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quinta-feira, 31 de março de 2022

“Falta de professores é a próxima pandemia”

Filinto Lima, presidente da ANDAEP, avisa que o problema da falta de professores “é muito grave” e fala de “um vírus” que avança em todo o país e a em todas as disciplinas. Para combater esta “pandemia” é preciso um “pacto entre o Ministério da Educação e o Ministério das Finanças” e uma mudança no sistema de contratação de professores. Já no próximo ano, deverá haver 100 mil alunos da escola pública sem professor a, pelo menos, uma disciplina.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

Para ler ou ouvir no podcast SIPE a opinião de Paulo Guinote

Por: Professor Paulo Guinote


Autonomia, colaboração, flexibilidade, inclusão, inovação foram apenas alguns dos termos que serviram para encher o copo de todos aqueles que surgiram associados ao novo poder na Educação desde 2015, apresentando como se fossem imensas novidades, conceitos e práticas que remontam a momentos diversos da evolução do pensamento educacional e pedagógico dos séculos XIX e XX. E assim se procurou dividir as águas de forma simplista, demagógica e maniqueísta entre “bons” e “maus”, “velhos” e “novos”, “inovadores” e “conservadores”, não hesitando em arregimentar considerações de natureza “moral” contra quem ousou criticar a deriva das políticas educativas para uma espécie de pensamento único que apresenta a “Educação do século XXI” como se tivesse apenas um caminho de sentido único e não como algo necessariamente plural.
...
Para o ano de 2022 que começa com campanha eleitoral não guardei quaisquer especiais esperanças que o meu copo receba, sequer, umas pequenas gotas que evitem que fique definitivamente seco, pois sei que, quer os poderes que estão, quer aqueles que poderiam estar, estão de acordo em considerar que o copo está cheio, ou quase, apenas discordando acerca de quem decide com o quê e quem pode beber.

sexta-feira, 19 de novembro de 2021

Para ler ou ouvir em podcast: Deitem cá para fora!

Deitem cá para fora!

Hoje em dia, ouvir uma conversa de professores num café é um verdadeiro enigma! Parece que criaram uma linguagem de sobrevivência que está cheia de códigos e sinais, que ao comum dos mortais mais parece uma ciência! Senão vejamos…

De repente parecem um grupo de geógrafos: “estou a norte, eu estou a sul, a 100km a 50km com ida e volta, eu faço circuito em escolas num raio de 30km, eu calculo as candidaturas por distância…”

Quando finalmente percebemos do que estão a falar, viram matemáticos! “Este ano somo mais um valor, eu tenho média para o ano… ganho 1 crédito, ganho meio, ganho dois, tenho redução...!

Eis senão quando parecem polícias sinaleiros: “eu tenho prioridade eu não tenho, eu contorno, eu ultrapasso...” Chegam até a ser especialistas vindos do Polo Norte “congelo ou não congelo?”

A conversa ora é isto, ou então passa por um conjunto de coisas aparentemente sem ligação: “tenho coordenação, tenho direção, tenho horário, não tenho horário, tenho projetos, posso ir e meto baixa, não posso ir nem meter baixa, tenho de ir porque me tiraram a baixa!”

E de repente chegamos à conclusão que está toda uma classe, os que concorrem e os que não concorrem, irremediavelmente perdidos a falar de si, da sua carreira ou da falta dela. Deixou de haver tempo para falar do aluno, da arte de ensinar, do conceito educativo. Até isso tiraram aos professores! Colocaram-nos numa roda de circo onde estão sempre a falar de tudo o que envolve ser professor, sem falar do quão envolvente é ser professor.

E a pergunta que se impõe é: de quem é a culpa? Depois de tanto desprezo e contas mal feitas às reduções de horas letivas em disciplinas, ao fim de pares pedagógicos, às alterações sucessivas à forma de chegar e ficar na profissão.... agora... querem professores e não há! Desistiram.... Há muito! Quando os desprezaram, lhes roubaram o sonho, a dignidade... quando limparam da profissão a sua essência e a reduziram às tabelas, aos quadros, às reservas, aos recrutamentos com dois dias para se apresentar, seja a que quilómetros for, com as despedidas que ficam por fazer, as mochilas às costas e as horas a conduzir de lágrimas nos olhos.

Hoje em dia, ouvir um professor numa mesa de café é sentir a desilusão pelo caminho, a raiva pelo presente e a angústia pelo futuro... é ficar a ouvir tudo sobre a falta de união, sobre o excesso de documentação, sobre os poucos que resistem, sobre os muitos que já nem insistem! É ouvir falar o silêncio quando já não há mais nada a dizer, além de um cabisbaixo e suspirado “Enfim...” Ou então ouvir um diálogo feito de nadas:
· Fazes greve? Não dá.
· Vais concorrer? Eu sei lá…
· Ainda entras na carreira? Uii daqui lá!
· Que diz a tua família? Assim… assim não dá…
· Como te sentes? …. Dá para ver, não dá?
· Porra pá!… eu que tanto sonhei que quando fosse grande iria ser professor….
· E és! Só não dá para ser grande, professor.

