consegue-se ter alunos motivados que veem o professor como aliado e facilitador de processo.

Concluímos. Tem de haver coragem para mudar o estado a que a educação chegou, e começar a escutar todos quantos estão descontentes com este nível de ensino, em Portugal. Só assim se poderão encontrar ferramentas e programas específicos que conseguirão desenvolver e adequar o ensino às necessidades da nossa sociedade. A ideia deste artigo é fundamentar a necessidade de mudança na educação, de forma a que se consiga reduzir a insatisfação e a violência na escola. Importa que a tolerância impere face às agressões e que os valores entrem de novo na escola como forma de repudiar este tipo de acontecimentos, para evitar qualquer forma de aceitação a este tipo de acontecimentos.

Pof. Doutor Mário Fortes Santos

quinta-feira, 5 de maio de 2022

Crise nas Escolas - A Grande Fuga dos Professores

Quem quer ser Professor? 

Até 2030, metade dos docentes que hoje trabalha estará reformada. Precisamos de contratar milhares de professores pois, daqui a um ano, 110 mil alunos estarão sem aulas a, pelo menos uma disciplina. Mas onde estão eles?  O que aconteceu a esta profissão outrora prestigiada? Histórias de amor e ódio por esta vida errante e cansativa, e soluções propostas pelos especialistas
...
"Sou contra a possibilidade de a formação de professores deixar de ser o mestrado. A profissão é singular e complexa, diminuir a formação-base pode contribuir para a sua tecnocratização. É preciso ter capacidade de pensar além da técnica; ter uma visão do mundo, ser capaz de tomar decisões.
Rui Trindade

"É preciso tornar a profissão atrativa, melhorar o salário, nomeadamente no início da carreira e estabilizar o corpo docente nas escolas."
Marçal Grilo

Apesar de não podermos considerar que houve uma grande fuga das Escolas e de alguns, dos considerados especialistas, correrem agora atrás do prejuízo que, a seu tempo, não foram capazes de prever, vale a pena ler na  VISÃO

segunda-feira, 4 de abril de 2022

Políticas Públicas, Organização e Gestão Escolar e Educacional: perspetivas

As políticas públicas desenrolam-se num processo social que envolve diferentes tipos de atores, com os seus referenciais e práticas, e que faz com que as politicas sejam consideradas como ação pública que, sucintamente, se podem caraterizar pela não linearidade, pelas interdependências e circularidades atendendo ao número e a variedade dos atores (públicos e não públicos, nacionais e transnacionais) envolvidos na ação e às relações menos hierarquizadas entre os atores onde a abordagem hierárquica vertical é substituída por uma poliarquia multipolar.Por outro lado, as políticas públicas não são circunscritas apenas à intervenção governamental, mas, pelo contrário constroem-se pela intervenção e interação de outros atores.

Todas estas características das políticas públicas como ação pública, e as problemáticas daí decorrentes, estão presentes no interior das escolas como organizações olhadas como microcosmos sociais complexos onde interagem também uma rede interdependente de atores que contribuem, de maneiras diferenciadas, para os modos como se pensa, como se organiza e como é gerida e liderada a instituição escolar.

Políticas Públicas, Organização e Gestão Escolar e Educacional: perspetivas

Vol. 9 N.º 2 (2021): Políticas Públicas, Organização e Gestão Escolar e Educacional: perspetivas | Medi@ções . (2022). Retrieved 23 March 2022, from https://mediacoes.ese.ips.pt/index.php/mediacoesonline/issue/view/24

quarta-feira, 26 de maio de 2021

Impactos e efeitos de longo prazo da frequência da Educação Pré-Escolar


O National Bureau of Economic Research publicou há dias um artigo sobre os impactos de longo prazo de programas públicos e universais da educação pré-escolar na vida das crianças. O estudo foi realizado em Boston, nos Estados Unidos da América, mas tem especial relevância para o contexto português por se tratar de uma análise a um modelo muito semelhante ao que encontramos no nosso país. Mas afinal, de que tipo de impactos estamos a falar?

