quinta-feira, 1 de julho de 2021

Calendário de Exames do Ensino Secundário

 Exames Finais Nacionais Ensino Secundário - 1ª Fase

2 de julho
9.30
12.º Ano
Português (639)
Português Língua Segunda (138)
Português Língua Não Materna (839)
5 de julho
9.30
11.º Ano
Espanhol (547)
Espanhol (847)
14.00
11.º Ano
Geometria Descritiva A (708)
6 de julho
9.30
11.º Ano
Filosofia (714)
14.00
11.º Ano
Francês (517)
7 de julho
9.30
12.º Ano
História A (623)
9.30
11.º Ano
História B (723)
14.00
11.º Ano
História da Cultura e das Artes (724)
8 de julho
9.30
11.º Ano
Física e Química A (715)
14.00
11.º Ano
Latim A (732)
9 de julho
9.30
11.º Ano
Economia A (712)
14.00
11.º Ano
Alemão (501)
12 de julho
9.30
11.º Ano
Inglês (550)
13 de julho
9.30
12.º Ano
Matemática A (635)
9.30
11.º Ano
Matemática B (735)
Matemática Aplicada às Ciências Sociais (835)
14 de julho
9.30
12.º Ano
Desenho A (706)
14.00
11.º Ano
Mandarim (848)
15 de Julho
9.30
11.º Ano
Biologia e Geologia (702)
14.00
11.º Ano
Literatura Portuguesa (734)
16 de julho
9.30
11.º Ano
Geografia A (719)
De 2 a 16 de julho - aplicação da componente de produção e interação orais de Português Língua Não Materna (839) e das Línguas Estrangeiras (501; 517; 547; 550; 847).


Exames Finais Nacionais Ensino Secundário - 2ª Fase
1 setembro
9.30
11.º Ano
Física e Química A (715)
Literatura Portuguesa (734)
14.00
11.º Ano
Economia A (712)
Latim A (732)
2 de setembro
9.30
12.º Ano
Português (639)
Português Língua Segunda (138)
Português Língua Não Materna (839)
14.00
11.º Ano
História da Cultura e das Artes (724)
Geografia A (719)
3 de setembro
9.30
12.º Ano
História A (623)
9.30
11.º Ano
História B (723)
Geometria Descritiva A (708)
14.00
12.º Ano
Desenho A (706)
14.00
11.º Ano
Biologia e Geologia (702)
6 de setembro
9.30
12.º Ano
Matemática A (635)
9.30
11.º Ano
Matemática B (735)
Matemática Aplicada às Ciências Sociais (835)
14.00
11.º Ano
Filosofia (714)
7 de setembro
9.30
11.º Ano
Inglês (550)
14.00
11.º Ano
Alemão (501)
Espanhol (547)
Espanhol (847)
Francês (517)
Mandarim (848)
De 1 a 9 de setembro - aplicação da componente de produção e interação orais de Português Língua Não Materna (839) e das Línguas Estrangeiras (501; 517; 547; 550; 847).

Desconfinamento: atualização 1 de julho


Atendendo à evolução da pandemia no país, o Governo voltou a avaliar as medidas que, tendo em conta a taxa de incidência concelhia, devem ser aplicadas em cada município.

Além das regras já conhecidas, e por a situação epidemiológica em Portugal continuar a agravar-se, o Executivo determinou a proibição de circulação na via pública a partir das 23h00 para os concelhos de risco elevado ou muito elevado.

O Conselho de Ministros optou ainda por manter a restrição as viagens de e para a Área Metropolitana de Lisboa (AML) entre as 15h00 do dia 2 de julho e as 6h00 de segunda-feira, dia 5 de julho, salvo para os casos legalmente excecionados – destaque-se, por exemplo, a possibilidade de sair e entrar na AML mediante apresentação de um de três certificados: vacinação completa, recuperação da doença COVID-19 e teste negativo de despiste da doença.