Hoje em dia estar na mesa de um café e ouvir os professores a falar, é sentir enquanto mãe uma insegurança miudinha de quem já percebeu que o seu filho vai encontrar professores cansados, desmotivados, atolhados... isto quando os tiver, e não passar por longos períodos sem substituição do professor ou sem colocação sequer.

Hoje em dia estar na mesa de um café e ouvir um amigo professor a falar é não saber mais como motivar aquela pessoa, que decidiu largar os filhos e ir 500 km abaixo para ganhar posição num concurso que virá quiçá no próximo ano. É ver famílias separadas e com os rendimentos divididos pelas despesas de duas casas, é ver professores de carreira empenhados e sem verem reconhecida a sua dedicação à profissão. É ver diretores desesperados para completar lugares e verem um entra e sai de professores que ora vão para outro local que tem mais horas, ora saem para ofertas de escolas, ora para o privado, ora para o estrangeiro! Não sei quem ganha no meio disto tudo, mas também não consigo perceber como se chegou a este ponto, sem que quem tomou decisões... sofra consequências.

Acho que já é tempo de desmascarar a leviandade com que se tratou o ensino na última década e como chegamos até aqui... ao fim da linha! Onde não há ninguém satisfeito! Não é sequer uma questão de injustiça onde uns ganham e outros perdem. Ninguém está a ganhar e ninguém consegue passar esta mensagem cá para fora!

Tirem estas métricas e geografias e linguagens “codaxicas” do café e das escolas e tragam-nas cá para fora, para o povo, para as redes sociais, para a comunicação social, para os pais, para os jovens... para o mundo! Façam-se ouvir de forma a que vos entendam, a que nos acudam a todos enquanto sociedade, a que nos salvem enquanto civilização, porque arriscamos a perder a educação, e bem mais precioso não há!
Clara Paredes Castro

quinta-feira, 30 de setembro de 2021

Podcast SIPE - As razões da Greve de 4 de outubro

O SIPE - Sindicato Independente de Professores e Educadores convocou uma greve para o dia 4 de outubro de 2021 e apresenta, através de podcast, as razões da greve
 

Razões de uma greve:   

 

O Ministério da Educação tem vindo sucessivamente a elogiar os Educadores e Professores.

No entanto, os sucessivos agradecimentos não se têm traduzido em ações que resultem em alterações legislativas que conduzam às melhorias das condições de trabalho dos docentes.

Ao fim de 10 anos consecutivos de perdas de direitos e após dois anos em que os professores DERAM TUDO, obtivemos como resposta do Governo às propostas de negociação, um silêncio cada vez mais ensurdecedor.


Assim, exigimos:

 

A ABERTURA URGENTE DOS PROCESSOS NEGOCIAIS          

 

1. AVALIAÇÃO/ PROGRESSÃO - Fim das vagas de acesso ao 5.º e 7.º escalões e recuperação integral do tempo de serviço;

 

2. APOSENTAÇÃO - Regime de aposentação especial para todos os Educadores/Professores e viabilização da pré-reforma com salários justos;

 

3. CONCURSOS - Colocação por graduação profissional em todos os momentos dos concursos e diminuição territorial dos Quadros de Zona Pedagógica;

 

4. ULTRAPASSAGENS . Tempo de serviço igual, escalão igual e salário igual;

 

5. HORÁRIOS DE TRABALHO - Redução da componente letiva por idade para a componente individual de trabalho e respeito pelas 35 horas semanais de trabalho;

 

6. SUBSÍDIO DE DESLOCAÇÃO/ALOJAMENTO E DEDUÇÃO DAS DESPESAS em sede de IRS.

 

O direito à negociação, (com diálogo e participação equilibrada de ambas as partes no encontro de pontes), a liberdade sindical e a greve foram conseguidos através de árdua luta nossa e dos nossos antepassados, muitas vezes à custa da liberdade e da própria vida.

 

Liberdade de pensamento, democracia, justiça e solidariedade são valores pelos quais TEMOS DE LUTAR!

 

VALE SEMPRE A PENA LUTAR - LUTA CONNOSCO 

O SIPE és tu!

quinta-feira, 20 de maio de 2021

A Carreira Docente, presa ao modelo burocrático, constrói-se de artificialismos espartilhantes (Para ler ou ouvir em podcast)

Carreira
João Manuel Esteves Dias de Andrade


A grande maioria do que é público no nosso país subordina-se ao denominado modelo burocrático, com o predomínio de normas que se pretendem impessoais e racionalmente definidas. Dentro deste modelo, o emprego é fixo, com remuneração habitualmente regulada a partir do tempo de serviço e da natureza das funções desempenhadas e a carreira fortemente regulada.

