quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

A opinião de Santana Castilho sobre o processo negocial com o ME

Santana Castilho - Público

A nova proposta de “reposicionamento” na carreira é um ardil arbitrário e injusto para atacar os professores.

Quem tenha acompanhado o comportamento negocial do Ministério da Educação após a assinatura do compromisso estabelecido com os sindicatos, em 18 de Novembro de 2017, vê inflexibilidade e má-fé. Entre outras, duas questões são determinantes no conflito latente, sendo que a ordem para as resolver não é arbitrária: primeiro, o reposicionamento correcto na carreira (porque os professores recém-vinculados não podem ser alvo das interpretações delirantes da secretária de Estado Alexandra Leitão); depois, (e só depois para não se amplificarem as injustiças de reposicionamentos incorrectos) a recuperação do tempo de serviço, como referido na declaração de compromisso e recomendado pela Resolução n.º 1/2018, da Assembleia da República. 

O Estatuto da Carreira dos Educadores de Infância e dos Professores dos Ensinos Básico e Secundário diz, no número 3 do seu artigo 36º, que o ingresso na carreira se faz “no escalão correspondente ao tempo de serviço prestado em funções docentes e classificado com a menção qualitativa mínima de Bom, independentemente do título jurídico da relação de trabalho subordinado, de acordo com os critérios gerais de progressão”. Parece-me um texto claro, à luz da semântica linguística. Mas conhecendo a apetência da secretária de Estado Alexandra Leitão para apresentar como girafas gatos a quem simplesmente puxou pelo pescoço, percebo que queira colocar em escalões mais baratos os professores recentemente integrados na carreira, depois de décadas de trabalho escravo em funções docentes. O que não percebo é que sindicalistas experientes tenham caído na armadilha de “delegar” no Conselho Consultivo da Procuradoria-Geral da República a decisão sobre se o tempo de serviço antes da profissionalização pode ser considerado para reposicionamento na carreira. Desconhecem, acaso, que quando ouvimos dois juristas esperam-nos, pelo menos, três opiniões? Para quê correr o risco de substituir factos por fictos? 

A história da aplicação do estatuto é a história da consideração de todo o serviço docente, incluso o cumprido antes da profissionalização. Somar esse facto à clareza do supracitado artigo teria sido evidência suficiente para uma posição de força, negocial e ética, que não para a frouxidão das guerras de alecrim e manjerona em que os sindicatos sistematicamente se envolvem e que terminam, também invariavelmente, com a desistência no momento da ruptura clarificadora. Foi assim com o “memorando de entendimento” de 2008, foi assim com o “acordo de princípios” de 2010, foi assim com a greve à avaliação do 12º ano no tempo de Nuno Crato, está a ser assim com o compromisso de 18 de Novembro último. Trata-se de efemérides com traços comuns: num primeiro momento, provisório, os sindicatos parecem ganhar e o ministério consegue acalmar os ânimos das massas; num segundo momento, definitivo, o ministério, com má-fé, impõe por lei o que, anteriormente, tinha “acordado” ou “entendido” ser para negociar. 

Findo o encantamento nupcial com Tiago Brandão Rodrigues, finda a coreografia negocial, traduzida em reuniões sem resultados, que se prolongam para além do que o senso comum faria supor, perde a força da razão e ganha a razão da força. Soçobra a coesão e substitui-se firmeza por frouxidão. A nova proposta de “reposicionamento” na carreira é um ardil arbitrário e injusto para atacar os professores. Mas a confusão que já introduziu serve bem a estratégia do Governo para arrastar o processo e multiplicar os conflitos dentro da classe docente. A resposta dilatada no tempo (12 a 16 de Março) e o instrumento escolhido no plenário de 2 de Fevereiro (greve pingada por regiões, de duvidoso impacto) pode prejudicar uma mobilização expressiva dos professores, num momento particularmente grave. 

Não, não é discurso anti-sindicatos, que sem eles seria bem pior. É simples reconhecimento do que tem sido e receio de que volte a ser. 

terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Orçamento Participativo das Escolas 2018

Pelo segundo ano consecutivo, o Ministério da Educação (ME) Orçamento Participativo das Escolas (OPE), uma iniciativa que Portugal levou a cabo de forma inédita, permitindo aos estudantes do 3.º ciclo e do ensino secundário envolverem-se e participarem ativamente na vida da sua Escola.