Existem 19 concelhos de risco muito elevado (i.e., com uma taxa de incidência superior a 240 casos por cem mil habitantes nos últimos 14 dias ou 480 se forem concelhos de baixa densidade): Albufeira, Almada, Amadora, Barreiro, Cascais, Constância, Lisboa, Loulé, Loures, Mafra, Mira, Moita, Odivelas, Oeiras, Olhão, Seixal, Sesimbra, Sintra e Sobral de Monte Agraço. A este grupo aplicam-se as seguintes medidas:

• Limitação da circulação na via pública a partir das 23h00.
• Teletrabalho obrigatório quando as atividades o permitam;
• Restaurantes, cafés e pastelarias podem funcionar até às 22h30 durante a semana e até às 15h30 ao fim de semana e feriados (no interior, com um máximo de 4 pessoas por grupo; em esplanada, 6 pessoas por grupo);
• Espetáculos culturais até às 22h30;
• Casamentos e batizados com 25 % da lotação;
• Comércio a retalho alimentar até às 21h00 durante a semana e até às 19h00 ao fim de semana e feriados;
• Comércio a retalho não alimentar e prestação de serviços até às 21h00 durante a semana e até às 15h30 ao fim de semana e feriados;
• Permissão de prática de modalidades desportivas de médio risco, sem público;
• Permissão de prática de atividade física ao ar livre até seis pessoas e ginásios sem aulas de grupo;
• Eventos em exterior com diminuição de lotação, a definir pela DGS;
• Lojas de Cidadão com atendimento presencial por marcação.

26 concelhos (Alcochete, Alenquer, Arruda dos Vinhos, Avis, Braga, Castelo de Vide, Faro, Grândola, Lagoa, Lagos, Montijo, Odemira, Palmela, Paredes de Coura, Portimão, Porto, Rio Maior, Santarém, São Brás de Alportel, Sardoal, Setúbal, Silves, Sines, Sousel, Torres Vedras e Vila Franca de Xira) que registam, pela segunda avaliação consecutiva, uma taxa de incidência superior a 120 casos por cem mil habitantes nos últimos 14 dias (ou superior a 240 se forem concelhos de baixa densidade). Para estes municípios, as regras que estarão em vigor são as seguintes:

• Limitação da circulação na via pública a partir das 23h00.
• Teletrabalho obrigatório quando as atividades o permitam;
• Restaurantes, cafés e pastelarias podem funcionar até às 22h30 (no interior, com um máximo de 6 pessoas por grupo; em esplanada, 10 pessoas por grupo);
• Espetáculos culturais até às 22h30;
• Casamentos e batizados com 50 % da lotação;
• Comércio a retalho alimentar, não alimentar e prestação de serviços até às 21h00;
• Permissão de prática de todas as modalidades desportivas, sem público;
• Permissão de prática de atividade física ao ar livre e em ginásios;
• Eventos em exterior com diminuição de lotação, a definir pela Direção -Geral da Saúde (DGS);
• Lojas de Cidadão com atendimento presencial por marcação. 
 
No entanto, a generalidade do país continua abrangida pelas medidas de desconfinamento que entraram em vigor a 14 de junho:
• Teletrabalho recomendado nas atividades que o permitam;
• Restaurantes, cafés e pastelarias (máximo de 6 pessoas no interior ou 10 pessoas em esplanadas) até à meia-noite para admissão e 1h00 para encerramento;
• Comércio com horário do respetivo licenciamento;
• Transportes públicos com lotação de dois terços ou com a totalidade da lotação nos transportes que funcionem exclusivamente com lugares sentados;
• Espetáculos culturais até à meia-noite;
• Salas de espetáculos com lotação a 50%;
• Foras das salas de espetáculo, com lugares marcados e com regras a definir pela DGS.
• Escalões de formação e modalidades amadoras com lugares marcados e regras de acesso definidas pela DGS;
• Recintos desportivos com 33% da lotação;
• Fora de recintos aplicam-se regras a definir pela DGS.

Neste último grupo, há, contudo, um conjunto de 21 concelhos que, por registarem pela primeira vez uma taxa de incidência superior aos limiares definidos, ficam em alerta: Albergaria-a-Velha, Aveiro, Azambuja, Bombarral, Cartaxo, Idanha-a-Nova, Ílhavo, Lourinhã, Matosinhos, Mourão, Nazaré, Óbidos, Salvaterra de Magos, Santo Tirso, Trancoso, Trofa, Vagos, Viana do Alentejo, Vila Nova de Famalicão, Vila Nova de Gaia e Viseu.

Ver ainda Comunicado do Conselho de Ministros 

“Registo de Alunos Inscritos e Diplomados do Ensino Superior” relativos a diplomados no ano letivo 2019/2020

A Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC) apresenta os principais resultados do Inquérito “Registo de Alunos Inscritos e Diplomados do Ensino Superior” relativos a diplomados no ano letivo 2019/2020.