Frequentar o pré-escolar compensa. No curto prazo, as vantagens para o desenvolvimento cognitivo e sócio emocional das crianças têm sido sistematicamente corroboradas por diversos estudos. Mas, e o longo prazo? Quais os efeitos e impactos que uma educação pré-escolar pode ter na vida de uma pessoa?

Um trabalho muito recente, publicado no National Bureau of Economic Research, vem debruçar-se precisamente sobre esta questão, através de uma análise feita a um programa de generalização do ensino pré-escolar em Boston, nos Estados Unidos da América.

O estudo de Gray-Lobe e coautores mostra que a generalização da pré-escola pública pode ter importantes impactos na vida das crianças, a longo prazo. Apesar de o estudo ser dos primeiros a usar uma amostragem aleatória para investigar os impactos de longo prazo do ensino pré-escolar, os resultados são em muito semelhantes aos de outros estudos recentes e que se basearam em métodos diferentes. Estudos randomizados anteriores focaram-se em programas de alta intensidade aplicados em pequena escala, tais como o Perry Preschool ou Carolina Abecedarian, lançados nos anos 60 e com amostras de cerca de 150 crianças de famílias muito pobres, ou com uma análise limitada a resultados de curto prazo. Outros estudos que examinaram programas de larga escala focaram-se em programas pré-escolares destinados a populações pobres – como, por exemplo, o programa americano “Head Start” – e usaram comparações entre irmãos, a introdução em pequenas áreas geográficas ou o design da regressão descontinuada.

O estudo de Gray-Lobe e coautores comparou crianças que entraram na pré-escola aos quatro anos de idade, entre 1997 e 2003, através de um sorteio de acesso a programas de pré-escola com um número de candidatos superior às vagas disponíveis – ou seja, com fila de espera. Relativamente a outras crianças que estavam também em fila de espera, as crianças que foram (aleatoriamente) selecionadas para a pré-escola registaram uma probabilidade mais alta de inscrição na universidade, em cursos preparatórios para acesso à universidade, uma melhoria nos testes de acesso à universidade e uma probabilidade mais elevada de completar o ensino secundário no tempo certo. A frequência da pré-escola também diminuiu várias medidas disciplinares, como o encarceramento juvenil. No entanto, não houve nenhum impacto detetável nas pontuações dos testes de desempenho entre os terceiro e oitavo anos de escolaridade.

Uma análise de subgrupos mostra ainda que estes efeitos na inscrição na universidade, na realização de testes preparatórios para acesso à universidade e na prevenção de medidas disciplinares foram maiores para rapazes do que para raparigas, e não se registaram diferenças por nível socioeconómico.

O programa estudado por estes autores é especialmente interessante pelas semelhanças com o modelo pré-escolar público oferecido em Portugal e em muitos outros países europeus. A pré-escola pública em Boston é universal, sendo aberta a todas as crianças que residam nesta região, independentemente do rendimento familiar, e com um horário de seis horas por dia. Na prática, o programa atraiu uma população estudantil relativamente desfavorecida, com grande proporção de alunos não brancos e famílias de baixo rendimento.

Há ainda escassa evidência para compreender como os programas universais de pré-escola afetam os participantes no longo prazo. A evidência disponível de programas contemporâneos na Europa sugere que a expansão do acesso à educação pré-escolar e a creches formais ainda pode beneficiar o desenvolvimento cognitivo e socioemocional da criança. No entanto, a evidência está apenas disponível para países de rendimentos mais elevados, como, por exemplo, as expansões feitas pela Noruega nos anos 70 e 90 do século XX, e pela Alemanha.

Embora documentando impactos positivos em medidas comportamentais e de desempenho escolar, Gray-Lobe e coautores deixam em aberto os mecanismos através dos quais este programa se traduz em impactos positivos, tal como muitos dos estudos referidos. Várias hipóteses têm sido colocadas para ilustrar possíveis mecanismos, no entanto, para tal, seriam necessários estudos mais detalhados que incluíssem informação acerca do ambiente familiar e da qualidade da pré-escola.