“Meter no mesmo saco” realidades tão diferentes resulta injusto

David Rodrigues - Público

Será que o ranking da escola seria diferente se, em lugar do telefonema a perguntar qual a posição da escola, a pergunta fosse como é se pode colaborar nas atividades da escola?

Logo de manhã o telefone tocou e tocou. Muitos pais queriam saber qual era o lugar em que a escola tinha ficado no ranking. Os funcionários e mesmo a direção da escola foram respondendo com o número. As pessoas simplesmente agradeciam — “Tá bem. Obrigado!” —, mas algumas não se contiveram e comentaram: “Só?” E as pessoas que trabalham na escola perguntavam-se: “Que é isto?”

Todo este movimento conduziu-nos à saudável situação de se debater educação no nosso país. Debater educação não é debater os fait-divers de uma escola, de um agrupamento, de uma experiência; é sobretudo trazer à luz as razões das opções que se tomam ou que achamos se deviam tomar. E assim, a publicação anual do ranking das escolas acaba por originar este debate, esta manifestação de argumentos, enfim, um bem que vem por mal. De certa forma, quando é publicada uma lista “das melhores escolas” logo surge a pergunta: “melhores em quê?” O desporto — talvez uma das atividades humanas onde esta ânsia “do melhor” é mais inflamada — já se preveniu para a dificuldade desta pergunta. Criou modalidades, especialidades, “posições nos desportos coletivos”, etc., etc. De forma que sempre podemos dizer que fulano é “o melhor defesa esquerdo da terceira divisão distrital neste mês”. No futebol sabe-se que efeito desastroso seria colocar Cristiano Ronaldo a guarda-redes e Rui Patrício a “ponta-de-lança”. A questão “melhor em quê?” encoraja-nos uma resposta: “melhor a resolver os problemas específicos que se lhe deparam”

Ora se o “melhor for para resolver os problemas que se lhe deparam”, teríamos que dizer que o problema da Educação seriam os exames, dado que o ranking é elaborado com base nos resultados dos exames nacionais. Mas o problema da Educação são os exames? Digamos que... se acabássemos com os exames acabávamos com os problemas na educação? Ninguém acreditaria nisto. Os desafios da Educação contemporânea vão muito para além de termos alunos com bom desempenho nos exames nacionais, talvez o pudéssemos situar num objetivo bem mais complexo e ambicioso: “Educar com qualidade todos os alunos”. Devemos concordar que para avaliar este objetivo o ranking das escolas é bem insuficiente. Diríamos que por três razões:

Antes de mais porque os problemas com que as escolas se deparam não são os mesmos. Para umas escolas a questão principal é segurar os alunos para que eles não desistam, para outras é motivar os alunos para obterem as noções fundamentais de literacia, para outras é resolver sérios problemas de disciplina, para outras é lidar com a heterogeneidade dos alunos, para outras é a desmotivação dos professores, para outras é relacionar-se com os pais, etc. Para muitas escolas seria um verdadeiro presente se a preocupação central, única ou até predominante fosse “a aprendizagem dos conteúdos”. Mas quantas prioridades se intrometem antes de lá chegar!

Um outro aspeto é que os resultados dos alunos não são só fruto da intervenção da escola. Conhecemos melhor que nunca o efeito que a literacia das famílias tem no aproveitamento dos alunos. Os meios socioeconómicos de que os alunos são provenientes influenciam fortemente a previsão dos resultados da escola. A isto se poderia acrescentar um fenómeno extraordinário e ainda pouco estudado no nosso país, que são os “Centros de Estudos”. Há centros de estudos que detêm dossiers com os testes de anos anteriores de cada professor. Isto é uma vantagem bem pouco democrática para o sucesso nos testes e mesmo nos exames. Nos exames não são só as escolas e os alunos que comparecem.

Por fim, diríamos que os rankings enfermam de uma dificuldade que há mais de 50 anos já foi encontrada nos testes psicológicos: procuram através de uma amostra pequena, simples e estandardizada avaliar todo um percurso longo, complexo e singular. O exame nacional avalia unicamente — e com elevados riscos — os conhecimentos situados e específicos de um determinado conteúdo. O que fica de fora? Bom... fica toda a educação, fica o conhecimento do que foi o progresso do aluno, fica de fora o processo (dado que só o resultado interessa), fica de fora o que se aprendeu a fazer, a conhecer, fica de fora a vida da escola. Como poderemos querer que os estudantes se interessem pela vida na escola se só valorizamos os exames? Lembro que no fim de uma aula que um professor procurou que fosse de escuta das opiniões dos alunos, de debate de ideias, um aluno lhe perguntou no fim: “Ó sotor, disto tudo o que é que vem para o exame?”