Principais resultados do RAIDES 20 – Diplomados 2019/2020 [PDF]
Diplomados no Ensino Superior em 2019/2020 [XLSX] [ODS]
Diplomados [1996/1997 a 2019/2020 [XLSX] [ODS]
Diplomados no Ensino Superior em 2019/2020 – NUTS II [XLSX] [ODS]
Diplomados com mobilidade de crédito no seu percurso académico em 2019/2020 [XLSX] [ODS
Diplomados em situação de mobilidade de grau em 2019/2020 [XLSX] [ODS]

Os Maus Professores - 1

DIÁRIO DE UM PROFESSOR

O tema ainda é mais polémico do que a forma de determinar o que é um “bom” professor ou quem são os “melhores” professores. Antes de mais, porque há maus profissionais em todas as profissões e dificilmente assim deixará de ser, em especial numa profissão com bem mais de uma centena de milhar de efectivos em exercício todos os anos. E a fixação em estar sempre a querer singularizar a classe dos professores nesta matéria é algo tão frequente que as feridas nunca chegam a cicatrizar.

Dito isto, é claro que quase todos nós, como alunos ou colegas, conhecemos maus professores. E as memórias e marcas que nos deixaram os maus professores são tão ou mais intensas quantas as deixadas pelos que consideramos terem sido os melhores. Porque são as duas faces de uma moeda que conhecemos durante muito tempo. E se o “bom professor” nem sempre é fácil de definir de um modo inquestionável, é raro que isso aconteça com o que toda a gente que o conheceu concorda ter sido claramente mau ou medíocre. Amanhã vou tentar escrever um pouco sobre os vários tipos de mau professor, mas hoje gostaria de sublinhar dois aspectos prévios:

O primeiro, é que há por aí muit@ ex-professor@ de muito fraca qualidade a escrever sobre o assunto, sem um mínimo de decoro ou memória. Há mesmo quem ache que, com uma experiência episódica de duas ou três substituições feitas há uns 30 anos, enquanto não achavam emprego que lhes desse mais dinheiro e paz de espírito, tem conhecimentos suficientes para dissertar sobre a qualidade do desempenho dos professores, como deveriam ser avaliados, metidos na ordem e reduzidos a uma condição socioprofissional de terceira ordem.

O segundo, é que, com o passar do tempo, o “mau” professor tornou-se essencial ao “sistema” em que se baseia o nosso sistema educativo (não é apenas no não-superior, por isso pode ficar assim a designação em geral). E uso “sistema” e sistema de forma consciente e com razão de ser. Porque a governança do sistema educativo se foi progressivamente cristalizando em torno de um “sistema” (ou modelo ou mesmo “paradigma”, já que o termo é tão abusado) que precisa do mau professor para funcionar de acordo com a nova lógica da obediência hierárquica.

Porque o mau professor, sabendo-se pouco dotado dos méritos mais importantes para a docência e o trabalho com os alunos, opta muitas vezes por aprimorar outro tipo de competências, as quais passam por um “trabalho” fora da sala de aula. Trabalho esse que é muito importante para quem governa as escolas de acordo com o tal “novo paradigma” da centralização unipessoal de tipo feudal, que implica a existência de vassalos prontos a cumprir todas as ordens sem grande discussão, em troca da tolerância do poder. Tolerância que se manifesta na pouca preocupação em proceder a uma verdadeira avaliação dos méritos docentes, mas mais em proteger o tal “sistema”.

Por isso é que o actual modelo de avaliação de desempenho não foi feito para detectar esses “maus” professores e muito menos para procurar melhorar as suas falhas. Porque não é isso que importa. Muito pelo contrário, há mesmo quem ascenda a classificações de mérito, após anos e anos em que o seu desempenho (científico e pedagógico, para não entrar pelas questões da ética) é reconhecido por todos, a começar pelos seus suseranos, como bastante criticável. Mas é exactamente esse o seu valor para o tal “sistema”.

quarta-feira, 30 de junho de 2021

“Férias: um lugar tecno saudável!”

A campanha Férias: um lugar tecno saudável! visa sensibilizar crianças e jovens para o uso saudável da tecnologia durante o período das férias escolares.

Esta campanha, dirigida a pais/encarregados de educação e a todos os agentes educativos, propõe uma viagem a esse lugar especial, onde todos poderão desfrutar de férias em segurança, e onde é privilegiado o bem-estar físico e mental. A grande novidade: através de uma brochura informativa, de um conjunto de dicas e de vídeos de sensibilização, podem encontrar tudo o que todos, em família, precisam!


