quarta-feira, 29 de abril de 2020

PowerPoint das FAQ,s do ensino secundário

Divulgado no sítio do Júri Nacional de Exames, na área reservada às escolas – Área de Escolas - 

 PowerPoint das FAQ,s do Ensino Secundário


Sempre que seja necessário ou adequado serão atualizadas as perguntas.

Há uma vontade enorme de regressar à anterior normalidade, por muito anormal que fosse

O regresso à (a)normalidade
Carlos Rodrigues Lima

A pressão no regresso à normalidade só se explica pelo facto de que o que acontecia antes do coronavírus era tudo menos normal. Assim se explica a pressa para que tudo volte ao que era

OUVE-SE, VÊ-SE, LÊ-SE, sente-se no ar, a pressa. Há uma vontade enorme de regressar à dita normalidade. Até Marcelo Rebelo de Sousa, ponderado no último mês, não perdeu a oportunidade da cerimónia do 25 de Abril para regressar à política ativa, com um discurso pró-celebração do 25 de Abril, que mais não foi do que um estabelecer de diferenças com o candidato André Ventura, arregimentando votos no centro-esquerda para as próximas presidenciais. Enfim, o regresso à normalidade impõe-se. Ninguém sabe viver confinado, nem o Presidente que, recorde-se, numa primeira fase se autoconfinou.

Diz-se que a natureza do ser humano é a liberdade. Estar nesta espécie de prisão domiciliária, em que o telemóvel faz o papel de pulseira eletrónica, ainda que por razões sanitárias, será a antítese dessa condição. Talvez por isso, mais do que a ansiedade da reclusão, o grande problema mental deste País seja a ansiedade do regresso ao trânsito, às multidões (agora em menor número), ao stress do quotidiano, aos encontrões nos transportes, enfim, àquela normalidade das cidades, que tanto criticávamos mas, ao que parece, não sabemos viver sem ela.

A "normalidade do acontecer" é o grande objetivo para os próximos meses, até porque nunca foi questionada. Isto é, se o que existia antes do vírus poderia ser classificado como "normalidade". Simplesmente, acontecia. Era o que era, dizia-se. Daí que interrogações como a de Olga Tokarczuk, Prémio Nobel da Literatura, no último Expresso, pareçam esotéricas: "Não se terá dado o caso de termos regressado a um ritmo de vida normal? De o vírus não ser o distúrbio da norma, mas precisamente o contrário - o mundo agitado antes do vírus é que era anormal?" Sim, vivíamos a todos os níveis no anormal, tão anormal que foi preciso um "anormal" vírus para, por exemplo, a União Europeia começar a agir, de facto, como uma comunidade de países solidários entre si e não como um escritório de contabilidade apenas preocupado com o número do défice. O mundo era tão anormal que nos espantamos, depois do "anormal" vírus, com as águas cristalinas de Veneza, como se o normal fosse a poluição.

A anormalidade foi a medida corrente, ainda que disfarçada de "normalidade do acontecer". Tudo era tão normal que um juiz responsável pela prisão de um ex-Presidente do Brasil aceitou ser ministro de quem mais beneficiou com a sua decisão. Porém, durante a "anormalidade" do vírus, demitiu-se, acusando o troglodita a quem deu as mãos nos últimos anos de comportamentos ilegais. Por cá, era "normal" o sistema de justiça mobilizar recursos para prender um hacker, enquanto deixava a marinar as suspeitas por si tornadas públicas. Nesta nova "normalidade", Rui Pinto até teve direito a um apartamento da Polícia Judiciária. Assim como era "normal" uns 10 comunicados do Ministério Público sobre detidos por violência doméstica, roubo, assalto à mão armada e nem umas três linhas para anunciar a acusação contra Domingos Farinho, o professor em exclusividade da Faculdade de Direito de Lisboa, que (alegadamente, como era normal dizer-se) recebia uns valentes trocos por fora para escrever livros para José Sócrates, cuja "normalidade" dos seus mandatos como primeiro-ministro deveria envergonhar-nos.

Confinamento não é distopia, disse já Margaret Atwood, que nos mostrou uma realidade alternativa em A História de uma Serva. Vistas bem as coisas, o confinamento até ajudou a purificar o ar. A escritora canadiana também nos ensinou que o "normal" é aquilo a que estamos habituados. Mesmo que algo não nos pareça à primeira vista normal, com o tempo habituamo-nos e passará a ser a nova normalidade. Talvez por isso haja pressa em regressar à anterior normalidade, por muito anormal que fosse.
   

Relatório sobre a aplicação da 2ª declaração do estado de emergência

O Governo submeteu no dia 27 de abril, à Assembleia da República, o relatório sobre a aplicação da 2ª declaração do Estado de Emergência efetuada por decreto do Presidente da República.