A Educação, como toda a atividade humana, precisa de ser criteriosamente avaliada. “Meter no mesmo saco” (isto é, nos resultados dos exames nacionais) realidades tão diferentes resulta injusto. Ter critério quer dizer que não pode haver boa avaliação sem levar em conta o processo e os meios que se colocaram para o objetivo.

Será que o ranking da escola seria diferente se, em lugar do telefonema a perguntar qual a posição da escola, a pergunta fosse como é se pode colaborar nas atividades da escola?

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Prazo de reclamação do Recenseamento alargado até ao dia 8

Informamos que após inúmeras exposições enviadas para a DGAE quanto às dificuldades de cumprimento do prazo final de preenchimento da aplicação Verificação de dados/reclamação do Recenseamento, a DGAE vai disponibilizar a aplicação de Recenseamento / Reclamação até às 18 horas de dia 8 de fevereiro de 2018.

Orçamento Participativo Portugal 2018

Este ano, poderão ser apresentadas propostas para o OPP através do site https://opp.gov.pt/, preenchendo um formulário simples no qual deverão ser indicadas as áreas de governação em que se inscrevem as propostas. Todas as áreas de governo estão elencadas no formulário OPP. 

No Portal OPP poderão aceder a toda a informação necessária para apresentação das propostas, como participar, quais os critérios da análise das propostas apresentadas, quem pode participar e quais as diversas fases do processo e respetiva calendarização.

Como Participar

As pessoas podem participar apresentando e votando ideias para o país.

É simples. Entre 24 de Janeiro e 24 de Abril todos podem apresentar propostas no portal do OPP ou em encontros participativos, em diferentes locais do país. A votação começa no dia 11 de Junho. Pode registar a sua proposta ou votar nos projetos da sua preferência nas bibliotecas públicas e municipais e Espaços Cidadão.

Até dia 30 de Setembro todos podem escolher, através do voto, como vão ser investidos os 5 milhões de euros do OPP.

Consulta Pública: Estratégia Nacional para a Igualdade e a Não Discriminação 2018-2030 – Portugal + Igual

Encontra-se em consulta pública a Estratégia Nacional para a Igualdade e a Não Discriminação 2018-2030 – Portugal + Igual

A Estratégia Nacional para a Igualdade e Não Discriminação 2018-2030 - Portugal + Igual foi aprovada em Conselho de Ministros a 11 de janeiro de 2018 e será coordenada e monitorizada pela CIG – Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género.

A Estratégia apresentada traduz-se em três planos para os próximos quatro anos, que serão avaliados ao longo da sua implementação:

• Plano nacional de ação para a igualdade entre mulheres e homens (PNAIMH).

• Plano nacional de ação para a prevenção e o combate à violência contra as mulheres e violência doméstica (PNAVMVD).

• Plano nacional de ação para o combate à discriminação em razão da orientação sexual, da identidade de género e características sexuais (PNAOIC).

Salienta-se a importância da participação de todos nesta discussão e reflexão. Os contributos daí resultantes deverão ser enviados, até ao dia 15 de fevereiro de 2018, para o seguinte endereço de correio eletrónico: gabinete.seci@mpma.gov.pt.

Para mais informações aceda ao Portal do Governo

domingo, 4 de fevereiro de 2018

Voltaram os VERGONHOSOS RANKINGS


Por que NÃO FAZEM o RANKING do NÍVEL ECONÓMICO das FAMÍLIAS dos ALUNOS que OBTIVERAM MELHORES RESULTADOS??

Ao ouvir, na RTP1, uma jornalista dizer que "a receita do sucesso está na cultura de equipa... " deu-me uma enorme vontade de rir!!

Quantos cidadãos de minorias étnicas ou comunidades pobres, vivendo em bairros sociais (ou bairros de lata) estão a frequentar essas escolas cimeiras do Ranking?

Ora, o sucesso está na capacidade de poder escolher os alunos. Não porque considere que as privadas se recusam a aceitá-los mas, porque os alunos com maiores dificuldades (menores recursos, menores potencialidades, oriundos de famílias mais carenciadas, desestruturadas, cujos pais apresentam um mais baixo nível de escolaridade) nem se atrevem a entrar nas Escolas Privadas para inscreverem os seus filhos.