Brochura com recomendações para o uso saudável da tecnologia:

“Férias: um lugar tecno saudável!”

Para rentabilizar a aprendizagem e alcançar os melhores resultados

Estratégias para estudar

Em época de exames, ainda se torna mais premente adotar métodos de estudo eficazes. Será possível estudar e aprender melhor? Como se deve estudar? Há estratégias simples que podem levar a grandes resultados.

A Iniciativa Educação lança hoje um conjunto de vídeos curtos de animação, dedicados às melhores estratégias de estudo que a psicologia tem para oferecer. O objetivo é ajudar os alunos a rentabilizar a sua aprendizagem e a alcançar os melhores resultados.

Clicar aqui ou na imagem 

Resultados da Reunião das organizações sindicais com o ME - Auscultação sobre a alteração ao diploma dos concursos

Resultados da reunião com o ME:

Dos vários assuntos discutidos/apresentados hoje na reunião, salientam-se estes:
  • Resultados do Concurso Interno: primeira quinzena de julho
  • Concurso de 2021/2022 disponibilização só de horários completos (concurso de mobilidade interna)
  • Abertura de processo negocial sobre revisão do diploma dos concursos: outubro de 2021


Consultar aqui o parecer do SIPE


Acórdão do Tribunal Constitucional anula Despacho com as medidas administrativas que as escolas deveriam adotar


"Pelo exposto, o Tribunal Constitucional decide declarar a inconstitucionalidade, com força obrigatória geral, das normas constantes dos n.ºs 1 e 3 do artigo 12.º da Lei n.º 38/2018, de 7 de agosto, por violação da alínea b) do n.º 1 do artigo 165.º da Constituição."

A Lei nº 38/2018, de 7 de agosto, sobre o direito à autodeterminação da identidade de género e expressão de género e à proteção das características sexuais de cada pessoa, foi depois regulamentada por um simples Despacho que estabelecia as medidas administrativas que as escolas deveriam adotar para efeitos da implementação do previsto no n.º 1 do artigo 12.º da referida Lei.  Com esta decisão do Tribunal Constitucional, o Despacho 7247/2019, de 16 de agosto, assinado pela Secretária de Estado para a Cidadania e Igualdade e pelo Secretário de Estado Adjunto e da Educação, João Costa, está automaticamente revogado.

Apoio do Estado a estabelecimentos de educação especial e centros de recursos para a inclusão

Publicadas hoje 3 Resoluções sobre a apoio a estabelecimentos de educação especial e centros de recursos para a inclusão.

Autoriza a realização da despesa relativa aos apoios decorrentes da celebração de contratos de cooperação com estabelecimentos de ensino particular de educação especial para o ano letivo de 2021/2022

Autoriza a realização da despesa relativa ao apoio financeiro pelo Estado a cooperativas e associações de ensino especial e a instituições particulares de solidariedade social para o ano letivo de 2021/2022

Autoriza a realização da despesa relativa aos apoios financeiros aos centros de recursos para a inclusão decorrentes da celebração de contratos de cooperação para o ano letivo de 2021/2022

terça-feira, 29 de junho de 2021

Duplicação do subsídio de refeição durante 3 anos para trabalhadores deslocados para o interior

Publicada hoje a Portaria do Governo que  fixa a compensação pecuniária temporária a atribuir aos trabalhadores abrangidos pelo programa de incentivos à fixação de trabalhadores do Estado no interior.

(Os incentivos estão disponíveis para assistentes operacionais, assistentes técnicos e técnicos superiores, mas não se aplicam, por exemplo, a médicos e professores.)

Portaria n.º 135/2021


Artigo 1.º
Objeto
A presente portaria fixa a compensação pecuniária de caráter temporário a atribuir aos trabalhadores abrangidos pelo Decreto-Lei n.º 40/2020, de 17 de julho sempre que deslocados da área geográfica não abrangida pela Portaria n.º 208/2017, de 13 de julho, para os territórios do interior identificados no anexo àquela portaria.

Artigo 2.º
Compensação pecuniária
1 - A compensação pecuniária a atribuir aos trabalhadores deslocados da área geográfica não abrangida pela Portaria n.º 208/2017, de 13 de julho, para os territórios do interior identificados no anexo àquela portaria, é de 4,77 euros, correspondente à duplicação do subsídio de refeição, para cada trabalhador, sendo atribuída no máximo durante 3 anos.