A experiência dos alunos em tempos de isolamento e as dúvidas quanto ao futuro


Nesta última crónica, o professor Paulo Guinote dá voz aos alunos: são eles que contam como se sentem e estão a viver os tempos de isolamento. E como a falta de liberdade também é um grande castigo.


Artigo de Paulo Guinote 

“O que não presta é isto, esta mentira quotidiana. Esta comédia desumana e triste”

Esta comédia desumana e triste
Santana Castilho - Público


Estão em processo de continuidade ideias torturadoras dos mais velhos. É pois altura de ser claro: enquanto estiver lúcido e não prejudicar os outros, sou eu que decido os riscos que quero correr

1. Já me referi ao tema. Mas é imperioso que a ele volte, agora que, tudo indica, a emergência dará lugar à calamidade. Estão em processo de continuidade ideias torturadoras dos mais velhos. É pois altura de ser claro: enquanto estiver lúcido e não prejudicar os outros, sou eu que decido os riscos que quero correr. Amedronta-me menos o vírus circulante que os perímetros abdominais e as papadas de alguns políticos que me querem proteger. Basta de paternalismos cívicos!

Em tempo de restrições como nunca tivemos depois de Abril, a liberdade é o valor maior que me apetece invocar, num país sob uma autofágica polarização: os que querem permanecer fechados, encurralados pelo pânico, e os que, embora reconhecendo a gravidade da situação, sacodem cabrestos e discriminações que julgavam afastadas.

São livres os portugueses presos em lares miseráveis, que não percebem porque lhes desapareceram filhos e netos? Não é um défice de liberdade a falta de conhecimento para interpretar com serenidade o fenómeno que nos atormenta? São hoje livres os milhares de portugueses que ficaram ontem sem emprego? Os que já viviam na fronteira da sobrevivência e hoje desesperam, esses, são livres?

Porque não tenho senhores e penso livremente, ouso perguntar ainda: será que um estado de emergência duas vezes repetido, com tão pequeno questionamento e tão generalizada aceitação, pode ser socialmente havido como um resquício da ditadura de que Abril nos livrou? Como aceitar, sem enorme perplexidade, os delatores que a covid-19 destapou? Antes, a PIDE zelava pela ordem que o Estado Novo determinava e a censura amordaçava-nos. Hoje há quem defenda certificados de imunidade e a georreferenciação das pessoas, enquanto, sofredores, resignados, confinados, de máscara posta, adoecemos mentalmente.

Vão-me dizendo que as decisões políticas são tomadas depois de ouvir os especialistas. Mas há especialistas que não são ouvidos. Não são ouvidos os virologistas e os epidemiologistas que pensam a contrario sensu dos que são seguidos por Marcelo e Costa, muito menos são ouvidos outros especialistas, de outras áreas (psicólogos sociais e psiquiatras, por exemplo), que poderiam complementar o saber médico e epidemiológico e explicar as consequências do autêntico assédio moral que tem sido exercido sobre os mais velhos, ou a influência depressiva do massacre noticioso dos telejornais, sobre toda a população.

A minha geração, aquela que mais lutou pela liberdade, essa, pelo menos, entenderá como me revolta tudo isto e entenderá que não esteja passivamente disponível para assistir à erosão das liberdades individuais, em moldes inaceitáveis numa democracia aberta e plural

Deputados do PS, do PSD e do CDS chumbaram no Parlamento a atribuição temporária de um subsídio de risco aos trabalhadores que asseguram actividades críticas, enquanto o resto do país está em casa (protegido, dizem). A ministra buzina permitiu que médicos e enfermeiros fossem miseravelmente discriminados quanto ao indecoroso aumento salarial dos restantes funcionários públicos. Depois batem-lhes palmas à janela e chamam-lhes heróis.

No Parlamento, as propostas que visavam a proibição da distribuição de dividendos relativos a lucros de 2019 (e que exigiam das empresas apoiadas que não despedissem) foram rejeitadas pelo PS e pelo PSD. Depois abrem-se linhas de crédito, que a banca aproveita para transformar créditos antigos, com risco seu, em créditos novos, com risco do Estado.

A minha geração, aquela que mais lutou pela liberdade, essa, pelo menos, entenderá como me revolta tudo isto e entenderá que não esteja passivamente disponível para assistir à erosão das liberdades individuais, em moldes inaceitáveis numa democracia aberta e plural.