Há várias possibilidades em aberto. Primeiro, a frequência da pré-escola pública pode ter dado às crianças acesso a um ambiente educativo melhor do que a alternativa sem pré-escola pública; contudo, não é possível saber se a alternativa seria uma pré-escola de pior qualidade ou simplesmente o cuidado pela mãe ou avós. Segundo, as mães podem ter (re)entrado no mercado de trabalho, por terem a possibilidade de colocar as crianças na pré-escola, e isto poderá ter levado um aumento do rendimento familiar e, consequentemente, reduzir o stress em casa. Finalmente, é possível que os pais tenham aprendido novas e melhores formas de interagir com os seus filhos em casa através do contacto com a pré-escola, e que isso tenha propiciado um melhor ambiente em casa.

segunda-feira, 10 de maio de 2021

Recentremo-nos naquilo que interessa. A aprendizagem.

O papel do professor

Os últimos meses foram pródigos na identificação de problemas e na apresentação de inúmeras soluções, para fazer face às aprendizagens que os alunos portugueses terão perdido ao longo do ano letivo.

Pede-se aos diretores que façam o levantamento das aprendizagens por realizar, aos professores que façam o pino e que ensinem em dois meses o que os alunos não aprenderam durante um ano, e criam-se relatórios, planos, estratégias nacionais. Mas raramente se tem em conta o centro do problema - a aprendizagem - e que este problema só pode ser resolvido por quem está no terreno - os professores.

A comunidade científica, os organismos estatais e os influenciadores da área da educação teimam em querer apresentar soluções milagrosas, agora com recurso à tecnologia digital e lá aparece uma multiplicidade de ferramentas e respetivas propostas de trabalho que nunca poderão ser bem sucedidas porque os alunos não se identificam com "esse fazer".

O mundo dos nossos alunos é o mundo do imediatismo, jamais conseguiremos que eles sigam pontinhos numa imagem que abrem textos e powerpoints extensos que não irão ler. Este é o risco da tecnologia pela tecnologia. Subjugar o conteúdo à ferramenta, que, aliás, rapidamente ficará obsoleta. Sejamos francos, os alunos aprendem, se consultarem ou lerem estas propostas?

Os professores têm de recentrar a sua ação para que os alunos dominem quatro competências essenciais:

Ler: textos diversificados e em múltiplos formatos, apresentados pelo professor ou encontrados pelos alunos na sequência de uma proposta de trabalho;

Interpretar: isto é, fazer inferências sobre o que se leu, pelo que as propostas de atividade devem ser desafiantes (por exemplo, através da metodologia do trabalho de projeto, em que os alunos são confrontados com problemas para os quais têm que encontrar respostas);

Escrever: diversificando tipologias de texto para chegar à escrita mais extensiva, como por exemplo mapas mentais, tweets, nuvens de palavras, identificação de palavras chave, ...;

Comunicar: favorecer uma comunicação adequada ao tempo em que vivemos e em que o som, a imagem e a palavra não vivem isolados. É nesta fase que os alunos poderão criar as tais propostas que vemos circular na Web criadas pelos professores, quando esse é o papel dos alunos.

Para que estas competências contribuam para o sucesso educativo dos alunos é importante que os professores:

- Promovam práticas de metacognição, que levem os alunos a refletir sobre o seu percurso de aprendizagem - as dificuldades encontradas, a forma de as superar e as aprendizagens realizadas.

- Favoreçam a aprendizagem social, pois, ao promoverem o trabalho colaborativo entre os alunos, tal como defende Vygotsky (Zona de Desenvolvimento Proximal), este tipo de trabalho permite-lhes compreender, reconhecer erros, encontrar respostas, aceitar pontos de vista, discutir ideias, comunicar.

- Apontem caminhos para que os alunos possam transferir o conhecimento adquirido para novos contextos, condição essencial para que se criem verdadeiras aprendizagens. Só assim, de acordo com a teoria da aprendizagem, os alunos alcançam maturidade intelectual.