2 - A compensação pecuniária referida no número anterior não é atribuída quando haja lugar ao pagamento de ajudas de custo, nos termos da legislação aplicável.

3 - A compensação pecuniária referida no n.º 1 é apenas devida enquanto perdurem as condições de trabalho que determinaram a sua atribuição e haja exercício de funções efetivo ou como tal considerado em lei.

Do regresso dos bons e dos maus professores - Paulo Prudêncio

 Se ser professor é tão complexo, exigente e difícil como a sua avaliação, o retrato actual é muito pior do que o do início do milénio.
 

Ciclicamente, o mundo mediático desperta para a magia dos bons professores. Há cerca de vinte anos que não saímos dum imaginário maniqueísta exclusivo para professores. Não há nada de parecido com os melhores noutra profissão que não seja do espectáculo ou da precariedade. Nenhuma fundação se atreve a fazê-lo para os melhores psiquiatras, neurocirurgiões ou juízes, nem sequer para o desempenho de deputados, comentadores ou professores do ensino superior.

Desta vez, foi o estudo, "O impacto do Professor nas aprendizagens do aluno", da Fundação Belmiro de Azevedo. A mediatização suscitou argumentos sobre os melhores e os piores professores que vão para além do estudo. Embora este recorra "à literatura mais recente" sobre os Valores Acrescentados do Professor (VAP), há quem prefira priorizar os Valores Acrescentados das Sociedades - gestão do território e distribuição da riqueza - e os Valores Acrescentados das Escolas - dimensão das escolas e das turmas, currículos consistentemente completos e ambientes civilizados -. Há muito que prevalece uma tensão discursiva entre o profissional e a sua circunstância, como se fosse possível tomar partido. Se numa regressão linear múltipla se escolher o impacto nos resultados dos alunos como variável dependente, decerto que se hierarquizará assim as variáveis independentes com valores acrescentados: sociedades, escolas e professores.

É óbvio que não há sítio no planeta em que uns dados profissionais tenham efectivamente o mesmo rendimento. Só em trágicas mistificações. O que se tem provado, é a "impossibilidade" de hierarquizar o desempenho dos professores. Não é porque não se queira diferenciar. É porque não se consegue. Aliás, as conclusões deste estudo (2021:157) referem a importância das características dos alunos no seu desempenho escolar (sexo, formação dos pais, nível de rendimento, nacionalidade, entre outras) e salientam que, e apesar do VAP permitir concluir o impacto relevante dos professores, as suas características (posição na carreira, formação e tipo de contrato) não estão correlacionadas de forma sistemática com o valor acrescentado.

Resumamos com dois países dos extremos do PISA: se substituirmos os professores filipinos por professores finlandeses, o valor acrescentado será muito inferior ao da integração plena das famílias filipinas numa sociedade como a finlandesa. Já agora, na Finlândia, que também ainda tem humanos a leccionar e escolas bem dimensionadas, haverá professores de todos os géneros e não há avaliação do desempenho. O que existe, e há muitas gerações, é uma formação inicial prestigiada, uma carreira digna e um testemunho de confiança inabalável; e creio que a ideia dos melhores não faz caminho.

Mas este assunto é sério. É fundamental perceber se existe um desejo ideológico que selecciona, ou usa, perguntas para investigação associadas à iintenção de privatização da educação. Como se sabe, em ciência estuda-se muito o objecto antes de se colocar a questão a investigar. Quando isso não acontece e não impera o conhecimento da realidade, os resultados podem ter usos muito negativos como, de resto, acontece em Portugal.

Aliás, aconselha-se o conhecimento de dois fenómenos deste milénio nos EUA onde se faz há muito estes estudos de valor acrescentado. E não se pense que não nos influenciaram. Diane Ravitch, ex-secretária de Estado nos EUA e aplicadora da privatização das escolas e da avaliação de professores pelos resultados dos alunos, escreveu, e como conclusão arrependida, "a farsa do movimento de desestatização e o perigo para as escolas públicas da América". Também o modelo de avaliação, patrocinado pela Fundação Gates e pelo "Obama Race to the Top", resultou na grave falta de professores ao avaliá-los, remunerando eficazes e despedindo ineficazes, através de testes padronizados aos alunos. As conclusões dizem ainda que se prejudicou os alunos, que se empurrou professores entusiasmados para fora da profissão e que se desencorajou a candidatura dos jovens com melhores resultados escolares.