Do previamente exposto, de cariz claramente impessoal, surge como muito complexo e difícil construir carreiras aliciantes e motivadoras para seres humanos concretos.

Esse é o caso, claramente, da carreira docente. Numa mais do que quase contradição, temos seres humanos que preparam alunos para, a partir de valores e conhecimento, alcançarem um conjunto significativo de competências que deverão, obviamente, ser de impacto significativo e consequente nas suas vidas, quando a aqueles que os preparam, esse impacto significativo é estruturalmente negado para a grande maioria.

A carreira docente, presa ao modelo burocrático, constrói-se de artificialismos espartilhantes como o tempo de serviço e as quotas, minimizando o impacto, para a grande maioria dos docentes, das características que qualquer um deles, por força da função que desempenham, deveriam claramente apresentar: sentido de responsabilidade, sede de conhecimento, reflexividade, autonomia, dinamismo, criatividade, integridade e humanismo.

Assim, a carreira docente é artifício sobre o real, assente em teias compostas de plêiades de regulamentações, fruto, não só do artificialismo inerente à carreira, mas também das suas sucessivas alterações e imprecisões normativas.

Uma das dimensões mais negativas das quotas para as menções da avaliação docente é a sua aplicação a universos distintos, por vezes de dimensão extremamente reduzida. O que faz com que, se por coincidência de ciclo avaliativo, um número muito reduzido desses docentes se encontre num universo específico, por muito excelente e de elevado mérito que a maioria seja, as menções mais elevadas só estarão ao alcance de significativos poucos.

Este é o cenário habitual do universo em que se integram os Coordenadores de Departamento. Embora escolhidos pelos seus pares, que neles reconheceram mérito e características próprias para exercer o cargo, poderão, por força precisamente desse reconhecimento dos pares, ter esse mérito não reconhecido em sede de carreira formal, com claro prejuízo.

A cereja no topo do bolo deste constructo são as vagas de acesso aos 5.º e 7.º escalões, sujeitas a um número anual previamente desconhecido e superiormente preconizado, com sérias – e do atrás exposto –, e muitas vezes injustas, consequências para os docentes que delas dependam, para além da clara sensação que transmitem de imprevisibilidade, discricionariedade e ausência de controlo dos próprios sobre as suas carreiras.

Esta é uma injustiça que afeta muitos, incluindo Diretores, atores também escolhidos pelos pares e comunidade para os liderar. No entanto, neste último caso, apesar de toda a significativa responsabilidade que a lei lhes incumbe, ainda existe o fator que derivam de uma candidatura, que traduz uma opção do próprio, e uma compensação remuneratória associada ao desempenho do cargo. Tal não sucede no caso dos Coordenadores de Departamento, que nem são candidatos, nem possuem qualquer prerrogativa especial para o cargo que desempenham. Pensamos que esta é uma clara injustiça que urge corrigir desde já, independentemente de uma reflexão e da necessidade de alterações profundas, que entendemos necessárias, às carreiras na função pública.

Senão, como aliciar profissionais motivados e válidos que construam uma função pública servidora e de vanguarda, assegurando os pilares primeiros do Estado de Direito Democrático?

quinta-feira, 13 de maio de 2021

Para ler ou ouvir em podcast - Proteger e integrar – a escola e a comunidade

Proteger e integrar – a escola e a comunidade

Por: Drª Clara Paredes de Castro

Muito se fala da necessidade de uma escola integrada na comunidade, da envolvência de todos os agentes, da integração de vários personagens na promoção da educação, mas onde se estabelece a linha entre a integração e a invasão? Como protegemos a escola de ser um instrumento nas mãos de atores que vêm nela um veículo de intervenção, uma porta aberta para um negócio, um campo fácil de atuação?

Sempre que se fala de uma atividade a realizar num local… vamos abordar as escolas, de um novo produto… porque não experimentar nas escolas? De uma ação de sensibilização, porque não começar nas escolas! Nada de errado na assunção que as escolas devem ser locais de fertilização de ideias, de concretização de projetos, de abertura à comunidade… mas as linhas devem ser traçadas, sob pena de se esconder invasão, numa capa de envolvência.

São muitas as forças que puxam e repelem em vários sentidos e fica por vezes difícil à escola perceber como reagir a este jogo e já sabemos por onde rebenta a corda…. Esta linha que separa os casos de sucesso de trabalho colaborativo, entre agentes da sociedade e a comunidade escolar e a liberdade das escolas de não quererem ser terrenos de intervenção ou de comercialização, é muito ténue.

É importante que haja uma imposição de barreiras ao facilitismo com que a escola é muitas vezes vista do lado de fora e que a própria escola possa sentir que está incluída numa sociedade que lhe permite liberdade de ação, que não a restringe, que não a manuseia.