2. Subliminarmente, António Costa apelou a uma certa união nacional em torno das aulas da novel telescola, quando classificou de “mesquinhas” as críticas feitas nas redes sociais às primeiras sessões e argumentou que os professores “não são actores de cinema”. O problema não está em pedir aos professores, que foram formados para ensinar em sala de aula, que sejam profissionais de TV. O problema está nos erros científicos e pedagógicos expostos. Porque torrei a paciência a ver as primeiras aulas e ele não, e porque sempre defendi os professores e ele não, posso, serenamente, dizer isto. Teria sido melhor não acrescentar os professores à paranoia das palmas à janela, depois de, no anterior Governo, lhes ter roubado o tempo de serviço efectivamente prestado. Citando Torga, “o que não presta é isto, esta mentira quotidiana. Esta comédia desumana e triste”.

ANDAEP questiona e alerta o Ministro da Educação

A ANDAEP enviou ao Ministro da Educação um ofício sobre as Implicações das consequências do Covid-19 no decurso do 3.º período letivo e no ano escolar 2020/2021

Ofício da ANDAEP enviado ao ME - abril 2020

terça-feira, 28 de abril de 2020

ACT disponibiliza recomendações para Adaptar os Locais de Trabalho e Proteger os Trabalhadores

No momento em que se aproxima o regresso ao local de trabalho, é essencial garantir que todos convivam e trabalhem com segurança, saúde e bem-estar. Para que nenhum cuidado seja esquecido e para que as empresas funcionem da melhor forma possível, acabam de ser disponibilizadas pelo Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, em articulação com a ACT e a DGS, 19 Recomendações para Adaptar os Locais de Trabalho e Proteger os Trabalhadores

Versão integral


Versão e-folheto

Dia Nacional de Prevenção e Segurança no Trabalho

A data de 28 de abril foi, desde 1996, adotada internacionalmente para celebrar o Dia Mundial sobre Segurança e Saúde no Trabalho.

Em Portugal, a Resolução da Assembleia da República n.º 44/2001, de 7 de junho, instituiu este mesmo dia 28 de abril como o Dia Nacional de Prevenção e Segurança no Trabalho.

Numa época em que a segurança e saúde no trabalho assume particular importância, por força do isolamento social preventivo que levou à generalização das situações de teletrabalho, numa perspetiva de maior acompanhamento das necessidades de adaptação da prevenção e para apoio a serviços e trabalhadores, a Direção-Geral da Administração e do Emprego Publico, associando-se a este dia, disponibiliza o Guia para a segurança e saúde em teletrabalho na administração pública.

Mas não menos importante, e porque a segurança é pensada para nós, trabalhadores da administração pública, por nós deve ser também interiorizada como um meio de garantir um ambiente de trabalho mais saudável e seguro. Para ilustração das diferentes situações do dia a dia que estão nas nossas mãos observar, cuidar ou evitar, deixamos-vos um documento - com animação – que esperamos, vos desperte para a colaboração na criação de ambientes seguros.

Manual de Apoio à Aprendizagem Flexível durante a Interrupção do Ensino Regular

O Manual de Apoio à Aprendizagem Flexível durante a Interrupção do Ensino Regular relata a experiência chinesa na Manutenção da Aprendizagem durante o Surto de COVID-19.

A versão portuguesa foi produzida com o apoio da UNESCO numa ação colaborativa coletiva e voluntária de um grupo de portugueses ligados ao meio académico.

A coordenação foi de Etelberto Costa (Lifelong Learning Platform) e do Laboratório de Inovação Pedagógica e Educação a Distância do Instituto Politécnico de Tomar. De salientar o apoio da Unidade de I&D Techn&Art do Instituto Politécnico de Tomar, da Rede de Bibliotecas Escolares do Ministério da Educação e da APDSI (Associação para a Promoção e Desenvolvimento da Sociedade da Informação).

Apesar de relatar a experiência chinesa, as respostas encontradas poderão ser replicadas e / ou reajustadas ao contexto português. 

Este manual está organizado em seis dimensões:
Infraestrutura de rede
Ferramentas de aprendizagem amigáveis
Recursos digitais de aprendizagem adequados 
Métodos de ensino e de aprendizagem
Serviços de apoio para professores e alunos
Cooperação entre empresas, governos e escolas

"Imaginem se os professores se negassem a por os equipamentos pessoais ao serviço do ensino? Não haveria nada. A escola estaria desligada"

Ensino por achamentos
João Carrega - Ensino Magazine

O terceiro período letivo constitui para as escolas, docentes, alunos e famílias, um desafio inesperado, exigente, para o qual poucos atores estavam preparados. Entre o oito e o oitenta naquilo que são as tarefas exigidas aos estudantes e aos professores, surgem, nesta relação, questões práticas, diárias, resultantes do facto de uma mudança como a que está a ser realizada, através do ensino a distância, exigir tempo que não existe.