Ora bem. Em Portugal, nos últimos 20 anos, aplicaram-se ideias desta família na avaliação de professores e na gestão das escolas e com resultados semelhantes. Se ser professor é tão complexo, exigente e difícil como a sua avaliação, o retrato actual é muito pior do que o do início do milénio. Para além da "novidade" da falta estrutural de professores, os que existem estão, em regra, descrentes, agastados, em revolta contida ou radicalizados. São incomparáveis os números do burnout. Aliás, a OCDE diz que já "só os alunos dão ânimo aos professores", apesar do ruído relacional quando o smartphone é uma adição central na vida dos alunos. E a sociedade não ajuda. Os conflitos educativos são mediatizados com a sabida desconfiança nos professores ou com a necessidade de mais uma "reforma meritocrática"; e são muitos anos desta ventania. Por outro lado, a escola perdeu a gestão de proximidade e a massa crítica. O aumento da escala para mega-agrupamentos eliminou a mobilização reflexiva para uma autonomia com pressupostos modernos e desburocratizados de flexibilidade e inclusão. A origem das nuvens carregadas não é a didáctica do ensino, é a organização doentia que está a montante da sala de aula e que o mau uso destes estudos acentua.

Por outro lado, as nossas empresas ainda agem de modo isolado no universo escolar. Diz-se que temos de evoluir, na Europa, para grupos empresariais a dirigir as escolas; como nos EUA. Quarenta e dois empresários portugueses formalizaram, recentemente e em nome da inovação mas com argumentos do século XX, uma associação para a "mudança profunda no ensino". Desejam mais automatização para um mercado mais automatizado. Ficaremos ainda mais pobres. Seremos os meros utilizadores. Aliás, as perguntas do estudo que aqui nos trouxe ficam aquém dum ensino com currículo completo que inclua convictamente as humanidades, as artes e os desportos. E porquê? Porque é o que temos. E isso paga-se. A propósito, e como também diz o estudo, as características dos professores não influenciam o valor acrescentado. Talvez por isso, se teime em concursos de professores entregues aos 308 municípios onde a regra não será a transparência nem as habilitações. Guardadores no modelo-uber serão suficientes numa escola onde imperará a automatização com conteúdos digitais massificados que mascarará os erros que originaram a falta de professores.

Acima de tudo, o ambiente escolar já é servo das tecnologias. E são redutoras as ideias de que se deve aprender apenas porque se quer ser melhor do que os outros ou porque há uma recompensa material. Em contraposição, seria mais abrangente aprender porque se quer saber mais e porque se tem curiosidade. Sabemos que não é fácil conjugar estas asserções. A natureza humana tem requerido diversas combinações. Mas a experiência portuguesa parece teimar em acentuar a via métrica e pavloviana e constituir-se no dever de formar capital humano em detrimento de educar e humanizar.

Os historiadores não compreenderão como fomos capazes de extinguir a escola democrática pouco tempo depois da sua generalização. Mas nem sabemos se existirá essa incompreensão. Talvez se caminhe para uma sociedade em que também se extinga o direito à educação como um princípio inalienável das democracias.

Perguntas Frequentes (FAQ's)

O Júri Nacional de Exames informa que foram acrescentadas FAQS nos ensinos Básico e Secundário, relativas à situação de alunos que não aprovaram no final do 3.º período.

Perguntas Frequentes (FAQ's)

Ensino Básico https://dge.mec.pt/perguntas-frequentes-ensino-basico


Ensino Secundário https://dge.mec.pt/perguntas-frequentes-ensino-secundario

segunda-feira, 28 de junho de 2021

As promessas do Programa Eleitoral do PS às Legislativas 2019

Porque se aproximam reuniões de negociação com as organizações sindicais, para relembrar as promessas que constam no Programa Eleitoral do Partido Socialista (Páginas 29 e 30) e porque urge perceber quando e o que pretende fazer o Governo sobre estas e outras matérias relativas ao desenvolvimento e progressão na Carreira Docente, que atormentam e prejudicam seriamente os Educadores e Professores, não vendo estes as suas carreiras estáveis, valorizadas e de desenvolvimento previsível, aqui se transcrevem algumas das promessas eleitorais do PS

I.II.5.2. Promover a valorização e estabilidade dos profissionais 

O ensino é um dos setores em que a especialização e a formação dos profissionais são críticas para os resultados obtidos. Não é possível pensar na concretização de políticas públicas de educação alheadas de profissionais com carreiras estáveis, valorizadas e de desenvolvimento previsível. Assim, o PS compromete-se a: 

