quarta-feira, 13 de abril de 2022

Orçamento do Estado para 2022


A Proposta de Lei n.º4/XV/1 - Aprova o Orçamento do Estado para 2022 foi entregue hoje pelo Ministro das Finanças ao Presidente da Assembleia da República, ato que marca o início do processo orçamental no Parlamento.


Apresentação do Orçamento do Estado para 2022

Aperfeiçoamento da Candidatura - Concurso Externo/Contratação Inicial e Reserva de Recrutamento

Aplicação eletrónica disponível entre o dia 13 de abril e as 18:00 horas de 18 de abril de 2022 (hora de Portugal continental) para efetuar o Aperfeiçoamento da candidatura ao Concurso Externo/Contratação Inicial e Reserva de Recrutamento, destinados a Educadores de Infância e a Professores dos Ensinos Básico e Secundário.


O aperfeiçoamento das candidaturas decorrerá por um período de três dias úteis, do dia 13 às 18:00 horas do dia 18de abril de 2022 (hora de Portugal continental).

Santana Castilho desafia João Costa para um debate público


1. O programa do Governo não me desiludiu, porque nunca me iludiu. Para o desafio enorme de medidas concretas para resolver o desastre anunciado da falta de professores, ficaram propostas vagas. Aos pais ausentes, porque trabalham demais, o Governo oferece creche gratuita. À falta de léxico para expressar o pouco conhecimento que vai passando, o Governo opõe a vida virtual da escola digital.

Não sei a que futuro o Governo vai conduzir os jovens. Mas sei que alunos com deficiências profundas, incapazes de responder a requisitos mínimos de socialização, que mal sabem ler e escrever, continuarão “integrados” em aulas regulares do ensino secundário, onde são obrigados a “estudar” Eça e Pessoa, “aprender” línguas e Matemática, para cumprimento dos ditames de pedagogias fanáticas, até que os seus arautos morram um dia, apaixonados por elas, tal como o vaidoso Narciso, da mitologia grega, morreu apaixonado pela sua própria imagem.

2. Respondendo a Cotrim Figueiredo, que acusou o Governo de falta de um programa reformista para o país, António Costa saiu-se com esta: “sabe qual é a grande reforma? É que tínhamos uma taxa de abandono escolar acima dos 13%, e agora é de 5,6%.”

Ou António Costa desconhece aquilo de que falou, o que é mau, ou, conhecendo, mascarou sem pudor a realidade, o que é pior. Concedendo que seja a primeira a hipótese aplicável, sempre lhe direi que a taxa que citou é uma falácia. O número que usou foi calculado tendo por referência os jovens entre os 18 e os 24 anos, que não concluíram o ensino obrigatório e foram procurar trabalho junto do IEFP. Todos os outros, que serão em muito maior número, ficaram convenientemente fora dos cálculos. Isto mesmo reconheceu uma auditoria do Tribunal de Contas (Junho de 2020), particularmente crítica em relação às metodologias utilizadas para determinar o abandono escolar, onde se lê que “não existem, no sistema educativo nacional, indicadores para medir este fenómeno”.

3. Fazer, como o Governo decidiu, os alunos regressar à escola, depois de estarem já em férias, com o ano escolar arrumado, para se sujeitarem a exames (Português e Matemática do 9.º ano), que não contam para a nota nem terão qualquer impacto na sua vida académica, é pedagogia insana e indecente. Porque nenhum resultado aproveitável daí sairá. Porque é uma perfídia ocupar milhares de horas de trabalho de professores numa actividade totalmente improdutiva.

4. O Ministério da Educação enviou ao Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) e ao Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP) uma proposta de alteração da formação inicial dos professores. Do mesmo passo, a qualidade dessa formação foi posta em causa por referências feitas na imprensa a um estudo encomendado pelo Edulog.

De há muito que a falta generalizada de exigência e rigor vem desacreditando a formação inicial dos professores. Mas sublinhá-la agora serve para justificar a já anunciada intenção de permitir a entrada a quem nada possui, precarizando e desvalorizando, ainda mais, a carreira docente. Nada disto é coincidência, isento ou inocente.