E esta deve ser a ideia a passar não só aos corpos diretivos, mas também aos alunos, aos professores, colaboradores… a liberdade de expressão, de pensamento tem de ter terreno fértil na escola… é aqui que ela germina. O campo da educação sempre foi o campo da criatividade, do movimento, da ação e assim deve permanecer. Sem atropelos, nem amarras.

Isto a propósito da autonomia das escolas e das competências atribuídas às autarquias que lhes permite, por um lado, essa maior intervenção/proximidade na resolução de problemas e implementação de soluções, mas por outro lado, uma forte tentação de aglutinação e incursão, numa área que tem de viver da independência e autonomia.

Num ano marcado por eleições autárquicas este pensamento deve estar bem presente em todos os agentes que estão dos dois lados da linha, para que não se consinta aproveitamentos, mas que manifestamente se promovam ações sinergéticas em prol da educação e em última análise da comunidade local. Há tão bons exemplos por esse país fora, tanta gente a fazer bem esta inclusão, tanta comunidade a trabalhar em rede, a suportar, a segurar, a impulsionar… mas infelizmente há também os maus exemplos, as dependências, as invasões, os bastidores. É sobre estes que temos de colocar o nosso olhar, como pais, como professores, como cidadãos… estando atentos, curiosos, instigando, questionando, sempre com o intuito de dar à escola o terreno que ela precisa, o espaço que ela reclama, o campo que a faz crescer… como uma ilha, cheia de pontes e ligações, cheia de canais e caminhos, mas plena dos seus direitos.
Clara Paredes Castro

sexta-feira, 30 de abril de 2021

Para ler ou ouvir em podcast a opinião de Filinto Lima

Filinto Lima
 
Desde o dia 12 de março do ano passado - pontuado pelo Comunicado do Conselho de Ministros que delineava medidas extraordinárias de resposta à epidemia do novo coronavírus - a vida não foi mais a mesma.
As escolas reorganizaram-se e ajustaram-se a uma nova realidade, assumindo funções que vão além da missão que habitualmente desenvolve.

A Escola Ensina!
O ensino e as aprendizagens perseveraram, pese embora em moldes nunca antes equacionados, fazendo emergir inúmeros constrangimentos. O ensino à distância convocou a conciliação de esforços e a efetivação de parcerias, que, embora elogiáveis, nem sempre resultaram eficazes; realço a iniciativa #EstudoEmCasa, assim como a colaboração participada dos diferentes setores públicos e privados na tentativa de esbater problemas que se impunham solucionar, um dos quais a atribuição de equipamento informático e rede de internet a muitos discentes que não os tinham;

Mas a urgência foi categórica na vertente social!

A escola acolhe!
Decretados os confinamentos em prol da Saúde de todos, as escolas permaneceram abertas, tendo acolhido os filhos dos trabalhadores dos serviços essenciais, alunos com medidas adicionais e aqueles que se encontravam em risco de abandono, por falta de equipamentos e/ou internet em casa; equipas multidisciplinares (professores, técnicos, terapeutas, pessoal não docente, etc.) realizaram um trabalho meritório na linha da frente.

A Escola alimenta!
Muitos alunos continuaram a receber as suas refeições, mormente o almoço, disponibilizadas pelas escolas ou pelas autarquias, sobressaindo a essencialidade da proximidade para mitigar as questões sociais.

A Escola cuida!
A Pandemia oprimiu sonhos, carreiras e o bem-estar de muitos portugueses. Foi e é impensável a escola alhear-se desta realidade e, nesse sentido, promoveu a criação de bancos alimentares, em articulação com as entidades locais, que subsistem e auxiliam com bens essenciais os seus alunos e respetivas famílias, muitas das quais viram a sua condição financeira alterada pela crise causada pelo Covid-19.

O fortalecimento da solidariedade, o respeito crescente pela vida humana, a valorização do convívio, agora restringido, e uma maior consciência ambiental são valores, sentimentos e comportamentos que assumidamente contribuirão para a inevitável mudança do nosso estilo de vida. O isolamento e a distância incrementaram nos alunos o apreço que já sentiam pela escola, pelas aulas e, sobremaneira, pelos seus professores, levando-os a perceber que a socialização, a camaradagem e a amizade demandam a presença física do outro nos mais diversos contextos.