Se aparecessem, estou convencido de que as Escolas Privadas aceitariam as matrículas. O que duvido é que fossem admitidos sem pagarem o que lhes é exigido!!! Aliás, estou profundamente convencido de que, na hora em que fossem admitidos, a maioria das "famílias top" (que querem proteger os seus filhos da miscelânea e balbúrdia que a Escola Pública não pode recusar porque não tem quaisquer meios de fazer uma selectividade) fugiria, imediatamente, com os seus filhos para as Escolas Públicas...!

Fazendo um paralelismo com outras áreas da vida pergunto: Será que o sucesso do Porto, do Sporting ou do Benfica está na cultura de equipa... ou no nível dos jogadores contratados?

Em educação, os portugueses misturam escolas (clubes) que têm capacidade (se não directa, pelo menos indirecta!) para escolher alunos (jogadores) com os que não podem escolher alunos (jogadores)!!!

Comparam clubes da 1ª Liga e que têm todas as condições (como Porto, Sporting, Benfica, ...) com clubes da mesma Liga sem nenhumas condições?? Não! Por que será que há objetivos diferentes em níveis diferentes do mundo do futebol? Numa mesma Liga, uns querem ser campeões, outros aspiram chegar às competições europeias e, outros ainda, apenas pretendem manter-se na mesma divisão.

Já imaginaram se o Ronaldo e outros craques jogassem no Tondela?? Por que será que os jornalistas não fazem Ranking de Clubes de Futebol comparando os resultados de todos os clubes, metendo-os todos no mesmo saco?

Em Portugal, no que respeita a Educação, mistura-se tudo! E compara-se o incomparável...

Porque não fazem o mesmo sobre os clubes de Futebol? E já agora, com o nível de vida das diferentes Autarquias do país...? Afinal, como nas escolas, todos os clubes têm o mesmo número de jogadores...!

Conclusão: TEMOS UM JORNALISMO QUE METE NOJO...!

Que me diz o leitor??

Joaquim Ferreira 

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

19ª Reserva de Recrutamento 2017/2018

Publicitação das listas definitivas de Colocação, Não Colocação, Retirados e Lista de Colocação Administrativa dos Docentes de Carreira – 19ª Reserva de Recrutamento 2017/2018.




Aplicação da aceitação disponível das 0:00 horas de segunda-feira, dia 5 de fevereiro, até às 23:59 horas de terça-feira, dia 6 de fevereiro de 2018 (hora de Portugal continental).

RR 20 – 9 de fevereiro de 2018

Verificação de dados/reclamação do Recenseamento

Encontra-se disponível a aplicação Reclamação, que permite ao docente manifestar a sua concordância ou efetuar reclamação relativamente aos dados introduzidos no Recenseamento, das 10:00h do dia 2 de fevereiro até às 18:00h de Portugal Continental do dia 6 de fevereiro de 2018.

SIGRHE

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Internet mais Segura - Seminário em Braga

O Consórcio Centro Internet Segura, do qual a Direção-Geral da Educação faz parte, para assinalar a efeméride europeia - Dia da Internet mais Segura 2018 – que este ano tem como tema “Cria e partilha com responsabilidade: Uma Internet melhor começa contigo”, irá realizar um seminário em Braga, no dia 6 de fevereiro, com duas sessões distintas.

Durante a manhã, entre 9h30 e as 13h00, vários especialistas irão contribuir com a sua perspetiva nas mais diversas áreas de atuação na sociedade portuguesa (academia, media, psicólogos, entre outros parceiros), numa sessão que decorrerá no Auditório do Centro Multimédia do Instituto de Educação da Universidade do Minho.
No período da tarde, entre 14h15 e as 18H00, o Consórcio, com o apoio do DNS.pt, apresentará uma sessão de debate, dirigida ao publico jovem, sobre a criação e partilha de conteúdos na Internet de forma responsável e consciente, e a apresentação da peça de teatro “ID, a tua marca na NET 2.0”, que terá lugar no Auditório do IPDJ.

Programa da manhã (auditório do CM, Instituto de Educação, U. Minho) - ConviteInscrição

Programa da tarde (auditório do IPDJ de Braga) - ConviteInscrição

Confirmação dos dados do recenseamento pelos docentes

Informamos que a partir do próximo dia 2 de fevereiro será disponibilizado, pelo prazo de 3 dias úteis, na plataforma SIGRHE, um módulo onde os docentes devem confirmar os dados que foram carregados na aplicação "Recenseamento".

Com esta funcionalidade os docentes podem manifestar a sua concordância relativamente à informação registada ou reclamar perante o Sr.(a) Diretor(a)/Presidente da CAP relativamente a algum dos dados introduzidos, em campo destinado para o efeito.