Uma nota final. A emergência das metodologias ativas tem como foco o trabalho do aluno, isto é, que seja ele a construir a sua própria aprendizagem. O professor não implementa uma metodologia ativa quando cria um recurso que apenas passa pela leitura ou consulta do aluno, por muito digital que seja este recurso. O foco continua a estar no professor e não no aluno.

Recentremo-nos naquilo que interessa. A aprendizagem.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

Práticas para ajudar os professores a melhorar a eficácia do E@D

PAUL A. KIRSCHNER

A mudança nas rotinas do ensino causada pela pandemia do coronavírus levou o cientista cognitivo Paul A. Kirschner a elaborar uma síntese das melhores práticas para os professores, que os ajudam a melhorar a eficácia do ensino a distância. Para tal recorreu à investigação científica recente na área, entre a qual alguns dos seus próprios trabalhos.

A pandemia do coronavírus transporta-nos para circunstâncias que nunca vivemos. No que diz respeito à educação, as crianças deixaram de poder frequentar as escolas e tornou-se imprescindível ajudá-las a aprender a partir de casa. Esta situação poderá prolongar-se durante várias semanas, ou até mesmo meses. Felizmente, a educação online consegue ajudar a colmatar este problema. No entanto, as técnicas de ensino a distância não são (exatamente) as mesmas que aplicamos nas aulas presenciais.
Eis algumas sugestões práticas para otimizar as suas aulas online:

1. Uma recomendação importante: foque-se no essencial.

Antes de introduzir matérias novas verifique se não é melhor concentrar-se na consolidação de matérias já abordadas. Esta é uma sugestão muito útil, na medida em que as matérias não revistas acabam por ser esquecidas. Basta pensar no que os alunos se esquecem nas férias de verão!

2. Enquadre a matéria nova num panorama mais alargado.

Indique claramente aos alunos o que pretende que aprendam e enquadre a matéria num contexto mais alargado. Procure auxiliar a assimilação dos termos pelos alunos com uma técnica que Ausubel designou de andaimes cognitivos («scaffolding») ou pontos de ancoragem, que os ajudará a estruturar os novos conhecimentos e a orientar o seu processo de aprendizagem.

3. Remeta para o conhecimento prévio dos seus alunos e explique-lhes como podem consolidá-lo.

O fator mais importante na aprendizagem de novos conceitos é o conhecimento anterior. Certifique-se de que os seus alunos possuem os conhecimentos prévios necessários para assimilar os novos conteúdos e, se isso não acontecer, indique onde podem rever determinados conceitos que já não dominam, fórmulas de que já se esqueceram, ou como podem atualizar capacidades que deixaram de dominar.

4. Comunique claramente os objetivos e os resultados esperados de aprendizagem de cada matéria.

Para o professor, é natural que as metas e as expectativas definidas sejam muito claras. Contudo, os alunos nem sempre percebem com clareza o que se espera que aprendam, ou com que grau de profundidade o devem fazer.

5. Apresente um exemplo pormenorizado aos alunos antes de iniciar os exercícios práticos.

Uma forma eficaz de utilizar exemplos é apresentar exemplos trabalhados, ou seja, problemas ou exercícios resolvidos passo a passo. Outra forma é a chamada modelagem, ou seja, a apresentação passo a passo de alternativas e razões que levam à adoção de uma estratégia de resolução: isso pode fazer-se, por exemplo, através de um vídeo publicado no YouTube em que o próprio professor explica a lógica que seguiu etapa a etapa.

6. Acompanhe os alunos durante os exercícios práticos.

Nem todos os alunos compreendem os conteúdos de imediato. É importante ter consciência deste facto para preparar explicações e exercícios alternativos. Deve fazer o seu melhor para aproximar os conhecimentos e as capacidades dos alunos àquilo que precisam de aprender. Utilize andaimes cognitivos para os auxiliar numa fase inicial, e vá reduzindo a sua intervenção à medida que começam a compreender a matéria. Este tipo de acompanhamento poderá ser mais difícil de pôr em prática nas atuais circunstâncias.