Os professores foram (são) incansáveis, e reinventaram a sua profissão em prol de uma Educação que desejam, cada vez mais, Valente e Imortal, demonstrando características excecionais:

Resiliência - alguém imaginou que, sem aviso prévio, de um dia para o outro, literalmente, os nossos docentes, dando o melhor de si com os meios que dispunham, estivessem a lecionar à distância? Era previsível os discentes poderem aprender, dado os incontáveis constrangimentos de um regime não presencial nunca antes experimentado? E, na verdade, a capacidade de superar problemas é algo intrínseco à labuta diária destes profissionais de excelência, que uma injusta e hipócrita avaliação de desempenho não quer reconhecer;

Abnegação - no interesse máximo de cada um dos seus alunos, os professores entrega(ra)m-se de modo altruísta, arregaçando as mangas para responder a um desafio inédito; disponibilizaram gratuitamente os seus meios digitais, despenderam horas infindáveis, também os seus fins de semana, para que os seus alunos pudessem realizar as aprendizagens com a serenidade e a confiança com que é pautado todo o ano letivo. Ao espírito generoso característicos destes profissionais, deveria corresponder a dignificação e valorização da carreira docente;

Adaptabilidade - ao longo deste percurso sinuoso - que ainda nos encontramos a fazer - os professores têm efetuado reajustes para aumentar a eficiência e eficácia do processo de ensino/aprendizagem, intensificados no ensino remoto de emergência, adequando-o às necessidades e limitações quer familiares quer territoriais; as autarquias e o movimento associativo de pais e encarregados de educação foram parceiros fulcrais, a par da sociedade civil. Numa fase posterior, a tutela fez chegar às escolas os primeiros computadores - no âmbito do programa Escola Digital, inicialmente para alunos beneficiários da ação social escolar dos anos de escolaridade mais elevados, em seguida para os professores (resolvendo parte de um problema maior). O acomodamento delineado por cada Agrupamento de escolas, para fazer face às dificuldades impostas pela tutela, mostrou-se adequado, e a estratégia usada teve em conta as características da respetiva comunidade educativa.

Em suma, a Escola e os seus profissionais correspondem com elevação. Urge agora revitalizar a carreira docente, de modo a torná-la atrativa e dignificante. Existirá disponibilidade por parte dos responsáveis políticos?

sábado, 24 de abril de 2021

25 de abril

FILHO DA MADRUGADA


Em 25 de Abril de 1974 o Movimento das Forças Armadas (MFA) derrubou o regime de ditadura que durante 48 anos oprimiu o Povo Português. Nessa madrugada do dia inicial, inteiro e limpo (como poetizou Sophia de Mello Breyner), os militares de Abril foram claros nas suas promessas: terminar com a repressão e regressar à Liberdade!

Com tudo isso, a Revolução dos Cravos pôs fim ao isolacionismo a que Portugal estava condenado há já vários anos e ajudou ao nascimento de novos países independentes. Constituindo-se o movimento pioneiro de enormes transformações democráticas em todo o mundo, e demonstrando que as Forças Armadas não estiveram condenadas a ser um instrumento de opressão, podendo, pelo contrário, ser um elemento libertador dos povos.

Democratizar, Descolonizar e Desenvolver foi o lema que então fez regressar Portugal ao fórum das nações livres e amantes da paz.

Na escola ensinam que a liberdade de uns termina no exato momento em que inibe a liberdade dos outros. Quer isto dizer, em sentido lato, que a democracia deve ser sempre baseada na tolerância e no respeito mútuo. Foi esse o grande caminho que nos foi legado pelo 25 de Abril.

O 25 de Abril é sempre o momento para relembrar que os governantes da Nação têm de assumir as suas responsabilidades de líderes de uma sociedade.

Queremos, todos, sem exceção, caminhar seguros de que a estratégia gizada nos gabinetes vá ao encontro daquilo que o povo almeja para as suas vidas.

Hodiernamente, nenhum de nós ignora quão difícil tem sido a tarefa de governar. Nenhum outro governo como este teve de enfrentar circunstâncias tão difíceis e imprevisíveis. Muitas hesitações e muitos erros foram cometidos, mas alguns são compreensíveis e aceitáveis. Outros nem tanto, e outros mesmo intoleráveis, porque roçaram mesmo a mediocridade.

O povo que mais ordena começa a dar sinais visíveis de alguma impaciência, e vai começando a apontar o dedo aos erros.

Os governantes têm respondido com silêncio, mostrando distanciamento relativamente aos críticos, continuando o caminho, que julgam ser o mais correto e acertado.

Alguns pressagiam que o governo vai provar do fel que ele próprio está a criar, pois continua a governar como se de uma maioria absoluta estivéssemos a falar. Pois neste Portugal “à beira mar plantado”, e no que à política diz respeito, tudo parece possível, mesmo uma minoria parlamentar eleita transformar-se numa espécie de maioria quase absoluta, ou uma ‘coligação negativa’ parecer quase o mesmo que uma votação de 230 deputados eleitos pela nação… Estamos incrédulos com tudo o que se vai passando na nossa casa, a tal da Democracia, que celebramos e relembramos neste dia do 25 de Abril!