Confirmação dos dados do recenseamento de 2 a 6 de fevereiro

Estudo sobre o desgaste emocional dos professores e sobre as condições em que trabalham


Pretende ser o maior estudo de sempre sobre o desgaste emocional dos professores, “burnout” incluído”, e sobre as condições em que estes trabalham - se há cansaço, desânimo, desmotivação ou, pelo contrário, alegria. Ainda não há conclusões - essas serão divulgadas em junho - mas já há algumas certezas. “Estamos a assistir a um adoecimento inédito dos professores nas últimas quatro décadas”, diz Raquel Varela, investigadora da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova e coordenadora de um estudo em curso sobre o desgaste dos professores, realizado em parceria com a Fenprof
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Enquanto investigadora que tem dedicado parte do seu tempo a temas da área da educação, que mudanças considera urgentes? A educação em Portugal precisa de uma grande reviravolta?
Acho que é urgente melhorar os salários, o reconhecimento e o respeito público, as condições de trabalho e a gestão. Precisamos de voltar a uma gestão democrática. Os locais de gestão hierárquica são altamente propensos ao adoecimento no trabalho.
Isso significa exatamente o quê?
Significa que a gestão hierárquica, tendo sido transporta das fábricas e linhas de montagem, é impositiva, encara as pessoas como uma folha de excel e tende a não conseguir estabelecer tão bem modos de funcionamento saudáveis nos mercados de trabalho. Esta gestão desconhece que cada pessoa é uma pessoa e tem o seu próprio ritmo de vida e de trabalho, e as suas próprias capacidades.
E como traduziria isso para o contexto escolar? O que deveria mudar nas escolas nesse aspecto?
Os diretores, por exemplo, deveriam ser eleitos pelos seus pares e em conselho. Não deveria haver a figura do diretor, mas sim a figura de um conselho diretivo como era até aqui. Isto estende-se a outra questões, relacionadas nomeadamente com a organização da própria escola. Deveria haver mecanismos à escala nacional que garantissem a participação dos professores nas decisões que são tomadas. Os professores não são meros executantes das decisões pensadas e tomadas por outros, até porque isso leva a uma separação entre trabalho manual e intelectual. Os professores não são meros autómatos.

Considera que chegámos a uma espécie de situação limite na carreira docente, sendo por isso tão necessário este estudo neste momento?
Sim, considero que sim. Estamos a assistir a um envelhecimento e a um adoecimento inéditos no corpo docente nas últimas quatro décadas. E isso é de facto uma situação limite. Em breve, deixaremos de ter professores e qualidade suficiente para formar novos alunos. Nesse sentido, estamos a pôr o país em risco.

Recomendação ao Governo para que assegure o bom funcionamento das cantinas e dos bufetes escolares

Publicada, no Diário da República, a Resolução aprovada no Parlamento que recomenda ao Governo que assegure o bom funcionamento das cantinas e dos bufetes escolares.

quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

As Escolas esperam por uma ligação eficiente de Internet e de material adequado ao século XXI

Criação de um grupo de trabalho com o objetivo de estudar e propor um plano para a instalação de uma rede integrada de serviços públicos de comunicações interligando escolas e juntas de freguesia


1 - É criado um grupo de trabalho com o objetivo de estudar e elaborar um plano para a criação e instalação de uma rede integrada de serviços públicos de comunicações para o sistema educativo e científico nacional, e de promoção de uma cidadania digital inclusiva através da ligação de todas as juntas de freguesia.

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Autorização para a acumulação de funções

O exercício da atividade docente, enquanto função pública, é norteado pelo princípio da exclusividade, carecendo de autorização a acumulação de funções, conforme disposto no artigo n.º 23.º da Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas, aprovada pela Lei n.º 35/2014, de 20 de junho.

A acumulação de funções encontra-se estabelecida no artigo 111.º do Estatuto da Carreira Docente dos Educadores de Infância e dos Professores dos Ensinos Básico e Secundário (ECD), na redação que lhe é conferida pelo Decreto-Lei n.º 41/2012, de 21 de fevereiro.

A Portaria n.º 814/2005, de 13 de setembro, vem regulamentar o regime de acumulação de funções e atividades públicas e privadas dos educadores de infância e dos professores dos ensinos básico e secundário, previsto no artigo n.º 111.º do ECD.