5. À entrada para uma recente reunião de ministros da Educação da União Europeia, em Bruxelas, João Costa disse que as escolas devem ser laboratórios de democracia e oficinas de paz. Falava certamente de outras, que não das que governa. Essas são cada vez mais organizações pouco democráticas (quando não totalitárias), laboratórios sim, mas de experiências pedagógicas sem sentido, viveiros de integração hipócrita, fábricas de falsos sucessos e altares da mais estúpida e castradora burocracia. As escolas portuguesas são hoje, com raras ilhas de excepção, mundos de venenosos interesses miudinhos e subservientes, onde a vontade colectiva é secundarizada por visões unipessoais.

Se João Costa se achar ferido por este rude sumário do que há seis anos vem fazendo ao sistema de ensino, traga a alcateia de lobitos que o bajulam e marque dia e hora para um debate público esclarecedor, para que o desafio. Não seria propriamente uma oficina de paz. Mas seria um belo lance de democracia, para que lhe falta coragem. Basta de teatro de sombras, que transforma o vulgar em extraordinário e a escola pública num enorme infantário para adultos.
(Negrito e destaques nossos) 

terça-feira, 12 de abril de 2022

Referencial Educação para a Segurança a Defesa e a Paz em Consulta Pública

O Referencial de Educação Para a Segurança, a Defesa e a Paz foi elaborado numa parceria entre a Direção-Geral da Educação (DGE), o Instituto da Defesa Nacional (IDN) e o Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS), tendo sido constituída uma equipa com elementos das referidas entidades.

Trata-se de uma atualização do Referencial editado em 2014, em que se procede à sua revisão e atualização, igualmente, as mudanças decorrentes de uma crescente digitalização do mundo atual.

O Referencial de Educação Para a Segurança, a Defesa e a Paz assenta justamente no conjunto de princípios e condições que tornam a atividade da Defesa um elemento essencial no reforço da cidadania e da construção da Paz.

O Referencial, de natureza flexível, não prescritivo, pode ser usado em contextos muito diversos, no seu todo ou em parte, no quadro da dimensão transversal da Educação para a Cidadania, através do desenvolvimento de projetos e iniciativas que tenham como objetivo contribuir para a formação pessoal e social das crianças e dos jovens.

Salienta-se a importância da participação de todos nesta discussão e reflexão. Os contributos daí resultantes deverão ser enviados à DGE, até ao dia 5 de maio de 2022, através do seguinte endereço eletrónico: referencialsdp@dge.mec.pt.

Máscaras permanecem pelo menos até ao dia 22 de abril

O Conselho de Ministros, depois de aprovar a proposta de lei do Orçamento do Estado, aprovou uma resolução que prorroga a declaração da situação de alerta, no âmbito da pandemia da doença Covid-19, até às 23:59h do dia 22 de abril de 2022. A resolução mantém inalteradas as medidas atualmente em vigor.

Comunicado do Conselho de Ministros extraordinário de 12 de abril de 2022

Calendário das matrículas e respetivas renovações para o ano letivo de 2022-2023

Publicado o Despacho que estabelece o calendário das matrículas e respetivas renovações para a educação pré-escolar e os ensinos básico e secundário para o ano letivo de 2022-2023

Despacho n.º 4209-A/2022

Educação - Gabinete do Ministro

Calendário de matrículas para o ano letivo de 2022-2023

1 - Sem prejuízo do disposto no número seguinte, para o ano letivo de 2022-2023, o período normal de matrícula e de renovação é fixado:

a) Entre o dia 19 de abril e o dia 16 de maio, para a educação pré-escolar e para o 1.º ano do 1.º ciclo do ensino básico;

b) Entre o dia 9 de julho e o dia 19 de julho, para os 2.º, 3.º, 4.º, 5.º, 6.º e 7.º anos do ensino básico;

c) Entre o dia 17 de junho e o dia 1 de julho, para os 8.º e 9.º anos do ensino básico e para o ensino secundário.

