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sábado, 28 de novembro de 2020

Estratégias e recursos que rentabilizam o trabalho do professor

Ana Mafalda Lapa

O ensino híbrido já faz parte do vocabulário de todas as escolas. Os professores adaptaram-se aos diferentes ambientes de aprendizagem - digitais e analógicos - usando novas estratégias e abordagens pedagógicas. E o menu que oferecem agora aos seus alunos é variado e inspirador.

O desafio é enorme. A pandemia provocada pela COVID-19 levou à rutura do conceito que tínhamos de sala de aula. Cada docente tem algumas turmas em casa, outras na escola, e mesmo nestas alguns alunos estão em casa. O trabalho de acompanhar todos e de os conduzir a um conhecimento sólido, cativador e potenciador da vontade de querer aprender ao longo da vida torna-se extremamente exigente para o docente, que vê o seu esforço multiplicado por centenas de alunos.

Muitas vezes perguntam-me porque é que os professores não têm a câmara ligada na sala de aula, quando estão com a turma, para os alunos que estão em casa acompanharem os trabalhos presenciais. A verdade é que a metodologia de uma aula online é completamente diferente da metodologia da sua homóloga presencial. Dificilmente o aluno que está em casa consegue ouvir um professor que anda pela sala sem microfone e não está sentado em frente a um ecrã. Muito menos numa aula borbulhante onde as ideias vão saltando de aluno em aluno, como pipocas na panela, construindo-se um conhecimento comum, refletido e vivido, que é o que acontece numa aula dinâmica.

Pedir aos professores que dinamizem uma aula síncrona por videoconferência (para os alunos da turma que estão em casa) por cada aula presencial que dão (para a restante parte da turma) é pedir-lhes que dupliquem o seu trabalho letivo e não letivo de preparação dessas aulas. Sabemos que os docentes usam capas vermelhas que só os alunos veem, mas ainda assim são finitos na sua capacidade de serem super-heróis.

Importa então arranjar estratégias que rentabilizem o trabalho do professor. As aplicações online e os conteúdos digitais podem ser muito úteis. Hoje, partilho aqui duas ferramentas que podem ser usadas numa aula na escola e simultaneamente numa aula assíncrona (trabalho autónomo), para quem está em casa. Estes meios permitem também explorar a diferenciação pedagógica.

A primeira, o Nearpod (https://nearpod.com/), permite que o professor incorpore perguntas em materiais como, por exemplo, uma apresentação em PowerPoint ou em Google Slides. Ao longo da apresentação vão aparecendo slides com perguntas de escolha múltipla ou de resposta curta, para preenchimento, ou com painéis de colaboração, entre muitas outras hipóteses. O aluno recebe a correção automática em tempo real e pode avançar na apresentação ou voltar atrás, para ver novamente o que não percebeu bem. O professor também pode fazer correção manual. O docente recebe um relatório com as respostas do aluno. Com esta ferramenta em casa, onde há mais distrações, o aluno mantém-se mais facilmente concentrado no que está a ver. É possível, inclusive, dar um tempo limite para o aluno responder a cada pergunta. Ao mesmo tempo, o professor pode fazer a mesma apresentação em tempo real, na sala de aula, com os outros alunos, não necessitando, por isso, de duplicar o trabalho de preparação.

A segunda, o Edpuzzle (https://edpuzzle.com/), permite integrar perguntas num vídeo (que até pode  ser do Youtube). Também aqui são possíveis várias tipologias (escolha múltipla, verdadeiro/falso, resposta curta, etc.), garantindo que o aluno está a ver o vídeo, em casa, com mais envolvimento. O Edpuzzle permite calendarizar e colocar tempo limite para o aluno responder. Esta ferramenta fornece ainda informação detalhada sobre o tempo que o aluno usou para ver cada trecho do vídeo e o número de tentativas que fez para responder. O professor pode explorar o vídeo na aula, ao ritmo da turma, e usar esta ferramenta para perceber se todos os alunos estão a perceber o que estão a ver e ouvir.

Nada substitui um professor e nada substitui um professor presencial. Não há ferramenta digital que substitua alguém que conhece o aluno e sabe exatamente o que precisa. Mas estas são duas ferramentas intuitivas para professores e alunos, com muito potencial dentro e fora da sala de aula, que merecem ser exploradas.