Manual de apoio ao interessado para submissão de pedido de acumulação de funções

MANUAL DE PROCEDIMENTOS DO INTERESSADO

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Guiões de Educação Género e Cidadania



GUIÃO DE EDUCAÇÃO Género e Cidadania Pré-Escolar


GUIÃO DE EDUCAÇÃO Género e Cidadania 1º Ciclo


Guião de Educação 2º ciclo Género e Cidadania


Guião de educação género e cidadania: 3º ciclo do ensino básico



Conhecimento,Género e Cidadania no Ensino Secundário

Entrevista do Presidente do Conselho das Escolas ao DN


Presidente do Conselho de Escolas critica a falta de transparência na aprovação dos orçamentos das Escolas

O presidente do Conselho de Escolas, José Eduardo Lemos, critica a falta de transparência na aprovação dos orçamentos das Escolas. E diz que a falta de informação e esclarecimentos sobre o descongelamento só pode gerar ceticismo nos docentes, que estão à espera para ver para crer.

Voltaram recentemente a ser noticiadas as dificuldades de tesouraria das escolas para fazerem face a despesas como a água, a luz, o gás. Numa altura em que as escolas se preparam para apresentar ao Ministério da Educação as propostas de orçamento para o próximo ano, acredita que será desta vez que a questão do subfinanciamento ficará resolvida?
Acreditar é ter fé e eu penso que o problema real do subfinanciamento não é uma questão de fé, mas sim uma questão de âmbito político e de gestão do sistema educativo. Não vejo sinais políticos que me levem a pensar que haverá alterações na gestão do sistema educativo que tornem o financiamento das Escolas mais transparente, mais criterioso, mais previsível e mais adequado às suas necessidades. Acresce que não me recordo de uma única proposta de orçamento que tivesse sido acolhida na totalidade, ou perto disso, pelo organismo que gere financeiramente o setor da Educação. Na verdade, o orçamento de cada escola é da responsabilidade do Instituto de Gestão Financeira o qual, que se saiba, nunca divulgou os critérios, nem os elementos concretos que justificam o orçamento atribuído às escolas em geral, muito menos junto de cada a cada Escola.

O atual governo convocou as escolas para projetos ambiciosos - o plano nacional de promoção do sucesso escolar, a gestão flexível dos currículos, entre outros. Como avalia a implementação destes programas até agora?
Penso que ainda será cedo para avaliar os efeitos concretos da implementação destes projetos, especialmente o da gestão flexível do currículo, uma vez que se trata de um projeto mais recente. Neste momento, penso que é possível dizer com alguma segurança que o plano nacional de promoção do sucesso escolar transferiu para muitas escolas alguns recursos humanos de que necessitavam e que permitiram reforçar o apoio aos alunos e, nessa medida, promover o sucesso. O Plano desafiou as Escolas a identificarem bem algumas causas do insucesso e a estabelecerem objetivos e medidas concretas para as combater. Embora não tanto como se propagandeou - a vertente da formação dos professores está atrasada e a parte de financiamento para equipamentos, via CIMs e Áreas Metropolitanas, ainda não se materializou - penso que o PNPSE foi vantajoso para as Escolas. Quanto à gestão flexível do currículo, ainda não existem dados firmes e fiáveis que permitam avaliar os impactos que esta terá no sucesso e nas aprendizagens dos alunos. Esta é uma das razões que, do meu ponto de vista, desaconselham vivamente a generalização pretendida pelo Ministério da Educação.

Este é o ano do há muito esperado descongelamento das carreiras e dos reposicionamentos dos professores. De que forma essa realidade se está a refletir no quotidiano das escolas? Os professores estão mais otimistas e motivados ou, pelo contrário, a incerteza em torno deste processo está de alguma forma a atrapalhar o seu trabalho?
Neste momento, penso que o descongelamento das carreiras ainda não se refletiu nas Escolas, uma vez que ainda nenhum docente sentiu qualquer benefício na carreira daí decorrente. A falta de informação e esclarecimentos às Escolas sobre o descongelamento só pode gerar ceticismo nos docentes, que estão à espera para ver para crer. Nos últimos anos, os docentes têm assistido a uma marcante desvalorização da carreira e a um constante desrespeito pela dignidade do seu trabalho e profissão que já só acreditam nas "boas notícias" quando as veem materializadas.