  • Proporcionar condições para uma maior estabilidade e rejuvenescimento do corpo docente, em especial nas escolas integradas em Territórios Educativos de Intervenção Prioritária (TEIP); 
  • Estudar o modelo de recrutamento e colocação de professores com vista à introdução de melhorias que garantam maior estabilidade do corpo docente, diminuindo a dimensão dos quadros de zona pedagógica
  • Elaborar um diagnóstico de necessidades docentes de curto e médio prazo (5 a 10 anos) e um plano de recrutamento que tenha em conta as mudanças em curso e as tendências da evolução na estrutura etária da sociedade e, em particular, o envelhecimento da classe docente
  • Sem contrariar a convergência dos regimes de idade da reforma, encontrar a forma adequada de dar a possibilidade aos professores em monodocência de desempenhar outras atividades que garantam o pleno aproveitamento das suas capacidades profissionais; (Ver publicação de 2017 com as afirmações do Primeiro Ministro sobre esta matéria)
  • Criar incentivos à aposta na carreira docente e ao desenvolvimento de funções docentes em áreas do país onde a oferta de profissionais é escassa;
  • Promover o trabalho colaborativo dentro das escolas, entre escolas e entre estas e a comunidade;
  • Avaliar a criação de medidas de reforço e valorização das funções de direção das escolas, incluindo as chefias intermédias
  • Rever o modelo de formação contínua dos professores, para garantir um aprofundamento científico-pedagógico em contextos disciplinares e interdisciplinares. 

Sindicatos reúnem com o Ministério da Educação no dia 30

O ministério da Educação convocou os sindicatos para uma reunião a realizar no próximo dia 30 de junho, para consulta sobre a revisão do regime de recrutamento e mobilidade do pessoal docente dos ensinos básico e secundário. 

O objetivo é a auscultação das organizações sindicais no que diz respeito à negociação obrigatória, de acordo com o que foi decretado pela Assembleia da República (Decreto n.º 158/XIV).

Os assuntos a tratar são:

a) Respeito pela graduação profissional e eliminação de ultrapassagens;
b) Vinculação de docentes contratados mais célere e sistemática;
c) Inclusão dos horários incompletos para efeitos de mobilidade interna;
d) Alteração dos intervalos horários.

Nota Informativa: PROGRESSÃO AOS 5.º E 7.º ESCALÕES - LISTAS DE 2021

Portaria n.º 29/2018, de 23 de janeiro

Nota Informativa de abertura do processo e divulgação do número de vagas de acesso aos 5.º e 7.º escalões - 2021


Os procedimentos de elaboração das listas para acesso ao 5.º e 7.º escalões vão decorrer de acordo com a seguinte calendarização:

Recomendação do Conselho Nacional de Educação sobre «A escola no pós-pandemia: desafios e estratégias»

Publicada no Diário da República a Recomendação do Conselho Nacional de Educação sobre «A escola no pós-pandemia: desafios e estratégias»

Recomendação n.º 1/2021

Recomendação do Conselho Nacional de Educação tendo em vista o desenho de estratégias e medidas para reduzir, nas escolas, os impactos socioeducativos da pandemia e potenciar o desenvolvimento e o progresso na aprendizagem de crianças e jovens. 

domingo, 27 de junho de 2021

Não há sinal mais negativo do que o da pessoa que deixou de se chatear, de se aborrecer, de sequer se indignar

Indiferença
Paulo Guinote

Não há sinal mais negativo do que o da pessoa que deixou de se chatear, de se aborrecer, de sequer se indignar. Porque significa que já não quer saber e que, quase por certo, desistiu.

Costumo dizer aos meus alunos que enquanto eu esbracejar e protestar com eles, está tudo bem ou quase. Pode estar alguma coisa mal em termos de rendimento, de resposta às expectativas, mas ainda está tudo a funcionar no sentido da motivação para tentar conseguir o melhor deles.

O pior, mesmo, é quando se instalar a indiferença e eu já não sentir o ânimo, a vontade, a energia para refilar e fazer aquilo que quem se preocupa faz, com maior ou menor capacidade expressiva ou encenação dramática qb. Não há sinal mais negativo do que o da pessoa que deixou de se chatear, de se aborrecer, de sequer se indignar. Porque significa que já não quer saber e que, quase por certo, desistiu.