7. Incentive os alunos a processarem ativamente a matéria.

Estudar a matéria não é suficiente. Os alunos precisam de tarefas que os ajudem a processar a matéria. Peça aos alunos que elaborem (expandam) os temas. Coloque-lhes questões que os ponham a pensar, tais como «O quê?», «Onde?», «Quem?», «Quando?», «Porquê?» e «Como?». Ajudando-os também, neste exercício, a rever e melhorar as suas respostas.

8. Leve os alunos a avaliar o seu conhecimento.

Crie uma espécie de «teste prático» onde os alunos possam verificar (depois da devida prática) se dominam a matéria. Os estudos mostram claramente que os testes práticos – prática da recuperação (por oposição à simples leitura da matéria) – aumentam a eficácia da aprendizagem e a retenção da informação, além de permitirem que os alunos percebam até que ponto compreenderam, efetivamente, a matéria. Esta última vantagem é importante, uma vez que, no ensino a distância, os professores têm mais dificuldade em acompanhar pessoalmente o grau de compreensão de cada aluno.

9. Comente e oriente, de forma adequada, os trabalhos e o desempenho dos seus alunos.

É importante que os alunos recebam comentários sobre os trabalhos realizados. Os comentários podem ser corretivos (por ex., «errado: a resposta certa é ...»), mas serão mais eficazes se forem diretivos (por ex., «errado: deverias ter resolvido o problema de determinada forma») ou epistémicos (por ex., «Como é que chegaste a esta conclusão?» ou «A resposta teria sido diferente, se tivesses tido [determinado aspeto] em consideração …?»).

10. Distribua as sessões de aprendizagem ao longo do tempo.

Se estiver a apresentar matéria nova, evite fazê-lo numa longa sessão. Distribua a matéria por várias sessões curtas e reveja os conteúdos num ou em vários momentos posteriores. A investigação mostra que períodos curtos de estudo devidamente espaçados são muito mais eficazes do que sessões longas. Este fenómeno designa-se por efeito de espaçamento.

Em suma:
Faça sessões mais curtas. «Não tente fazer numa aula online tudo aquilo que costuma fazer numa aula presencial.»
Prepare-se bem. «Defina o que pretende dizer em cada sessão e não o mude a meio.»
Defina uma estrutura. «Crie uma lista daquilo que pretende que os alunos façam e certifique-se de que o fizeram.»
Prepare os alunos. «Se pretender apresentar algo novo, ajude os alunos chamando a atenção para conhecimentos prévios.»
Distribua pequenos trabalhos aos alunos antes e depois de cada matéria, e recolha-os. «Nada de muito complicado ou aprofundado. Escolha tarefas que os alunos possam fazer em poucos minutos e que lhe permitam avaliar se estão preparados para compreender os novos conceitos (antes) e, por fim, se os compreenderam (depois).»
Utilize os recursos disponíveis online. «Não tente fazer melhor, num dia, aquilo que alguém já fez muito bem.»

Este texto é baseado no livro «Lições para o ensino», uma tradução de um livro holandês recente, que deve sair antes do verão. O livro é uma colaboração entre Tim Surma, Kristel Vanhoyweghen, Dominique Sluijsmans, Gino Camp, Daniel Muijs e eu próprio.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

Um artigo da FFMS que faz um retrato das crianças, das famílias e das suas habitações durante o ensino a distância


O regresso das aulas a distância fez cinco investigadores analisarem que condições têm as famílias portuguesas para essa forma de ensino. As conclusões a que chegaram são partilhadas neste artigo.
...
O novo ano letivo começou com planos de um computador por aluno, promessas de investimento de €125 M num programa de tutorias e em reforço de pessoal que apoiasse na recuperação dos alunos, e uma incógnita: qual teria sido o impacto do confinamento sobre as aprendizagens dos alunos? Entretanto, em janeiro, o novo confinamento chegou, e com ele um novo encerramento das escolas. As promessas foram vãs e as famílias e escolas não estão equipadas. A incógnita mantém-se, porque a aferição de conhecimentos prevista para este mês de janeiro ficou suspensa. Mas os dados conhecidos acerca da realidade portuguesa e os estudos internacionais não nos permitem estar otimistas.