Sempre defendi que se deve dar a oportunidade a todos de ter o mesmo ponto de partida. Quanto ao ponto de chegada, isso já depende de cada um. E atingir esse ponto de chegada é que nos faz ser diferentes dos demais!

Vai-se dando mel em vez de fel, vai-se atirando poeira para os olhos, vai-se vivendo ao som da pandemia, e depois admire-se o Povo, aquele que mais ordena, que muitos se vão identificando com aqueles que soltam palavras que dizem as verdades, nuas e cruas, e diz o que o povo sente, mas não pode dizer, mas que quer ouvir!

Sou um FILHO DA MADRUGADA, sem amarras, sem partido, com ideias, livre, democrata, de consciência lúcida, que não se deixa enganar ao luar, sem fel e com muito mel!

Porque assim se solta bem melhor a palavra LIBERDADE!

Filipe Abreu,
Professor

sexta-feira, 9 de abril de 2021

Para ler ou ouvir em podcast


Já não se é professor como outrora. É certo que tudo muda, mas esta profissão não mudou… desgastou-se, esvaziou-se, perdeu-se nos modelos, documentos, estatísticas e grupos. Já não se fala da arte de ensinar, do chamamento, da vocação, da missão! Os jovens têm receio de querer ser “stores”, os pais assustam-se com a carreira, os próprios professores pensam “ai no que tu te vais meter!”. E neste meio termo, entre o antes e o agora, perdemos missões de vida, perdemos a nobreza de seguir o chamamento. E não é preciso ver lá longe no futuro, para se perceber que vai existir um abismo geracional de docentes dentro de décadas.

Como chegamos aqui? Permitindo. E isto não é uma crítica ao sistema, é um dedo apontado a cada um de nós. Nós os pais que desvalorizamos o trabalho do professor junto dos nossos filhos, nós os professores que nos desligamos da nossa vocação, nós sociedade civil que nos esquecemos de quem nos colocou lá, em todas as outras profissões, ensinando, guiando, iluminando…

Somos nós os principais culpados dos que desistem, que não acreditam, dos que duvidam da sua vocação, dos que não entendem a beleza desta tarefa hercúlea de comunicar conhecimento. Somos nós que não mostramos o quanto é estimulante fazer crescer a mente do outro simplificando-lhe conteúdos, o quanto se ganha quando damos o nosso melhor, para conseguir chegar ao mais profundo do outro. Somos nós os culpados de nos estarmos a esquecer de mostrar que lecionar é praticar a arte da gratidão. Sim, gratidão! Quem nunca se sentiu grato pelo professor que lhe mostrou o caminho, que o viu além de quem apenas o olhava, de quem nos ensinou a sonhar, de quem nos desfez o medo de voar, de quem simplesmente nos permitiu crescer! Quem de nós não tem a agradecer ao inspirador, ao impulsionador de carreiras, de vidas e sentimentos.

Como permitimos que se percam gerações de professores destes novos millenium, gente desenrascada, do mundo, que vê a vida pelos olhos da liberdade? Como permitimos que eles fujam para outros lugares quando o que querem mesmo é ensinar? Como nos desleixamos ao mostrar esta vitrine fria, burocrática e enfadonha.

Sim, porque fomos nós que o permitimos quando nos esquecemos de ser professor. Daqueles que fazem estradas, os que são “relógio despertador” do conhecimento, os que sabem libertar mentes, que ensinam a coragem de sonhar, de construir, de experimentar, de decidir, de argumentar. É isto! Ou devia ser….

Mas não… hoje ser professor é muito mais ser matéria, guiões, notas, avaliações e imputações, é ser prisioneiro de um sistema que anacronicamente se distancia das gerações que precisam, mais do que nunca, de liberdade de pensamento e ação. Hoje ser professor é estar ancorado a um sistema que não os defende, não os motiva, não os engrandece, e assim esmorece a cada ano a vontade de fazer mais, de mudar o pequeno mundo de cada um dos que se sentam naquela sala de aula, ou naquele quadrado do computador.

E há tanto mundo a mudar quando nos lembramos que ensinar, é tão mais que lecionar, tão mais que pedagogia. Quando nos lembramos a alegria de fazer o outro chegar lá, de conseguir compreender, de avançar e evoluir, de levantar a sobrancelha e soltar um ahhhhhh! Esse ahh que inspirou cientistas e artistas de todo o mundo.

É por isso também que temos de lutar por esta profissão. Todos. Não só os professores. Não só pela carreira dos que cá estão e merecem, não só pela integração dos que tanto tentam entrar e não conseguem, não só pelos que deixam vida suspensas a contabilizar pins de localização em territórios do país, só para serem professores. É pelos que ainda não estão, pelos que ainda não pensaram, pelos que duvidam. Por esses que sentem o apelo e não prosseguem por medo, pela pequenez de uma carreira que pode ser mais brilhante que qualquer outra, assim seja feita com coração… com respeito e missão.