Corre-se o risco das tarefas serem propostas numa lógica de "achamento". Mas, a educação não se faz pelo "eu acho que". Importa refletir sobre esta questão. A Covid-19 não se vai embora e não será nos próximos meses que tudo acaba. Pelo contrário, muito provavelmente vamos voltar a ter ensino a distância mais vezes e no próximo ano letivo a situação pode repetir-se.

Significa isto que todos, enquanto sociedade, teremos que nos adaptar. Significa que, aos poucos, devem ser definidas regras claras de como esta nova realidade se processa. Quais são os horários, o que são aulas assíncronas e síncronas, como as tarefas de alunos e professores devem ser realizadas e propostas. Que instrumentos podem e devem ser utilizados. Que formação é necessária para os docentes responderem melhor a esta nova forma de ensinar.

Em pouco mais que um mês as aulas e atividades presenciais deram lugar a uma realidade em que as novas tecnologias assumiram um papel decisivo. De repente a escola mudou, como mudou também o funcionamento de toda a sociedade. Acontece que a mudança foi feita no mesmo sentido: alunos e professores passaram a realizar as suas tarefas a distância; os pais abraçaram o teletrabalho utilizando os mesmos meios que os filhos terão que usar no ensino virtual; as famílias passaram a conviver 24 horas num mesmo espaço, dia a após dia, algo para o qual também não estavam preparadas.

É neste turbilhão de acontecimentos que as escolas tentam impor o ensino a distância, a que se junta o problema dos meios. Os professores utilizam os seus próprios equipamentos (computadores, rede de internet, impressoras, telemóvel etc) ao serviço da missão de ensinar, pois a escola pública não os disponibiliza. Provavelmente há quem pense que não fazem mais que a sua obrigação. Errado. Não há obrigação nenhuma nesse sentido, como também não há obrigação que um outro qualquer funcionário faça teletrabalho com os meios próprios, em vez de utilizar os da sua entidade patronal. Os docentes, mais uma vez, demonstram ao país uma dedicação extrema e preocupada. Imaginem se os professores se negassem a por os equipamentos pessoais ao serviço do ensino? Não haveria nada. A escola estaria desligada. E esta não é uma questão de somenos importância, pois o ensino a distância vai repetir-se num futuro próximo e não podem nem devem ser os equipamentos pessoais dos professores a suportar o seu funcionamento.

Os alunos e as suas famílias também não possuem um computador por elemento do agregado familiar. Os pais estão em teletrabalho, os pais professores utilizam os meios disponíveis para a sua tarefa. Os filhos usam-nos quando há disponibilidade. Neste aspeto, o Estado preocupa-se em apoiar apenas alguns alunos e famílias, deixando de fora toda a classe média, a mesma que não tendo um computador por elemento de agregado familiar tem os pais em teletrabalho e os filhos a ensino a distância, sem que estes alunos possam ser apoiados. Surge assim uma espécie de discriminação de uns em relação a outros, com o argumento do politicamente correto. As famílias têm que resolver.

Aos alunos que ainda não têm acesso a esses meios juntam-se aqueles que, os tendo, não os podem utilizar pois um computador não chega para que, duas, três, quatro ou mais pessoas o utilizem ao mesmo tempo.

A escola, de repente, ganha formas de exclusão em vez de inclusão. Veio a nova tele-escola, mas aos alunos é-lhes exigido, com alguma frequência, que vejam as aulas na televisão e que façam tudo o resto através do ensino a distância.

Às vezes é melhor parar para pensar e fazer as coisas da forma clara, objetiva, com regras e sem atropelos, do que avançar para um "ensino de achamentos". A opção foi tomada noutro sentido. É com ela que todos temos que conviver, agindo de forma consciente, com a perspetiva que todo este turbilhão pode ser uma oportunidade futura. Eu acredito que sim.

segunda-feira, 27 de abril de 2020

A situação é excepcional, mas há limites!

O outro lado do ensino à distância

Sim, a situação é excepcional, mas há limites. Os professores estão a correr sérios riscos, o risco de que as excepções se tornem rotina, o risco que representa o acatamento cego de ordens... 

Costuma dizer-se que as crises desvendam o que de pior e melhor existe em cada pessoa com as dinâmicas de grupo que esse desabrochar possa causar. O turbilhão que se foi instalando em Portugal à medida do crescimento da pandemia, tem funcionado como uma onda sísmica que tem atacado vários setores da sociedade, embora nem todos com a mesma brutalidade, e evidenciado o perfil dos seus protagonistas. Uma das áreas mais fustigada é a da Educação. E ao longo destas semanas que já parecem anos, vários actores da grande narrativa educativa têm mostrado o que de pior e melhor conseguem fazer e ser.

