A nova moda parece que veio para
ficar… Mas, a verdade é que a nova moda
“é mais velha que a Sé de Braga”. Em "O Público", Nuno Crato vem
dizer uma novidade velha: que as metas
visam "definir com clareza o que se quer que cada aluno aprenda"
acrescentando na notícia que as metas vão “clarificar aquilo que, nos
programas, deve ser prioritário, os conhecimentos fundamentais a adquirir e as
capacidades a desenvolver pelos alunos (...)”. Ou seja, voltamos a baptizar com
nomes de "metas" os velhos "objectivos" que mercê de um
moderno e também anglo-saxónico "lifting" (e de uma verborreia
"palavrítica") mudam de lexema (termo) conforme se muda de camisa
(perdão, de ministro ou de governo!). Vários ministyros passaram pela pasta da
Educação nos últimos tempo. A Educação chegou ao descalabro que temos hoje
porque cada Ministro chega e preocupa-se por deixar o seu
"chichi". Depois de tantas e
tantas voltas à sardinha, finalmente voltamos a dar com o rumo certo para o
barco educativo.
As Metas Curriculares para o Ensino
Básico marcam o regresso à clareza e ao rigor do trabalho docente. Há muito que
se esperava pelo regresso à ênfase nos conteúdos, ordenando-os sequencial e
hierarquicamente, com uma definição clara e rigorosa dos objetivos a atingir
pelos alunos. Tal como conhecera nos programas quando começamos a exercer a
docência. Parece que temos um regresso aos valores fundamentais da exigência
própria da pedagogia contra os da benevolência e facilitismo próprios da
demagogia. A Taxonomia dos Objetivos Educacionais, de Benjamim Bloom, renasce
com a forma de encarar a Educação do Ministro Nuno Crato. Esperemos que impere
o bom senso noutras matérias.
Todos sabemos (menos os
políticos, é claro!) que as metas são os objetivos (vestidos com uma ornamenta
diferente, mas não passam de objetivos!) e que estes fazem parte da organização
do ensino há mais de 40 anos também em Portugal. Andamos a remar
sistematicamente para pontos cardeais diferente porque não sabemos muito bem
para onde queremos ir! Há mais de 5 anos escrevíamos que Está na Hora do Grito
do Ipiranga na Educação. Hoje, queremos aqui relançar o desafio: É urgente o
“Grito do Portuga” na Educação.
Sem dúvida. Cada vez mais nos
convencemos de que enquanto a Educação de um país estiver à mercê de guinadas
políticas ou politiqueiras passaremos o tempo inovando regressivamente, em
busca do nada transformando muitas horas de investimento dos alunos e dos
docentes para satisfazerem os caprichos dos (des)governantes do barco
Educativo. A Educação é muito mais melindroso que dirigir um barco, ou um
navio. Mais se assemelha a dirigir um avião. Como tal, não se compadece com
guinadas para a esquerda ou para a direita, para cima ou para baixo. Até ao
presente temos navegado com timoneiros que sem rumo, muito pior que se navegassem
"à bolina". Em Portugal, tal como no tempo do Titanic, "quem
sabe, faz!" e "quem não sabe... manda!". Assim, temos os
professores que fazem. E, quantas vezes têm de “fazer das tripas coração”, e
aguentar as críticas injustas da sociedade (muitas vezes manipuladas com a
ajuda de certos jornalistas e comentadores ingratos ou frustrados) enquanto se assiste á debandada dos
irresponsáveis políticos (forçosamente, é claro, porque são colocados na rua
cada vez que há eleições!) que são os únicos responsáveis ao determinarem os
currículos, os percursos, os objetivos, as competências ou as metas educativas.
Depois… Sim. Depois lá vêm outro
conjunto de políticos com as suas ideias, marcar o terreno como cães que
desejam deixar a sua marca no território educativo, com o seu “chichi”. E o
primeiro que fazem é maltratar (de forma insensível e indecente) o corpo
docente como se cada professor fosse apenas um número ou uma mercadoria...
Criam sistemas infernais que perseguem a vida dos professores, transformando o
seu quotidiano em extensões das salas de aula: seja na rua, no café, em casa,
ou até na cama!
E, para conseguirem os seus
intentos de “deixar marcas” lá criam sistemas absurdos de colocação,
desrespeitando todas as regras básicas de justiça, obrigando professores a
andar "de maço para cabaço", de um ponto do país para outro, com as
suas trochas por anos e anos. Isto é a prova da incompetência dos sucessivos
ministérios que não têm competência para usar uma das ferramentas fundamentais
da actualidade: a informática. Com os recursos tecnológicos actuais, não se
compreende como o ministério se recusa a colocar professores o melhor possível
para que se sintam “motivados” para o exercício das suas funções com vista à
obtenção dos melhores resultados. O
sistema injusto de colocação dos docentes transformou-se num autêntico martírio
para docentes que se vêem afastados do direito a uma vida familiar.
Ser docente exige hoje mais
espírito de missionário que a missão abraçada voluntariamente por muitos
sacerdotes. Gastam o que ganham em deslocações e ainda por cima, devem
agradecer o facto de terem o direito a trabalhar...! Com efeito, enquanto os
“ministros da igreja” estão vocacionados para servir sem esperar nada em troca,
os docentes formaram-se para servir recebendo no mínimo um tratamento e um
salário condigno para que tenham uma vida digna e dignificante. Acresce que, os
sacerdotes nunca são culpabilizados nem pela pobreza nem pela morte. Ao
contrário, os docentes são o bode expiatório de todos os males da sociedade que
não é capaz de criar uma verdadeira igualdade de oportunidades (uma verdadeira
utopia, tal como é a de criar um idêntico nível cultural e de recursos nas
casas das nossas crianças!). Façamos o que façamos, de um modo médio, bom ou
excelente, sempre virá um ministro mais de esquerda ou mais de direita (e se
querem, mais de cima ou mais de baixo!) a seguir a outro voltando todo o
trabalho docente "de patas arriba”!
E, claro. Voltamos à estaca zero.
Preparados para levar, mais uma vez paulada. Os resultados que surgirem das
guinadas, se forem bons, será sempre mérito dos governantes. se forem maus,
culpa dos professores.
Até quando? Simples resposta. Até
que sejamos capazes de expulsar os governantes do governo da Educação!
J. Ferreira