Paulo Guinote
É muito cedo para começar a fazer qualquer análise do conteúdo ou mesmo das metodologias de ensino utilizadas nas sessões do #EstudoEmCasa e muito menos aferir o que trazem de novo nesses aspectos.
Mas há uma constatação que, logo no primeiro dia, foi possível fazer e que, de certo modo, foi inesperada. Porque, em particular nos segmentos do 2.º ciclo, surgiram pares pedagógicos a leccionar as “aulas” em disciplinas como Português, Matemática e Ciências. O que achei muito bem, porque é realmente muito mais eficaz a leccionação em par pedagógico, em especial quando se têm alunos na sala durante 90 minutos.
Uma década depois da decisão de eliminar o par pedagógico na disciplina de Educação Visual e Tecnológica, com toda a polémica que esteve associada ao economicismo de uma decisão que não tinha qualquer fundamento pedagógico, eis que na “telescola”, em estúdio, sem alunos presentes, o par pedagógico regressa para disciplinas em que só existiu em situações excepcionais (caso da coadjuvação em turmas mais problemáticas).
O que nos pode levantar a fundamentada esperança de que o tão anunciado modelo de “Educação para o século XXI” nos traga o regresso do par pedagógico, agora para mais disciplinas do que anteriormente. Porque, e sei que me repito mas quero sublinhar bem a ideia, se são necessários dois docentes para assegurar “aulas” à distância de 30 minutos, o que se dirá de aulas de 90 minutos, com 25 a 28 alunos ou, quando as turmas são pequenas, com vários casos que precisam de um acompanhamento individualizado?
Será que a situação de emergência trouxe algum senso a quem tem o poder para tomar estas decisões? E que se percebeu que o par pedagógico, a certa altura amaldiçoado como um encargo insuportável para as finanças públicas, é uma estratégia pedagógica necessária e eficaz em termos pedagógicos?
Diziam-me, antigamente, que a esperança deve ser a última a morrer. O tempo fez-me desacreditar disso. Será que, afinal, poderei voltar a ser crente?