Comecemos pelo pior: o Ministério da Educação tem salientado o seu habitual desnorte, próprio de quem não sabe muito bem como funciona o ensino em Portugal, os recursos das escolas, dos alunos, dos professores (bom, desses nem importa falar), como é o perfil comportamental de muitos (demasiados) alunos, quer do básico quer do secundário contraindicado a aulas no formato videoconferência. O Ministério da Educação não sabe, ou finge não saber, que as múltiplas faces da antipatia visceral que muitos encarregados de educação dedicam aos professores (e que o ME tem alimentado) passaram a ter, com as aulas síncronas através das plataformas digitais, um salvo conduto há muito desejado para invadir a sala de aula exercendo um papel de capatazes de vernáculo pouco recomendável. O Ministério da Educação não sabe nem quer saber, mas finge que sabe atirando com umas frases, uns lugares comuns, um repertório de “faz de conta”, o que é a Escola em Portugal.

A ausência de um Projecto Educativo que vise de facto competências holísticas e a construção de seres éticos e comprometidos com o mundo, tem vindo a evidenciar-se com este acesso de crise psicótica que tem elevado o mundo kafkiano em que as escolas vivem a um patamar e dimensão inimaginável.

Mas o Ministério da Educação tem contado com a ajuda preciosa de um outro espectro de actores medíocres. Muitos directores de agrupamentos (não todos felizmente) (...) mandam os que consideram como seus subordinados multiplicar procedimentos e recursos digitais, tabelas de controlo e tarefas aos alunos, contactos permanentes com os diretores de turma, com os encarregados de educação, com os alunos. Aos professores, que raramente consideram como colegas, exigem total disponibilidade para se colarem ao Zoom (campo ideal para se evidenciarem os comportamentos bizarros), manterem atenção a todos os canais comunicantes (só faltam os sinais de fumo), marcarem presença nas reuniões (muitas, claro) e responderem a todas as solicitações, surjam elas quando surgirem.

Quanto aos alunos, uns desesperam por não conseguirem dar conta de tanta plataforma e tanta tarefa, ao mesmo tempo que os pais roem o sabugo dos dedos no desespero de quem precisa de trabalhar no único computador da casa. Outros, entretêm-se como é seu hábito nas salas de aula, mas nunca se tornou público como agora, boicotando o trabalho, desrespeitando professores e colegas, provocando, humilhando.

E temos ainda os tais pais que desenvolveram asco à escola e que veem no professor o alvo ideal para descarregarem tudo o que gostariam de fazer no chefe que os humilha, ou nos filhos que os ofendem. (…)

Enfim, no meio deste universo demencial, o lado melhor da crise surgem a par de muitos estudantes empenhados e pais comprometidos com as suas responsabilidades, os professores a confirmarem a sua faceta altruísta colocando, uma vez mais, a missão docente como prioridade. Mas, será que o devem fazer a qualquer custo?

Qual deverá ser o papel dos professores neste contexto? Ceder a tudo? Trabalhar 70 horas por semana? Colocar o seu computador pessoal e a net que pagam ao serviço de um chorrilho de disparates? Devem esquecer políticas de privacidade, salvaguarda de imagem e de segurança digital? Devem esquecer que a semana de trabalho acaba à sexta-feira? Devem ser eles a suspender o que o Estatuto da Carreira Docente consagra e que tanta luta tem representado para não ser mais desvirtuado?

Sim, a situação é excepcional, mas há limites. Os professores estão a correr sérios riscos, o risco de que as excepções têm se tornem rotina, o risco que representa o acatamento cego de ordens emanadas das direcções dos agrupamentos que excedem, antecipam e interpretam mal o que já de muito errado é disparado do Ministério da Educação.

Este deve ser um tempo especial não apenas pela obrigatoriedade de quarentena, mas porque esta oferece uma possibilidade ampla de experiências que de outra forma não teríamos. Sejamos claros: a casa não é nem deve ser prioritariamente um espaço escolar, mas sim um espaço com rotinas inerentes às dinâmicas familiares e onde haja lugar à multiplicidade de aprendizagens e mecanismos de desenvolvimento de competências que não passam pela resolução de fichas. A destreza mental, habilidade motora, criatividade, autonomia, responsabilidade são em grande parte adquiridas e otimizadas num contexto educativo primário, ou seja, dentro da família. Ler, ver bons filmes e falar-se sobre eles, escrever, pintar, desenhar, criar debates, construir um jornal de família, cozinhar, inventar… tanta coisa a fazer. Fichas e aulas? Com sensatez e havendo possibilidade para tal. Caso contrário, ninguém morre por não as realizar e podemos até ganhar muito mais se soubermos aproveitar o tempo. Alguns pais precisam de descobrir os filhos que têm. Façam-no agora.