Está a iniciar o seu segundo mandato à frente do Conselho das Escolas. Que questões gostaria de ver debatidas e resolvidas como o Ministério da Educação neste novo ciclo?
Penso que muitas das questões que afetam a educação já foram debatidas no seio do CE e o Ministério da Educação sabe o que pensamos sobre elas. Genericamente, o Conselho tem interesse e encorajará sempre o Ministério da Educação a trabalhar no sentido de valorizar a Escola pública e os seus agentes; de dotar as Escolas que o pretendam de mais autonomia administrativa, financeira e de gestão de recursos; de aliviar todas elas, de uma cada vez mais visível e asfixiante burocracia imposta pela Administração Educativa; de divulgar dados relevantes do sistema educativo que o tornem mais transparente e permitam o escrutínio público. Temos interesse em que o Ministério defenda as Escolas da ânsia dos autarcas com propensão para gestores educativos e, enfim, temos interesse que o Ministério confie nas Escolas e as dote dos meios e recursos necessários a cumprirem a sua função e a oferecerem um serviço público de educação de qualidade às comunidades que servem.

A atual equipa do Ministério da Educação tem revelado maior abertura do que as suas antecessoras para debater as questões suscitadas pelas escolas?
As equipas do Ministério da Educação, todas elas, têm tido um relacionamento correto e adequado com o Conselho das Escolas. Mais do que debater os problemas que todos conhecemos, urge implementar medidas concretas e coerentes para os resolver.

E para tomar medidas que respondam a esses anseios?
Penso que não têm sido tomadas as medidas adequadas e suficientes para resolver os problemas (velhos) que as Escolas públicas têm sentido e de que têm dado voz.

A autonomia das escolas continua a ser uma utopia ou está mais próxima de ser concretizada?
Continua a ser uma utopia, tal como continua a ser necessário erguer a voz e os braços, prosseguindo a luta por esse objetivo.

Uma questão de justiça!

Regime especial de aposentação para Educadores de Infância e Professores do 1.º Ciclo do Ensino Básico

A 8 de junho do corrente ano na intervenção do 1.º ministro no debate quinzenal da Assembleia da República, relativamente à idade de reforma, António Costa admitiu a reforma antecipada para os monodocentes ao afirmar “…possa haver um conteúdo funcional distinto, em particular, relativamente àquelas situações onde há efectivamente discriminação, que tem a ver com situações de monodocência que não beneficiam de redução de horário”. 

Dentro dessa lógica, nas reuniões do ME com os sindicatos (que decorreram nos dias 6 e 9 de junho de 2017), assumiram o seguinte compromisso relativamente à aposentação: “Não estando ainda reunidas as condições políticas e orçamentais para assegurar, neste momento, qualquer regime de aposentação antecipada específico para a carreira docente, compromete-se o Ministério da Educação a garantir, nesta matéria, um acompanhamento próximo das soluções que, no plano setorial ou transversal a toda a Administração Pública, venham a equacionar-se, de forma a assegurar, para os trabalhadores docentes, o paralelismo de eventual tratamento diferenciado”. 

Face ao exposto, estamos perante um quadro com a seguinte realidade: o 1.º ministro reconhece a justiça de um regime especial de aposentação para os monodocentes, o ME compromete-se a nível de regime de aposentação antecipada a solucionar o paralelismo de tratamento diferenciado.

Estes factos não podem ser ignorados e as educadoras de infância e os professores do 1.º ciclo deverão por todos os meios fazer uma ampla divulgação dos citados factos e não se calarem enquanto não virem reposta a equidade que merecem usufruindo justamente de um regime especial de aposentação.
José Carlos Campos

sábado, 27 de janeiro de 2018

Seminário Internacional sobre Literacia Familiar denominado "Family Literacy Works!"

Vai decorrer nos próximos dias 12, 14 e 15 de fevereiro um dedicado à temática da Literacia Familiar denominado "Family Literacy Works!".
seminário Internacional

Este seminário terá lugar na Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, em Braga.

Dada a importância cada vez mais atual que tem esta tematica, pensamos que será um evento muito pertinente e importante, não só pelo tema em si mas também pela qualidade dos palestrantes.

Para mais informações consulte o site onde poderá fazer a sua inscrição.

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Nova tabela de preços e regras da ADSE para 2018




REDE DE CONVENCIONADOS 
REGRAS, PROCEDIMENTOS E TABELAS DE PREÇOS
Em vigor a partir de 01/01/2018

18ª Reserva de Recrutamento 2017/2018

Publicitação das listas definitivas de Colocação, Não Colocação, Retirados e Lista de Colocação Administrativa dos Docentes de Carreira – 18ª Reserva de Recrutamento 2017/2018.