Divulgação das listas de crianças e alunos relativas à matrícula ou à renovação de matrícula

1 - Em cada estabelecimento de educação e de ensino são elaboradas e divulgadas as listas de crianças e alunos que requereram ou a quem foi renovada a matrícula, de acordo com os seguintes prazos:

a) Até 31 de maio de 2022, no caso de matrículas na educação pré-escolar e no 1.º ano do 1.º ciclo do ensino básico;

b) Até ao 5.º dia útil após o fim do período de matrícula e de renovação de matrícula para os alunos do 5.º ano, 7.º ano, 10.º ano e 1.º ano do ensino profissional.

2 - As listas dos alunos admitidos são publicadas:

a) No dia 1 de julho de 2022, no caso da educação pré-escolar e do 1.º ano do 1.º ciclo do ensino básico;

b) No dia 1 de agosto de 2022, no caso dos restantes anos do ensino básico e do ensino secundário, com indicação do curso em que cada aluno foi admitido.

Máscaras, por agora, são para manter

Os Agrupamentos de Escolas e Escolas Não Agrupadas receberam orientações da DGEstE para garantirem a disponibilização de equipamentos de proteção individual no último período do ano letivo. Segundo a norma da DGEstE é “fundamental continuar a garantir condições para que o ano letivo 2021/2022 decorra num ambiente de segurança e confiança”.

“Importa trabalhar para que os agrupamentos de escolas possam contar com máscaras, luvas, aventais e SABA (solução alcoólica desinfetante)”, realça a mesma nota. “O objetivo de agilizar e dar maior eficiência ao processo de aquisição destes equipamentos/produtos, continuará o mesmo a ser concretizado pelos AE/ENA , nos exatos termos em que aconteceu nos 1.º e 2.º períodos, sendo para isso reforçados os seus orçamentos”.

segunda-feira, 11 de abril de 2022

Oportunidades educativas da integração digital em cenários de gamificação e jogos digitais

Falar sobre educação no século XXI é, na grande maioria das vezes, confrontar as ideias sobre uma evolução da sociedade com o uso do digital numa escola que se manteve num regime, essencialmente, analógico. Este artigo confronta as ideias sobre como a prática pedagógica dos professores permanece digitalmente inalterada, ao longo do último século. Quando são ouvidos, às vezes os professores referem-se a muitos constrangimentos que os obrigam a manter as suas aulas, essencialmente, expositivas, ou em modelos que valorizam a exposição, compreensão e aplicação da aprendizagem de forma mais formal. Devido ao vírus Covid-19 e com a suspensão das aulas presenciais devido à pandemia associada, as escolas recorreram ao denominado “ensino remoto de emergência” numa adaptação a um formato de escola que forçou uma mudança repentina na visão para a integração do digital na educação, exigindo uma adaptação rápida por parte dos professores. Este facto levanta debates e interrogações sobre se os professores estão preparados para os desafios da escola do século XXI, nomeadamente na integração do digital, mas sobretudo na implementação dos modelos ativos de aprendizagem. Neste artigo, reforçamos dois desses modelos, nomeadamente, a aprendizagem com jogos e a gamificação, esclarecendo as diferenças e equívocos entre ambos e definindo as suas principais características, numa provocação ao pensamento e à tomada de posição sobre ambos, no processo de ensino-aprendizagem.

OPORTUNIDADES EDUCATIVAS DA INTEGRAÇÃO DIGITAL EM CENÁRIOS DE GAMIFICAÇÃO E JOGOS DIGITAIS


A gamificação na educação é uma abordagem para incentivar a motivação e o envolvimento dos alunos, incorporando princípios de design de jogos num ambiente controlado de aprendizagem. A importância de manter a motivação dos alunos tem sido um desafio de longa data para a educação. Isso explica a atenção significativa que a gamificação ganhou no contexto educativo. No entanto, o processo de integração dos princípios de design de jogos em diferentes experiências educacionais parece desafiador e atualmente há diretrizes práticas sobre como fazê-lo de maneira coerente e eficiente.

Estamos apenas a viver na ilusão social de um mundo voltado para a transformação do sistema educativo pela inovação com tecnologia?