Um segundo período de encerramento das escolas significa que, pela segunda vez em dois anos consecutivos, a sala de aula transfere-se para o quarto ou para mesa da cozinha ou da sala. O problema é que as casas transformadas em escola e as famílias que nelas habitam não são todas iguais.
... 

FFMS - Ver artigo completo

quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

O Impacto da Pandemia na Saúde Mental

O Impacto da Pandemia na Saúde Mental é um artigo, para uma obra que a Universidade do Minho editou,  do Dr. Pedro Morgado, Vice-Presidente da Escola de Medicina  da  Universidade  do  Minho  e  professor  de  Psiquiatria  e  Comunicação  Clínica  da  mesma  Escola.  É  investigador  do  domínio  de  Neurociências,  no  ICVS  e  médico  Psiquiatra no Hospital de Braga.


"No essencial, a crise acentuou o melhor e o pior das sociedades, afetando de forma brutalmente desigual as pessoas que compõem o nosso tecido social. Aqueles que se encontraram numa situação de maior vulnerabilidade no início da pandemia foram os que sofreram as consequências mais severas desta nova normalidade. Em sentido contrário, aqueles que usufruem de melhores condições sociais e materiais desenvolveram estratégias de coping globalmente mais adaptativas, experienciando sintomas de sofrimento mental mais ligeiros."

domingo, 29 de novembro de 2020

A importância do brincar na vida das crianças


Numa sociedade cada vez mais sujeita àquilo a que um especialista chama “pandemia do medo”, professores, psicólogos e pais explicam porque é fundamental deixar as crianças correr riscos

Na extensa escala de terrores que assombram os pais modernos existem poucas coisas piores do que a ideia de ver um filho sofrer. É por isso natural que uma pergunta como, “mãe, posso ter um canivete” provoque num progenitor desprevenido um estremecimento da nuca aos pés. Até é provável que, nesta forma económica que os miúdos agora têm de falar, o pedido surja com um verbo a menos, “posso um canivete?” A elipse ideal para dar asas a alguns dos nossos mais íntimos receios: “arranhar-me”, “cortar-me”, “mutilar-me”. “Posso?” Aqui chegados, como qualquer pai ou mãe de uma criança de seis anos sabe, só existe uma saída: empatar.
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Leitura a não perder na revista do Expresso

sábado, 28 de novembro de 2020

Estratégias e recursos que rentabilizam o trabalho do professor

Ana Mafalda Lapa

O ensino híbrido já faz parte do vocabulário de todas as escolas. Os professores adaptaram-se aos diferentes ambientes de aprendizagem - digitais e analógicos - usando novas estratégias e abordagens pedagógicas. E o menu que oferecem agora aos seus alunos é variado e inspirador.

O desafio é enorme. A pandemia provocada pela COVID-19 levou à rutura do conceito que tínhamos de sala de aula. Cada docente tem algumas turmas em casa, outras na escola, e mesmo nestas alguns alunos estão em casa. O trabalho de acompanhar todos e de os conduzir a um conhecimento sólido, cativador e potenciador da vontade de querer aprender ao longo da vida torna-se extremamente exigente para o docente, que vê o seu esforço multiplicado por centenas de alunos.

Muitas vezes perguntam-me porque é que os professores não têm a câmara ligada na sala de aula, quando estão com a turma, para os alunos que estão em casa acompanharem os trabalhos presenciais. A verdade é que a metodologia de uma aula online é completamente diferente da metodologia da sua homóloga presencial. Dificilmente o aluno que está em casa consegue ouvir um professor que anda pela sala sem microfone e não está sentado em frente a um ecrã. Muito menos numa aula borbulhante onde as ideias vão saltando de aluno em aluno, como pipocas na panela, construindo-se um conhecimento comum, refletido e vivido, que é o que acontece numa aula dinâmica.