E descobrir o tempo e o lento pulsar da vida, falar uns com os outros e reaprender a respirar é bem mais importante, num contexto familiar, que qualquer ficha que se possa fazer.

São os professores que devem demonstrar claramente isto dizendo: Não! Basta! Principalmente quando o que lhes é exigido toca as raias da insensatez e do pesadelo. Porque dizer Não é, muitas vezes, um acto de coragem, um contributo educativo e a garantia de que não se está a comprometer o futuro.

Condições de candidatura ao ensino superior dos titulares de cursos de dupla certificação de nível secundário

Publicada a Deliberação que estabelece condições relativas à candidatura dos titulares dos cursos de dupla certificação de nível secundário e cursos artísticos especializados aos ciclos de estudo de licenciatura e de mestrado integrado

Ciência, Tecnologia e Ensino Superior - Comissão Nacional de Acesso ao Ensino Superior

A candidatura dos titulares dos cursos de dupla certificação de nível secundário e cursos artísticos especializados aos ciclos de estudo de licenciatura e de mestrado integrado faz -se obrigatoriamente nas mesmas áreas de educação e formação, de acordo com a classificação CNAEF a três dígitos.

Guia CASA+ “Trabalhar a partir de Casa e Cuidar da Saúde Mental”

Este Guia, enquadrado no contexto da pandemia da COVID-19, teve por objetivo “fornecer recursos para apoiar as pessoas que vivenciavam momentos de maior fragilidade e que necessitam de manter um nível de equilíbrio psicológico e emocional compatível com uma vivência autónoma e o normal exercício profissional”. O Grupo de Trabalho foi coordenado pela Secretaria-Geral da Presidência do Conselho de Ministros e integrou, para além da Direção-Geral da Saúde, a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, I.P., a Autoridade para as Condições de Trabalho, a Direção-Geral da Administração e do Emprego Público, a Direção-Geral da Qualificação dos Trabalhadores em Funções Públicas, o Instituto Nacional para a Reabilitação, o Instituto Politécnico de Setúbal (IPS), a Ordem dos Psicólogos Portugueses e a Polícia Judiciária (PJ). 

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O Programa Nacional para a Saúde Mental informa sobre os diferentes recursos disponíveis que o podem ajudar. No âmbito da COVID-19, os Serviços de Saúde Mental do SNS organizaram-se para responder às necessidades dos cidadãos.

Prorrogação da suspensão das atividades letivas e não letivas e formativas presenciais

Publicado o Despacho com a prorrogação da suspensão das atividades letivas e não letivas e formativas presenciais no âmbito da COVID-19, passando a ter nova redação o n.º 3 do Despacho n.º 3427-B/2020, de 17 de março.

Administração Interna - Gabinete do Ministro

Assim, considerando que o 3.º período começa a 14 de abril, sem atividades presenciais, continuando em vigor a modalidade de ensino a distância, tal como nas últimas duas semanas do 2.º período, e que ao nível do ensino básico manter-se-á o apoio excecional aos pais que tenham de ficar em casa para assistência aos filhos até aos 12 anos, determino o seguinte:

O n.º 3 do Despacho n.º 3427-B/2020, de 17 de março, publicado no Diário da República, 2.ª série, n.º 55, 2.º suplemento, de 18 de março de 2020, passa a ter a seguinte redação:

«3 - O presente despacho produz efeitos imediatos e vigora até ao final do 3.º período, que ocorre a 26 de junho de 2020, tal como estatui o n.º 1 do artigo 10.º do Decreto-Lei n.º 14-G/2020, de 13 de abril, e que exceciona o definido no anexo i do Despacho n.º 5754-A/2019, dos Gabinetes da Secretária de Estado Adjunta e da Educação e do Secretário de Estado da Educação, publicado no Diário da República, 2.ª série, n.º 115, de 18 de junho de 2019.»

domingo, 26 de abril de 2020

A caminho de uma normalidade possível?


Notícia avançada há poucos minutos pelo Jornal de Notícias e pelo Público. 




As aulas presenciais dos alunos dos 11.º e 12.º anos deverão ser retomadas a 18 de Maio e as creches e comércio em geral reabrirão a 1 de Junho, soube o PÚBLICO. Já a 4 de Maio abrirá o pequeno comércio de bairro. Estas são as datas previstas pelo Governo na estratégia que está a delinear para a retoma gradual, progressiva e monitorizada da economia e da sociedade, quando for decretado o fim do estado de emergência.