A Educação de 8 a 80

Marco Bento 

A integração da tecnologia no processo educativo sofre de uma grave lacuna entre o que é a realidade e os que são as expetativas, num período de dúvidas de todo o ecossistema educativo.

Na Educação, permanece a controvérsia entre a necessidade de inovação do sistema educativo, e a sua natural evolução social, versus a permanência de um modelo tradicional de ensino consistente, testado e seguro na sua ação pedagógica. Estamos apenas a viver na ilusão social de um mundo voltado para a transformação do sistema educativo pela inovação com tecnologia. Na verdade, a inovação, com e através da tecnologia, é apenas um placebo que nos é dado como se a sua utilização fosse uma prática inovadora num sistema de ensino.

A integração da tecnologia no processo educativo sofre de uma grave lacuna entre o que é a realidade e os que são as expetativas, num período de dúvidas de todo o ecossistema educativo sobre a eficácia ou não da tecnologia na aprendizagem, diabolizando-a e seguindo, assim, o extremismo da discussão.

Campanha de Prevenção das Dependências online de Crianças e Jovens

A Direção-Geral da Educação acaba de lançar, no âmbito do Centro de Sensibilização SeguraNet, a 3.ª Campanha de Pacotes de Açúcar, com o apoio da Delta Cafés.

São nove as situações apresentadas sobre a prevenção das dependências online de crianças e jovens. 

A campanha de pacotes de açúcar, dirigida a pais/encarregados de educação, a todos os agentes educativos e a todas as famílias tem a colaboração do Professor Daniel Sampaio, da Professora Ivone Patrão e o apoio da Geração Cordão e do Instituto de Apoio à Criança.

Mais informações na página da campanha.

Resultados do Inquérito às Necessidades Especiais de Educação nos Estabelecimentos de Ensino Superior em 2021/2022

A Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC), enquanto entidade delegada do Instituto Nacional de Estatística, apresenta os resultados do Inquérito às Necessidades Especiais de Educação nos Estabelecimentos de Ensino Superior em 2021/2022

O Inquérito tem como objetivo recolher informação sobre o número de alunos inscritos e o número de diplomados, com necessidades especiais de educação, dos estabelecimentos de ensino superior, públicos e privados, bem como caracterizar as condições de que dispõem para apoio a estes alunos.



domingo, 10 de abril de 2022

Medidas do Governo são insuficientes e os custos serão elevados

As medidas apresentadas no Programa do Governo são manifestamente insuficientes para mitigar ou iniciar um processo para a resolução do problema da falta de professores, pelo menos no curto prazo.

É urgente que o governo apresente as suas ideias para que, em conjunto com as organizações representativas dos docentes, possa iniciar um processo negocial por forma a evitar o colapso do sistema educativo e para que nos próximos anos letivos milhares de alunos não fiquem sem professores em várias disciplinas, desde o ensino básico ao secundário. 


A continuar assim, e sem novas mediadas de fundo na valorização da carreira e do estatuto, poderemos chegar a 2025 com 250 mil alunos sem terem professor pelo menos a uma disciplina, ou seja, “mais de metade dos alunos que hoje frequentam o ensino do 7.º aos 12.º anos”. 


Incentivos para a fixação de professores, alargamento do leque dos cursos de acesso à docência ou estagiários a dar aulas são medidas que dependem sobretudo de factores que escapam ao controlo do Governo e cujos impactos, a concretizarem-se, não terão efeitos a curto prazo, dizem especialistas.

sábado, 9 de abril de 2022

Perfil académico e profissional de professores do ensino superior que asseguram a Formação Inicial de Professores

Tendo como foco a Formação Inicial de Professores (FIP), o estudo analisa os cursos de mestrado acreditados pela Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES) que, em Portugal, conferem essa formação para a docência nos primeiros seis anos de escolaridade básica, para o 3º Ciclo do Ensino Básico e para o Ensino Secundário. Para além destes cursos, foram também analisadas as licenciaturas em Educação Básica, por constituírem um pré-requisito para acesso aos cursos de mestrados para os 1º e 2º ciclos e por incluírem nos seus planos de estudo formação relacionada com o exercício da docência.

