Há momentos em que se colocam alguns valores em causa. Confesso que fico confuso com algum tipo de argumentos e o
dicionário é sempre uma boa solução para situar o significado de alguns vocábulos:
greve
(francês grève)
s. f.
1. Interrupção voluntária e colectiva de actividades ou funções, por parte de trabalhadores ou estudantes, como forma de protesto ou de reivindicação.
Parece-me então consensual que uma greve é uma iniciativa que e voluntária, organizada por quem trabalha e que implica a interrupção das suas funções laborais, certo? E para quê?
Para protestar ou reivindicar.
Pois bem!
O que estão a fazer os Professores?
A fazer uma interrupção nas suas actividades laborais, curiosamente até naquela parte do ano em que boa parte dos ignorantes que comentam o país costumam dizer que estamos de férias. Aliás, se temos 3 meses de férias (Junho, Julho e Agosto), creio que o contador já começou a andar e por isso, realmente, as aulas que tenho para dar hoje e os testes para corrigir devem ser parte das minhas férias. Não se preocupe sr. Marcelo, que nós não vamos deixar de dar aulas para lutar. Vamos levar as aulas até ao fim, respeitando, assim, integralmente o direito dos alunos à Educação.
E que motivos levam os Professores a iniciar a luta mais dura desde o 25 de Abril?
A permanente vontade de Nuno Crato em despedir Docentes ( pode chamar-se mobilidade, requalificação ou outra coisa qualquer, mas verdadeiramente, o que está em causa é o despedimento de milhares de professores) e o aumento do horário de trabalho para 40 horas.
Ora, não me parece que seja crime
defender o posto de trabalho – se os trabalhadores não lutam pela essência da sua condição, vão lutar para???
Diria que, antes pelo contrário, temos a obrigação de o fazer – até podemos perder e ver o despedimento acontecer, mas que isso aconteça depois de lutar tudo o que for possível.
E, o que vão fazer os Professores?
Nada, se na 5ª feira o MEC anunciar que não vai aplicar a Mobilidade Especial / Requalificação / Despedimento aos Professores!
Simples! Se, como diz Passos Coelho, a intenção não é despedir, então que deixem para um dia destes a regulamentação do despedimento.
Se, como não acredito, o Governo continuar a insistir nesta imbecilidade, então vamos:
- realizar uma manifestação em Lisboa no dia 15 de Junho, Sábado;
- realizar uma Greve GERAL de Professores no dia 17 de Junho: este dia coincide com o primeiro dia de exames e por isso não faltam datas para nova marcação do exames. Estamos longe de ter neste dia um problema do tamanho do mundo para os alunos. É uma dificuldade acrescida? Sim, claro.
Há milhares de Docentes que também são pais e que também vão ter os seus filhos prejudicados neste dia, mas não é isso uma consequência natural de uma GREVE?
Será que me querem apontar um exemplo?
Algum médico opera sem estar no hospital?
Algum motorista guia sem estar no autocarro?
Algum lixo é recolhido em dia de Greve?
Algum professor pode dar aulas sem estar na escola?
Reparem que, de todos os dias de luta marcados, apenas o dia 17 coincide com actividades que envolvem alunos, mas quando colocamos em cima da mesa a questão dos 30 alunos por turma e da falta de horas para apoios, para citar só dois exemplos, estamos a falar de quê? De emprego? Ou dos alunos?
Tem a palavra o GOVERNO.
Nota: a capacidade de mobilização no tempo de Sócrates foi uma brincadeira quando comparada com o que se sente hoje nas escolas. Sugiro ao PSD que procure ouvir os seus militantes no terreno e que se prepare!