A estratégia do Governo será posta em marcha se tal for permitido pelos dados e análises dos especialistas da Direcção-Geral da Saúde (DGS), que serão apresentados na reunião de terça-feira, dia 28, no Infarmed. Mas o plano está traçado e, do ponto de vista legal, deverá desenvolver-se sob a medida de excepção do estado de calamidade.

Ainda que a partir de dia 4 de Maio, com a abertura do pequeno comércio local, vá aumentar a circulação de pessoas, o momento decisivo do processo de abertura gradual é, para o Governo, o do recomeço das aulas presenciais do 11.º e 12.º anos, a 18 de Maio, pois é aquele em que aumentarão de forma significativa as interacções sociais, explicou ao PÚBLICO um responsável governativo.

Por isso, ainda que as aulas presenciais sejam retomadas apenas para as 22 disciplinas dos dois últimos anos do secundário cujo exame conta para a média de entrada na universidade e no politécnico, está previsto um plano de contingência para as escolas, que assenta no distanciamento social e no uso de materiais de protecção.

sábado, 25 de abril de 2020

Guia de Boas Práticas de ensino online em contexto de emergência para alunos surdos

O presente Guia de Boas Práticas, através de sugestões práticas, leva o docente a criar contextos em ambientes virtuais para o ensino online assim como apresentar opções de estratégias e materiais de ensino e aprendizagem para alunos surdos.


Regulamentação de cursos de dupla certificação, escolar e profissional

Publicada a Portaria que procede à regulamentação dos cursos, de nível secundário de dupla certificação, escolar e profissional, das áreas de educação e formação da Classificação Nacional das Áreas de Educação e Formação, Hotelaria e Restauração e Turismo e Lazer, a desenvolver pelo Turismo de Portugal, I. P., através da sua rede de escolas.

ECONOMIA E TRANSIÇÃO DIGITAL, EDUCAÇÃO E TRABALHO, SOLIDARIEDADE E SEGURANÇA SOCIAL

25 de Abril

Esta é a madrugada que eu esperava

O dia inicial inteiro e limpo

Onde emergimos da noite e do silêncio

E livres habitamos a substância do tempo


Sophia de Mello Breyner Andresen 
in 'O Nome das Coisas'

sexta-feira, 24 de abril de 2020

PORDATA lança nova área sobre o impacto social e económico da pandemia

Esta nova área da Pordata – Números da Crise – reúne dezenas de indicadores-chave de fontes estatísticas diferentes para melhor analisar o impacto económico e social da Covid-19 na vida dos portugueses desde Março de 2020.

No site estão disponíveis as últimas actualizações de dezenas de indicadores sobre o estado da economia, emprego, saúde e também sobre o índice de confiança dos portugueses.

Cada indicador é apresentado de forma gráfica, com acesso aos dados em formato Excel. É possível comparar os valores actuais com o mesmo período do ano anterior e com os países da União Europeia, traçar uma evolução dos indicadores desde 2007, ano que antecedeu a última crise económica em Portugal, e saber há quantos anos não se registava um valor igual.

Pordata - Números da Crise

Reserva de recrutamento n.º 27

Publicitação das listas definitivas de Colocação, Não Colocação, Retirados e Listas de Colocação Administrativa – 27.ª Reserva de Recrutamento 2019/2020.


Aplicação da aceitação disponível das 0:00 horas de segunda-feira, dia 27 de abril, até às 23:59 horas de terça-feira, dia 28 de abril de 2020 (hora de Portugal continental).

A apresentação dos docentes é efetuada no AE/ENA, nos dois primeiros dias úteis após a respetiva colocação. Excecionalmente, devido à vigência do Estado de Emergência, deverá ser efetuada por e-mail dirigido à Direção do Agrupamento de Escolas / Escola não Agrupada onde ficaram colocados.

Consulte a Nota informativa

RR28 – 30 de abril de 2020

É evidente que não será possível regressar como se nada tivesse acontecido


Andreas Schleicher, director do departamento de educação da OCDE e chefe do relatório do programa PISA, que analisa o nível de conhecimento de jovens de 15 anos de 75 países, considera que a pior consequência do encerramento dos estabelecimentos de ensino devido ao novo coronavírus, é precisamente o desaparecimento durante meses do maior «equalizador social»: a escola.

Numa entrevista ao jornal espanhol ‘El País’, o responsável considera que a escola é o único local em que todas as crianças recebem o mesmo tratamento, longe da situação pessoal que cada uma delas vive nas suas casas. «Nas escolas (os alunos) lidam com uma outra forma de pensar, agir e até andar, aprendendo o conceito de responsabilidade social». O seu maior medo é que a «fábrica social» em que as escolas se tornaram, acabe por desaparecer.