Pedir aos professores que dinamizem uma aula síncrona por videoconferência (para os alunos da turma que estão em casa) por cada aula presencial que dão (para a restante parte da turma) é pedir-lhes que dupliquem o seu trabalho letivo e não letivo de preparação dessas aulas. Sabemos que os docentes usam capas vermelhas que só os alunos veem, mas ainda assim são finitos na sua capacidade de serem super-heróis.

Importa então arranjar estratégias que rentabilizem o trabalho do professor. As aplicações online e os conteúdos digitais podem ser muito úteis. Hoje, partilho aqui duas ferramentas que podem ser usadas numa aula na escola e simultaneamente numa aula assíncrona (trabalho autónomo), para quem está em casa. Estes meios permitem também explorar a diferenciação pedagógica.

A primeira, o Nearpod (https://nearpod.com/), permite que o professor incorpore perguntas em materiais como, por exemplo, uma apresentação em PowerPoint ou em Google Slides. Ao longo da apresentação vão aparecendo slides com perguntas de escolha múltipla ou de resposta curta, para preenchimento, ou com painéis de colaboração, entre muitas outras hipóteses. O aluno recebe a correção automática em tempo real e pode avançar na apresentação ou voltar atrás, para ver novamente o que não percebeu bem. O professor também pode fazer correção manual. O docente recebe um relatório com as respostas do aluno. Com esta ferramenta em casa, onde há mais distrações, o aluno mantém-se mais facilmente concentrado no que está a ver. É possível, inclusive, dar um tempo limite para o aluno responder a cada pergunta. Ao mesmo tempo, o professor pode fazer a mesma apresentação em tempo real, na sala de aula, com os outros alunos, não necessitando, por isso, de duplicar o trabalho de preparação.

A segunda, o Edpuzzle (https://edpuzzle.com/), permite integrar perguntas num vídeo (que até pode  ser do Youtube). Também aqui são possíveis várias tipologias (escolha múltipla, verdadeiro/falso, resposta curta, etc.), garantindo que o aluno está a ver o vídeo, em casa, com mais envolvimento. O Edpuzzle permite calendarizar e colocar tempo limite para o aluno responder. Esta ferramenta fornece ainda informação detalhada sobre o tempo que o aluno usou para ver cada trecho do vídeo e o número de tentativas que fez para responder. O professor pode explorar o vídeo na aula, ao ritmo da turma, e usar esta ferramenta para perceber se todos os alunos estão a perceber o que estão a ver e ouvir.

Nada substitui um professor e nada substitui um professor presencial. Não há ferramenta digital que substitua alguém que conhece o aluno e sabe exatamente o que precisa. Mas estas são duas ferramentas intuitivas para professores e alunos, com muito potencial dentro e fora da sala de aula, que merecem ser exploradas.

terça-feira, 28 de abril de 2020

"Imaginem se os professores se negassem a por os equipamentos pessoais ao serviço do ensino? Não haveria nada. A escola estaria desligada"

Ensino por achamentos
João Carrega - Ensino Magazine

O terceiro período letivo constitui para as escolas, docentes, alunos e famílias, um desafio inesperado, exigente, para o qual poucos atores estavam preparados. Entre o oito e o oitenta naquilo que são as tarefas exigidas aos estudantes e aos professores, surgem, nesta relação, questões práticas, diárias, resultantes do facto de uma mudança como a que está a ser realizada, através do ensino a distância, exigir tempo que não existe.

Corre-se o risco das tarefas serem propostas numa lógica de "achamento". Mas, a educação não se faz pelo "eu acho que". Importa refletir sobre esta questão. A Covid-19 não se vai embora e não será nos próximos meses que tudo acaba. Pelo contrário, muito provavelmente vamos voltar a ter ensino a distância mais vezes e no próximo ano letivo a situação pode repetir-se.