Este relatório, na sua estrutura, tem três partes: 
• Parte I – apresenta dados resultantes da análise documental das Fichas de CV, orientada para a caracterização do perfil académico e profissional dos docentes do ensino superior que, em Portugal, asseguram a formação inicial de professores nas UC relacionadas com o exercício da docência/prática curricular relativa ao ensinoaprendizagem-avaliação. 
• Parte II – apresenta dados resultantes dos Estudos de Caso relativos a cursos de FIP de diferentes níveis escolares, e que envolveu coordenadores de cursos e professores cooperantes de IES público e IES privado. 
• Conclusões e Recomendações – apresenta uma síntese do estudo que tem como intenção apoiar caminhos que possam contribuir para a melhoria da FIP

OS DOIS GRILHÕES

Os professores têm muitas razões para nem sequer suportarem ouvir o nome de Maria de Lurdes Rodrigues. Contudo — vista a história recente a partir da sua perspetiva e dos seus objetivos — devemos reconhecer que desferiu dois golpes de mestre na classe docente, que ainda não foi capaz de se redimir desse revés. Criou o atual regime de gestão, com a dominante figura do Diretor, e reformulou o regime de avaliação e de progressão na carreira, que foi sendo lapidado posteriormente. São estes os dois grilhões que amarram e sujeitam tenazmente os professores.

O atual regime de gestão pôs fim aos ventres de democracia que eram as escolas. Eram. Os alunos continuam a eleger os seus representantes por voto secreto e em sufrágio eleitoral universal, mas os professores não. O Diretor é eleito pelo Conselho Geral, após apreciação do seu projeto de intervenção no agrupamento de escolas ou escola não agrupada, o que, normalmente, implica a identificação dos principais problemas, a definição da sua missão, as metas e as grandes linhas de orientação da ação, bem como a explicitação do plano estratégico a realizar no mandato. E este é, no meu entender, um ponto basilar, objetiva e subjetivamente.

Para além dos poderes objetivos que a Lei confere explicitamente aos diretores — na avaliação dos professores e na intervenção decisiva no processo de eleição dos diferentes coordenadores, entre outros —, aqueles que resultam do modo como é eleito adquirem um peso muito significativo no quotidiano escolar. Na verdade, o pequeno colégio eleitoral constituído pelos membros do Conselho Geral elege uma figura uninominal que tem uma visão para aquela escola ou agrupamento. É ele/ela que tem, portanto, depois de eleito(a), a responsabilidade e o dever de a concretizar, ou seja, durante um mandato é a visão de uma pessoa que vai prevalecer em todo o modus faciendi escolar. Afinal, essa pessoa tem de cumprir aquilo que justificou a sua eleição. A vontade coletiva será sempre secundarizada, face ao peso do projeto eleito. Por isso, quando o diretor/a diretora quer mesmo, seja por uma via ou por outra, à primeira ou à segunda, a sua vontade acaba sempre por vingar, seja ela o projeto A, o projeto B, o programa informático C, a formação/capacitação D, E, F ou G a parceria H, a divisão do ano letivo em dois semestres, etc. As metas definidas justificam os caminhos.

Subjetivamente, os efeitos decorrentes do processo de eleição do Diretor não são de menor importância, bem pelo contrário. Nesta autêntica enxurrada normativa em que estamos mergulhados, há mais de 15 anos, os professores — entretanto também tomados por outras enxurradas ocupacionais — deixaram de ter capacidade para acompanhar, como soía, as novidades legais. Por outro lado, há muitos espaços vazios nos interstícios dos documentos legais. Nesses casos, prevalece sempre a interpretação/decisão do diretor. A autonomia, em tais circunstâncias, funciona bem. De qualquer forma, mesmo com a Lei do seu lado, muitos professores, em situações correntes do dia a dia escolar, preferem, cautelosamente, perder uma eventual contenda com o diretor a saírem vitoriosos desse diferendo e perderem, posteriormente, muito mais, pois toda a gente sabe que há mil e uma maneiras de retaliar, a coberto da Lei. O terreno é tão amplo que aí poderia levantar e aterrar um Antonov. Nem me dou ao trabalho de especificar.