Schleicher considera que os professores terão de mudar o seu método de ensino em Setembro. «O grande preço que pagaremos pela crise não é apenas a perda de aprendizagem, mas os jovens afectados pela insatisfação, decepção e que perderam a confiança no sistema educativo», afirma defendendo que os professores «terão que ouvir mais, detectar a necessidade de cada um e projectar novas formas de ensino para se adequarem aos diferentes contextos pessoais.Não é possível regressar como se nada tivesse acontecido».

Quando questionado sobre a carência de materiais em casa, por parte de alguns alunos, Schleicher refere que «os sistemas educativos devem encontrar uma forma de duplicar esforços e analisar junto dos alunos com menos recursos em casa, como é que podem continuar a aprender», refere acrescentando que «existe uma grande expectativa para com os professores e são eles que devem actuar como mentores, até assistentes sociais, e estar em contacto permanente com os seus alunos».

«O futuro dos nossos países depende da educação. As escolas de hoje serão a economia de amanhã», afirma o responsável.

Sobre o ambiente vivido ao Setembro, quando as aulas presenciais regressarem à normalidade, o responsável considera que a situação será vivida de forma diferente pelos alunos: «Uns vão regressar animados, cheios de aprendizagens online que os vão enriquecer, muito graças ao apoio familiar. Outros virão desmotivados e esse é o desafio, o de aumentar o reforço escolar para essas crianças».

Relativamente ao custo social do encerramento de escolas, Schleicher classifica como «dramático». «Diferentes estudos mostram que não é todos os meses, mas todos os dias. Inevitavelmente, a diferença de desigualdade vai aumentar e temos de encontrar maneiras de a mitigar.

«Os alunos terão que passar mais horas a estudar, as famílias terão que estar envolvidas. Não há uma resposta clara. Famílias com mais recursos poderão compensar com aulas extra-curriculares pagas pelo próprio bolso. O que as famílias querem para os seus filhos é aquilo que o governo terá que garantir para todos», afirma.

Sobre a avaliação à distância, o especialista indica «a educação e a avaliação andam de mãos dadas. Quando estamos na escola, sabemos a evolução de cada aluno, mas quando não os vemos dia após dia, temos de usar ferramentas online para verificar a sua aprendizagem. Estou muito optimista e acho que podemos ser muito criativos com novos formatos de avaliação», refere.

Medidas excecionais e temporárias na área do desporto

Publicado o Decreto-Lei que estabelece as medidas excecionais e temporárias na área do desporto, no âmbito da pandemia da doença COVID-19.

quinta-feira, 23 de abril de 2020

Boas práticas de cibersegurança

Cibersegurança - Boas Práticas - Teletrabalho

O Centro Nacional de Cibersegurança disponibiliza um conjunto de boas práticas a utilizar no âmbito do trabalho a partir de casa, desde o contexto de aulas não presenciais até reuniões, passando por cuidados a ter no download de apps e outros comportamentos defensivos que devem ser adotados especialmente neste período. 

Consultar boas práticas de cibersegurança

Aplicação #EstudoEmCasa disponível para IOS e Android

#EstudoEmCasa é uma aplicação com conteúdos pedagógicos temáticos, lecionados por professores para alunos do ensino básico.

Os conteúdos disponíveis contemplam as matérias que fazem parte das aprendizagens essenciais do 1.º ao 9.º ano, agrupados da seguinte forma:

- 1.º e 2.º anos;
- 3.º e 4.º anos;
- 5º e 6.º anos;
- 7.º e 8.º anos;
- 9.º ano.

Esta é uma ferramenta importante para complementar o trabalho dos professores com os seus alunos.

Instale a aplicação Estudo Em Casa. Apple Store · Google Play. Disponível para iOS e Android.

Pedido do Secretário de Estado da Educação aos Encarregados de Educação

PEDIDO AOS ENCARREGADOS DE EDUCAÇÃO

Colabore! Os professores estão a trabalhar como nunca, com meios e metodologias completamente novos.

As aulas são para os alunos. Não interrompa. Não comente. Não chame o seu filho a meio da aula. Construa a autonomia e não faça por eles. Não lhe compete ser o professor, ainda que se sinta invadido de trabalho. Não são TPCs, são os trabalhos normais da escola. E há tempo para ir ajustando.

O professor do seu filho está a dar o seu melhor e precisa de apoio e respeito.


Nas crises,a colaboração é essencial. Adote uma atitude construtiva e seja parte da autonomia e responsabilidade do seu filho.Somos todos responsáveis por todos.

Obrigado.