É por toda uma geração que foge porque viveu na era do desencantamento dos professores, que, massacrados, passaram a ideia de dureza, de luta, esforço, inglória. É também pelos estoicos que se esvaziam de vida a lutar por ser professor, pelos que ainda resistem e conseguem ser a exceção, pelos que conseguem lecionar na normalidade e assim manter a pura definição de professor.

A luta é por todos! Mas louvada seja esta geração que se fez mártir pela profissão! Por isso que não mais se fale na classe dividida e fraturada, que luta por condições conforme a sua situação pessoal, que se olhe com respeito para os que estão, mas com esperança para os que querem vir. Que se ensine de novo a beleza de ser professor, o mestre, o inspirador, que se recupere a figura do plantador de sementes, do agricultor de sonhos, do ceifador de dúvidas, do enólogo da mudança! É de todos que precisamos e este é o momento. De fazer ver aos que já estão que vale a pena resistir e aos que querem vir que vale a pena insistir. A nobreza de ser professor recupera-se, assim se baixem os ruídos da realidade e se elevem os sons da intuição.
Clara Paredes Castro

sexta-feira, 2 de abril de 2021

Para ler ou ouvir em Podcast

José António Moreira

A evolução das tecnologias e das redes de comunicação digitais têm provocado mudanças acentuadas na sociedade, impulsionando o nascimento de novos modelos, processos de comunicação educacional, bem como novos cenários de ensino e de aprendizagem. Mas ninguém, nem mesmo os professores que já adotavam ambientes virtuais nas suas práticas pedagógicas, imaginavam que seria necessária uma mudança tão rápida, emergencial e obrigatória, devido à expansão da pandemia covid-19.

Com efeito, a suspensão das atividades letivas, ditas “presenciais”, na geografia física das escolas, na primavera de 2020, e mais recentemente em janeiro de 2021, gerou esta obrigatoriedade dos professores e alunos migrarem para a realidade virtual, revelando, por um lado, as possibilidades e desafios da Educação Digital em Rede, e por outro, o papel crucial das escolas como comunidades de pertença e segurança. A crise e as experiências, sobretudo, de ensino remoto de emergência, nesse confinamento de 2020, em toda a Europa e no mundo, e o subsequente funcionamento dual, com a reabertura parcial das escolas, em alguns desses países, permitiram também colocar em prática modelos mais flexíveis, designados de modelos hybrid flex, que possibilitaram, por exemplo, a separação da turma em espaços distintos, com uns ligados remotamente às aulas, e outros presentes no espaço físico da sala de aula.

Neste momento, anunciando-se o regresso aos espaços físicos das escolas, por alguns denominados como os espaços “sagrados” onde se constrói em exclusividade o conhecimento, ignorando o potencial dos espaços virtuais e das redes de comunicação, territórios onde os nossos alunos se movimentam e navegam com destreza, é tempo de pensar que espaços e ambientes vamos ter na educação pós-pandemia. Se é certo que nesta fase vamos repetir as soluções dos modelos hybrid flex já referidos, até, porque o vírus vai continuar a “obrigar” alguns professores e alunos, a ensinar e a aprender a partir de casa, é necessário começar a pensar num novo paradigma pós-pandemia que nos permita construir uma renovada educação, com uma presença mais intensa do digital e das redes de comunicação, e, sobretudo, uma educação mais hybrid, mais blended, mais flex, claramente, mais OnLife.

A respeito do termo OnLife é importante referir que o conceito teve origem no projeto Iniciativa Onlife, lançado pela Comissão Europeia, que se preocupou, essencialmente, em compreender o que significa ser humano nesta realidade hiperconectada. No The Onlife Manifesto (2015)[1], texto resultante do projeto coordenado pelo Professor Luciano Floridi, defende-se o fim da distinção entre o offline e o online, e destaca-se a ideia de que as tecnologias digitais e as redes de comunicação não podem ser encaradas como meras ferramentas, mas como forças ambientais que afetam a nossa auto-conceção (quem somos), as nossas interações (como socializamos) e a forma como ensinamos e como aprendemos.

Numa altura que são apresentados planos de ação para uma educação mais digital, quer a nível nacional, quer internacional, como são os casos do Plano de Ação para o Desenvolvimento Digital das Escolas (PADDE)[2] em Portugal e do Plano de Ação para a Educação Digital (2021-2027)[3] pela Comissão Europeia, torna-se necessário pensar num paradigma que permita dar “corpo” a estes planos de ação com linhas de ação estratégicas semelhantes, sobretudo, associadas à necessidade, por um lado, de criar e desenvolver um ecossistema de educação digital eficaz e de qualidade, com infraestruturas, conectividade e equipamento digitais e conteúdos de aprendizagem de elevada qualidade, e por outro, de reforçar as competências e aptidões digitais para a transformação digital de todos os atores educativos.