O segundo grilhão é, como acima afirmei, o sistema de avaliação e a inerente progressão na carreira, com as prodigiosas represas instaladas no 4.º e 6.º escalões. Para passar, não basta merecer, é preciso haver lugar em sítio tão estrangulado. E é precisamente este toque de génio que faz toda a diferença. Tudo passa, como na Fórmula 1, a ser disputado ao segundo, à décima, à centésima, à milésima de segundo. Um pequeno detalhe num aileron, uma pequena peça de metal ou de plástico, uma troca de pneus mal calculada e… ganha-se ou perde-se a corrida. Só que na Fórmula 1, tudo isto é desejável, é louvável e necessário ao progresso do setor automóvel. No ensino, é o oposto: entramos num mundo miudinho, feito de miserável filigrana, de muitas coisas pequenas.

Estes dois grilhões — bem ligados pela desgastante corrente da formação/capacitação, que tem funcionado como um autêntico braço endoutrinador do regime — têm amarrado os professores a um quotidiano indigno da sua condição de mestres. Foi-se gerando, nas escolas, um letal veneno para a democracia, que deveria nascer e crescer no seu ventre. Grassa o autoritarismo, evidentes tiques de autocracia, abuso de poder e discricionariedade, que semeiam férteis searas de aquiescência, de subserviência e de medo. Há, por isso, muitas consciências amordaçadas, muitos atos a contragosto, muitas ações forçadas, autênticos festins de hipocrisia e conluios de traição. É claro que há também, felizmente, exceções a esta “regra” — gente conciliadora, que continua dialogante, que tenta trocar as voltas à brisa instalada — como houve, no passado, líderes que, em plena ditadura, sempre amorteceram, no que lhes foi possível, os efeitos da mão de ferro sobre o seu povo. Porém, todos concordaremos que não seria por termos um líder político local menos autoritário, mais tolerante ou dialogante que nos sentiríamos felizes a viver em ditadura. Claro que não.

As nossas escolas estão longe de ser os tais laboratórios de democracia de que fala João Costa. Os professores vivem num contexto de sobreocupação, de subjugação e medo. Não me parece gravidez democrática, mas de outra coisa, de uma besta de cenho bem mais carrancudo, que estamos a alimentar. Sei como poderíamos libertar-nos destes grilhões, mas, sinceramente, já não vejo suficiente espírito de abnegação, capacidade de sacrifício bastante nem a força que uma revolta exige. Sei como poderíamos libertar-nos, mas isso só me faz sofrer ainda mais.

Santa Páscoa, Professores do meu país!

sexta-feira, 8 de abril de 2022

Português para Ucranianos - Португальська для українців

Португальська для українців - Português para Ucranianos: nova área dedicada ao idioma ucraniano disponível no RTP Ensina

Maçã, escola, azul, jardim ou gato. São algumas das palavras de uso comum que o RTP Ensina apresenta aos ucranianos que agora chegam a Portugal. Cada palavra faz parte de um conjunto de temas como os transportes, cores, serviços ou alimentos, nas formas escrita e falada. Pretende-se ajudar na integração, não só dos alunos, mas também dos adultos que não sabem expressar-se em português e que, desta forma, podem aprender um conjunto de quase duas centenas de palavras.

Além desta vertente, o projeto Português para Ucranianos pode ser utilizado em trabalhos de Cidadania, mostrando aos alunos portugueses como podem dizer, em ucraniano, o mesmo conjunto de palavras simples. Nesse sentido, são um contributo para a divulgação de uma língua falada por mais de 40 milhões de pessoas, dominante num país que agora vive uma situação de emergência, flagelado pela guerra.

Disponível para desktop, smartphones e tablets, esta nova área pode ser facilmente acedida através do RTP Ensina em Португальська для українців – PORTUGUÊS PARA UCRANIANOS.

Reserva de recrutamento n.º 29

Publicitação das listas definitivas de Colocação, Não Colocação, Retirados e Listas de Colocação Administrativa – 29.ª Reserva de Recrutamento 2021/2022.