Significa isto que todos, enquanto sociedade, teremos que nos adaptar. Significa que, aos poucos, devem ser definidas regras claras de como esta nova realidade se processa. Quais são os horários, o que são aulas assíncronas e síncronas, como as tarefas de alunos e professores devem ser realizadas e propostas. Que instrumentos podem e devem ser utilizados. Que formação é necessária para os docentes responderem melhor a esta nova forma de ensinar.

Em pouco mais que um mês as aulas e atividades presenciais deram lugar a uma realidade em que as novas tecnologias assumiram um papel decisivo. De repente a escola mudou, como mudou também o funcionamento de toda a sociedade. Acontece que a mudança foi feita no mesmo sentido: alunos e professores passaram a realizar as suas tarefas a distância; os pais abraçaram o teletrabalho utilizando os mesmos meios que os filhos terão que usar no ensino virtual; as famílias passaram a conviver 24 horas num mesmo espaço, dia a após dia, algo para o qual também não estavam preparadas.

É neste turbilhão de acontecimentos que as escolas tentam impor o ensino a distância, a que se junta o problema dos meios. Os professores utilizam os seus próprios equipamentos (computadores, rede de internet, impressoras, telemóvel etc) ao serviço da missão de ensinar, pois a escola pública não os disponibiliza. Provavelmente há quem pense que não fazem mais que a sua obrigação. Errado. Não há obrigação nenhuma nesse sentido, como também não há obrigação que um outro qualquer funcionário faça teletrabalho com os meios próprios, em vez de utilizar os da sua entidade patronal. Os docentes, mais uma vez, demonstram ao país uma dedicação extrema e preocupada. Imaginem se os professores se negassem a por os equipamentos pessoais ao serviço do ensino? Não haveria nada. A escola estaria desligada. E esta não é uma questão de somenos importância, pois o ensino a distância vai repetir-se num futuro próximo e não podem nem devem ser os equipamentos pessoais dos professores a suportar o seu funcionamento.

Os alunos e as suas famílias também não possuem um computador por elemento do agregado familiar. Os pais estão em teletrabalho, os pais professores utilizam os meios disponíveis para a sua tarefa. Os filhos usam-nos quando há disponibilidade. Neste aspeto, o Estado preocupa-se em apoiar apenas alguns alunos e famílias, deixando de fora toda a classe média, a mesma que não tendo um computador por elemento de agregado familiar tem os pais em teletrabalho e os filhos a ensino a distância, sem que estes alunos possam ser apoiados. Surge assim uma espécie de discriminação de uns em relação a outros, com o argumento do politicamente correto. As famílias têm que resolver.

Aos alunos que ainda não têm acesso a esses meios juntam-se aqueles que, os tendo, não os podem utilizar pois um computador não chega para que, duas, três, quatro ou mais pessoas o utilizem ao mesmo tempo.

A escola, de repente, ganha formas de exclusão em vez de inclusão. Veio a nova tele-escola, mas aos alunos é-lhes exigido, com alguma frequência, que vejam as aulas na televisão e que façam tudo o resto através do ensino a distância.

Às vezes é melhor parar para pensar e fazer as coisas da forma clara, objetiva, com regras e sem atropelos, do que avançar para um "ensino de achamentos". A opção foi tomada noutro sentido. É com ela que todos temos que conviver, agindo de forma consciente, com a perspetiva que todo este turbilhão pode ser uma oportunidade futura. Eu acredito que sim.

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

A Iniciativa Educação pretende combater problemas como a iliteracia ou o abandono escolar

Iniciativa Educação quer ajudar a promover o sucesso dos jovens. Apoia projetos exemplares, com potencial efeito multiplicador no sistema educativo e na sociedade. Os nossos impulsionadores aprovaram o início das atividades com três projetos: promoção da aprendizagem da leitura, desenvolvimento do ensino profissional e divulgação de informação e conhecimento sobre educação.



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