Foi, também, com a intenção de pensar nesse novo paradigma que, em 2020, já durante o período da pandemia, foi criada a Rede Internacional de Educação OnLIFE[4] (RIEOnLIFE), rede organizada pelo Grupo de Pesquisa Educação Digital (GPe-dU-UNISINOS/CNPq/Brasil), em parceria com a Universidade Aberta (Portugal), e vinculada ao projeto de investigação Transformação Digital na Educação: Ecossistemas de Inovação em Contexto Híbrido e Multimodal, financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)/ do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações do Brasil, que tem como principal objetivo criar uma plataforma de Educação OnLIFE, conectando investigadores, gestores, professores e alunos para, a partir do conhecimento das diversas realidades educacionais, configurar um novo ecossistema digital de inovação na educação, mais híbrido e blended.

Com efeito, estes planos de ação de educação digital sublinham a importância de criar um ecossistema inovador que permita combinar diferentes presenças (físicas e digitais), tempos (síncronos e assíncronos), tecnologias (analógicas e digitais), culturas (pré-digital e digital) e, sobretudo, articular diferentes espaços e ambientes de aprendizagem (analógicos e digitais). Mas, mais do que a integração de ambientes físicos e virtuais de aprendizagem, este ecossistema deve afirmar-se como um conceito de educação total caracterizado pelo uso de soluções híbridas, envolvendo a interação entre diferentes modalidades, abordagens pedagógicas e recursos tecnológicos.

Falar, pois, em processos de inovação sustentada neste contexto, e não disruptivos, significa que estas formas híbridas, devem apresentar-se como uma tentativa de oferecer “o melhor dos diferentes mundos”, porque na realidade esta “promessa” de obtenção do “melhor” pode aliar com sucesso, por exemplo, as vantagens da sala de aula física com os benefícios das salas de aula virtuais, permitindo assim que todos os professores sejam incorporados neste processo de transição e de mudança. Implementar um ecossistema de educação digital hyflex e blended, não como um processo de disrupção pura, mas como um processo de inovação sustentada, permitirá avançar para a ideia de uma comunidade educativa unida nos seus propósitos de mudança. Creio, pois, que este é o caminho para a mudança para esta realidade mais digital...

E não é exatamente um caminho completamente novo, porque nos últimos quinze anos, as experiências blendedaumentaram significativamente, como resultado das diferentes iniciativas para inovar pedagogicamente, sobretudo no ensino para comunidades itinerantes, no ensino para alunos atletas de alta competição, bem como em escolas de áreas remotas ou em situações de emergência relacionadas com conflitos armados ou catástrofes naturais.

E é por estas razões que defendo um novo ecossistema de educação digital OnLife, hybrid e blended, sendo que o importante é que as decisões sejam baseadas no que é melhor para o aluno em função do contexto, que haja uma compreensão clara e uma justificação sólida para a incorporação deste ecossistema e que as ações sejam cuidadosamente planeadas, criadas e monitorizadas.

Mas para além disso, esta nova realidade requer também um alto nível de competência e inovação por parte dos professores e dirigentes escolares e uma mudança no sistema educativo e nos seus mecanismos de apoio, a nível de legislação e estruturas, recursos, desenvolvimento profissional e garantia de qualidade.

Com efeito, é necessário definir um novo “quadro” legislativo com uma estrutura flexível que permita que as mudanças aconteçam. Um quadro que contemple, por exemplo, uma existência formal e “visível” dos ambientes virtuais, com um espaço e um tempo próprio na componente letiva; que descreva como os currículos e a avaliação podem ser abordados ou ajustados para funcionar de forma eficaz nesta nova realidade mais híbrida; que defina diretrizes para estruturas mais flexíveis e combinadas de ensino e aprendizagem; e que exija que todos os agentes educativos realizem formação neste domínio.

Este cenário exige, pois, que após este período de emergência mundial, se criem e desenvolvam mais estruturas que respondam a estas mudanças e às necessidades da formação docente, que realcem a realidade multifacetada, multidimensional, multidisciplinar e multicultural, assim como a articulação de saberes que se exige aos atuais professores, integrados na anunciada, já há bastante tempo, sociedade digital em rede. O futuro está aí e precisamos de avançar já para a operacionalização dos planos de ação anunciados. Depende de todos nós criar uma nova Educação Digital Onlife de Qualidade em prol dos nossos alunos e cidadãos.
José António Moreira

[1] Disponível a partir de: https://link.springer.com/book/10.1007/978-3-319-04093-6#about
[2] Disponível a partir de: https://www.dge.mec.pt/pcdd/pdde.html
[3] Disponível a partir de: https://ec.europa.eu/education/education-in-the-eu/digital-education-action-plan_pt
[4] Disponível a partir de: http://rieonlife.com/