Aplicação da aceitação disponível das 0:00 horas de segunda-feira dia 11 de abril, até às 23:59 horas de terça-feira dia 12 de abril de 2022 (hora de Portugal continental).

Nota informativa – Reserva de recrutamento n.º 29

 RR30 – 14 de abril de 2022

A ler no JN

Apenas cerca de um terço dos docentes que asseguram a formação inicial de futuros professores tem experiência de lecionação nos ensinos básicos e secundário. E um terço não tem formação no ramo educacional, estando os perfis académicos desajustados às componentes de formação. Uma radiografia ao perfil dos professores do Ensino Superior feita pelo EDULOG, da Fundação Belmiro de Azevedo, com várias recomendações. Desde logo, investir na progressão da carreira académica, bem como o desenvolvimento de atividades de desenvolvimento profissional relacionadas com o exercício da docência.

Só um terço dos docentes que formam professores tem experiência na área

Medida excecional de proteção temporária, para crianças deslocadas da Ucrânia, em Creche e CATL

Publicada no Diário da República a Portaria que estabelece a medida social excecional, no âmbito da proteção temporária devidamente comprovada, às crianças deslocadas da Ucrânia relativamente à frequência de Creche e de Centro de Atividades de Tempos Livres


Portaria n.º 138/2022

quinta-feira, 7 de abril de 2022

quarta-feira, 6 de abril de 2022

Manuais escolares da Ucrânia disponíveis

A LeYa Educação, em colaboração com a RANOK Publishing House, a principal editora escolar na Ucrânia, disponibiliza a partir de hoje, de forma totalmente gratuita, na sua plataforma Aula Digital, os manuais escolares desta editora em ucraniano.
Esta iniciativa tem em vista proporcionar às famílias ucranianas recém-chegadas a Portugal fruto do conflito, às famílias de acolhimento e aos professores portugueses instrumentos para apoiar as crianças ucranianas no desenvolvimento das suas aprendizagens, enquanto vão aprendendo a língua portuguesa e se vão integrando no nosso sistema de ensino.
Neste momento, estão disponíveis os manuais escolares do 1.º ao 4.º ano de escolaridade. Nos próximos dias serão incorporados os manuais escolares destinados aos restantes anos de escolaridade.
O acesso é totalmente gratuito mediante um registo, para o qual disponibilizamos instruções em inglês e em português, bem como o link de acesso à plataforma. Clique neste link para aceder.
A plataforma Aula digital é a plataforma digital da LeYa Educação e é utilizada diariamente por milhares de alunos e professores portugueses.
Para mais informações ou esclarecimento de dúvidas, entre em contacto com o nosso Serviço de Apoio através do e-mail: apoio@leyaeducacao.com

Novos guiões de trabalho para a integração das crianças refugiadas

Foram divulgados às escolas “novos guiões de trabalho” para a integração das crianças refugiadas a frequentar estabelecimentos de ensino portugueses.

A Integração de Crianças Refugiadas na Educação Pré-Escolar identifica um conjunto de linhas orientadoras para apoiar os/as educadores/as de infância na inclusão das crianças refugiadas, o mais precocemente possível e de forma a promover o bem-estar, a segurança e o desenvolvimento de aprendizagens com qualidade.

As Orientações para o Acolhimento, a Integração e a Inclusão de Crianças e Jovens Ucranianos integram diferentes tipologias de intervenção face à verificação de que algumas escolas ucranianas oferecem aos seus alunos deslocados a possibilidade de frequência do sistema educativo ucraniano na modalidade de ensino a distância. Salientam ainda a importância de ter em consideração o respeito pelas expectativas quer de discentes, quer das suas famílias, em articulação com o cumprimento da escolaridade obrigatória em Portugal.

Tendo em vista a integração de crianças e jovens na escola, estas e outras medidas têm vindo a ser divulgadas no site desta Direção-Geral, em https://www.dge.mec.pt/criancas-e-jovens-refugiados-medidas-educativas.