Aplicação da aceitação disponível das 0:00 horas de segunda-feira, dia 29 de janeiro, até às 23:59 horas de terça-feira, dia 30 de janeiro de 2018 (hora de Portugal continental).

SIGRHE – aceitação da colocação pelo candidato


 RR 19 – 2 de fevereiro de 2018

"A valorização docente é uma responsabilidade de toda a sociedade, não é só uma questão de professores e alunos"

Elisabete Pogere - Ensino Magazine

A valorização docente é uma responsabilidade de toda a sociedade, não é só uma questão de professores e alunos.

De acordo com a perspectiva histórica, o trabalho do professor está relacionado à ideia de educação como um processo pelo qual as sociedades transmitem seus costumes, tradições, valores, ou seja, sua cultura, sendo a profissão docente o instrumento necessário para sistematização da transmissão cultural das sociedades. Esse movimento dialético de criação e transformação do homem e do seu mundo é o que sociologicamente conceitua-se como cultura. A oficialização do ensino público ocorre graças a oposição do imperador Juliano à expansão do cristianismo. Na tentativa de impedir a contratação de professores cristãos, exige que toda a nomeação de professor seja confirmada pelo Estado, passando os professores assim, a defender os interesses do mesmo. Esse entendimento é necessário, para que possamos contextualizar os diferentes momentos e exigências já feitas ao papel da escola na humanidade e por consequência de seus profissionais. Diante disso, importa agora fazer uma reflexão sobre a docência na atualidade, pois o assunto tem-se tornado centro de muitos debates, tornando-se central falar sobre a formação e a valorização do professor.

Na atualidade, o professor é colocado, para além dos saberes inerentes à profissão, face a novos reptos que exigem um conjunto de competências sociais e humanas, sem as quais se torna inexequível o exercício profissional frente aos desafios deste século. Assim, os professores são convidados a desenvolver e liderar um processo de transformação social como refere Roberto Carneiro em seu livro "Fundamentos da Educação e da Aprendizagem - 21 ensaios para o século XXI".

Neste século, em que a sociedade já passou por vários estágios de evolução, avanços científicos e tecnológicos, a escola ainda permanece como a responsável pela sistematização do conhecimento através de um corpo docente que nem sempre recebe a devida atenção no sentido de garantir melhores condições para o exercício da profissão, tanto da sociedade em geral como da própria tutela. Ambas exigem do professor formação constante e nenhuma as valoriza. Em Portugal, o primeiro a desvalorizar a formação docente (ao menos até o ensino secundário) é o próprio Ministério da Educação, seguidos das Instituições Escolares, os próprios colegas e a sociedade. Reportando-se até ao ensino secundário, a tutela, lhes importa mais o tempo de serviço prestado pelos seus professores que a formação ou graus académicos por eles adquiridos após a formação base. Se um professor destina seu tempo livre em pós graduar-se, mestrear-se ou doutorar-se, ver-se-á deparado com uma enorme desvalorização de seu novo grau académico dentro dos centros educativos, já que as políticas educativas valorizam muito mais o tempo de serviço e as ações de formação acreditadas pelos centros de formação que a aquisição de um novo grau académico pelas universidades. Frente a isso, a sociedade passa a legitimar-se na era da desvalorização do conhecimento e do labor docente. O estado fornece as ferramentas para que a fragmentação da classe docente comece pela classe docente, respaldando a sociedade na desvalorização do esforço e do conhecimento na obtenção de novos graus académicos (stricto sensu).

Os pontos levantados aqui têm como objetivo refletir sobre a valorização docente com vista a indagarmos até que ponto as políticas públicas estão preocupadas com o desenvolvimento da educação, entendendo como fundamental sua contribuição para as demandas sociais, com um projeto de sociedade e de cidadania e com o desenvolvimento e a paz. Por outro lado, esses anseios confrontados com a sociedade atual nos colocam desafios, e a educação por meio do professor, certamente tem um papel decisivo a desempenhar nessa construção histórica da sociedade, visto que o trabalho docente é fundamental, por meio da (re)construção e disseminação do conhecimento, para a escola enquanto instituição. Uma educação de qualidade exige investimento na valorização e formação de seus professores para que estes possam responder a necessidade de um país que quer oferecer de verdade uma educação de qualidade para todos sem exceção alguma.

A valorização do professor é dever de toda a sociedade e deve traduzir-se em medidas concretas de valorização desse profissional. A primeira delas são as condições de trabalho. Quando se fala que a profissão docente é importante, todas as condições oferecidas devem refletir isso, senão estar-se-á reforçando sua desvalorização.