Validação das Candidaturas – Concurso Externo / Contratação Inicial / Reserva de Recrutamento

Aplicação eletrónica disponível entre o dia 06 e as 18:00 horas de dia 12 de abril de 2022 (hora de Portugal continental), para efetuar a validação das candidaturas ao Concurso Externo/Contratação Inicial/Reserva de Recrutamento.

terça-feira, 5 de abril de 2022

Formação inicial em reflexão ou a busca de soluções apressadas e pouco sustentadas?

Divulgados no Quintal do Paulo Guinote, aqui ficam dois documentos sobre a Formação Inicial de Professores. O primeiro, apesar de não ter data nem autor, terá saído dos gabinetes do Ministério da Educação, agora na Infante Santo, nos finais de 2021 e refere que o ME se encontrava a proceder a uma reflexão com os seguintes objetivos: 

1. Analisar a estrutura global da oferta de programas de Formação Inicial de Docentes ministrados em Portugal por instituições de ensino superior. 

2. Avaliar da adequação dos programas de Formação Inicial de Docentes em Portugal aos desafios atuais do sistema educativo. 

3. Propor adequações ao Regime Jurídico da Habilitação Profissional para a Docência na Educação Pré-Escolar e nos Ensino Básico e Secundário

O segundo documento é uma tomada de posição dos Centros de Investigação de Ciências e Políticas de Educação - Por uma formação de professores de qualidade, com data de 30 de março e que alerta para a busca de soluções apressadas e pouco sustentadas, conceptual e empiricamente, para resolver problemas prementes e há muito diagnosticados, face à urgência de renovar o corpo docente e de recrutar professores em número suficiente para suprir as necessidades do sistema, põe em causa a qualidade da formação dos profissionais que devem assegurar a educação das crianças e dos jovens.

Os centros de investigação em Ciências e Políticas de Educação acreditados pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) veem com preocupação a proposta de alteração da formação inicial de professores apresentada no documento do ME intitulado “Formação Inicial”

Formação inicial - Ministério da Educação 


Tomada de posição dos Centros de Investigação de Ciências e Políticas de Educação

segunda-feira, 4 de abril de 2022

Políticas Públicas, Organização e Gestão Escolar e Educacional: perspetivas

As políticas públicas desenrolam-se num processo social que envolve diferentes tipos de atores, com os seus referenciais e práticas, e que faz com que as politicas sejam consideradas como ação pública que, sucintamente, se podem caraterizar pela não linearidade, pelas interdependências e circularidades atendendo ao número e a variedade dos atores (públicos e não públicos, nacionais e transnacionais) envolvidos na ação e às relações menos hierarquizadas entre os atores onde a abordagem hierárquica vertical é substituída por uma poliarquia multipolar.Por outro lado, as políticas públicas não são circunscritas apenas à intervenção governamental, mas, pelo contrário constroem-se pela intervenção e interação de outros atores.

Todas estas características das políticas públicas como ação pública, e as problemáticas daí decorrentes, estão presentes no interior das escolas como organizações olhadas como microcosmos sociais complexos onde interagem também uma rede interdependente de atores que contribuem, de maneiras diferenciadas, para os modos como se pensa, como se organiza e como é gerida e liderada a instituição escolar.

Políticas Públicas, Organização e Gestão Escolar e Educacional: perspetivas

Vol. 9 N.º 2 (2021): Políticas Públicas, Organização e Gestão Escolar e Educacional: perspetivas | Medi@ções . (2022). Retrieved 23 March 2022, from https://mediacoes.ese.ips.pt/index.php/mediacoesonline/issue/view/24

Autorização de despesa relativa aos contratos de associação da Educação Especial

Publicada no Diário da República a Resolução do Conselho de Ministros que autoriza a realização da despesa relativa aos contratos de cooperação a celebrar no âmbito da educação especial, para o ano letivo de 2022/2023

Resolução do Conselho de Ministros n.º 38/2022


Autoriza a Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGEstE) a realizar a despesa relativa aos apoios decorrentes da celebração de contratos de cooperação com os centros de recursos para a inclusão, com os estabelecimentos de ensino particular de educação especial, com as cooperativas e associações de ensino especial e com as instituições particulares de solidariedade social, para o ano letivo de 2022/2023, até ao montante global de (euro) 20 140 000,00.