Ainda não desisti. Pelo menos dos alunos, que de muita outra coisa, se não desisti, pelo menos já acho que protestar e indignar-me é mera perda de energia. E havendo poupanças a fazer, que sejam selectivas. Vamos estabelecendo prioridades pela negativa: o que é que não me interessa já de modo algum? É a isso que se lança um manto de indiferença. Há assuntos que deixam de merecer o nosso tempo e, por extensão, pessoas que deixam de sequer nos aparecer no radar. Até o bom dia/boa tarde se vai tornando um esforço a considerar. Há quem fale que se trata de mera civilidade e cortesia, mas há momentos em que a tal indiferença nos torna indiferentes a isso.

Felizes, pois, os meus alunos, enquanto eu refilar com eles. Significa que a nossa relação continua viva e a recomendar-se.

Governo e alguma comunicação social continuam a deturpar números e a escrever inverdades

Ministério abre vagas para 11.500 professores subirem ao 5.º e 7.º escalões

Apenas os professores com avaliações de Muito Bom ou Excelente acedem automaticamente àqueles dois escalões. Os restantes professores ficam sujeitos ao contingente decidido anualmente pelo Governo e que foi hoje publicado em Diário da República.

Mais de 11 mil professores sobem de escalão. Mas Fenprof alerta que aumentam também os que ficam retidos

Segundo o Ministério da Educação, entre as subidas automáticas e as vagas abertas, vão progredir cerca de 11.500 docentes para os dois escalões. Fenprof prefere olhar para os que ficaram para trás.

sábado, 26 de junho de 2021

É urgente formar professores para amanhã

FORMAR PROFESSORES PARA AMANHÃ

João Ruivo 

É consensual que, na próxima década, vamos assistir a uma diminuição acentuada do número de docentes, face ao envelhecimento da classe e à ausência de respostas consistentes na sua renovação.

Duvidamos, pois, que seja possível continuar por mais tempo sem trazer ao debate a problemática da formação de professores, sem incluir neste debate e reflexão a função formativa da escola enquanto local de trabalho, espaço de intervenção e socialização, onde se sedimentam e criam os valores, as crenças e os pressupostos que validam, ou não, as práticas educativas. Porque reflectir sobre a formação de docentes, é também ter em conta o contexto em que estes desempenham a sua actividade profissional.

Nas escolas produz-se uma relação dialéctica entre a contribuição dos docentes para a eficácia dessas instituições, e a “organização” da escola enquanto determinante do desenvolvimento e do eficiente desempenho profissional dos professores que nela trabalham.

O trabalho do professor desenvolve-se, assim, em instituições que dão sentido e ajudam a organizar o seu mundo conceptual sobre educação, que possibilitam essa transferência conceptual para a prática educativa, e o enquadram dentro de um grupo profissional, cuja pertença é também referência para o seu empenhamento na multiplicidade de tarefas inerentes aos processos de ensino.

Convenhamos, pois, que uma boa parte da actividade docente se desenvolve dentro das paredes da escola, espaço em que se elaboram complexas redes de controlo, de estruturas hierárquicas de poder, que obrigam à reciprocidade de atitudes e de comportamentos, e que determinam, significativamente, as escolhas e as opções de cada docente quanto às suas práticas educativas.

Por outro lado, a organização formal da escola, constrangida pelas exigências do poder político e da sociedade civil, determina também que, em certa medida, a autonomia (entendida como um primeiro passo para a inovação) se traduza frequentemente numa “realidade virtual”, já que se considera como adquirido que o Estado e a sociedade têm o direito e o dever de saber o que se faz (e como se faz) na escola, elaborando para esse fim um indeterminado número de normativas apropriadas ao exercício desse controlo.

Dentro da escola a formação de professores desenvolve-se, então, entre duas exigências: 

1 - as endógenas, que “empurram” o professor para o desenvolvimento pessoal e profissional, que o motivam para a busca de soluções inovadoras e que determinam um desempenho gratificante quando alcançado o sucesso dos seus alunos; 

2 - as exógenas, que constrangem o docente ao cumprimento de rotinas, mais ou menos burocráticas, e que inibem o despertar para a formação permanente e para a inovação educativa.

Entre a inovação e a tradição, assim se processa a formação dos professores no quadro das exigências das instituições escolares. Esta estrutura organizacional pode provocar que cada professor se concentre no trabalho na sala de aula, com os seus alunos, sem promover qualquer tipo de intercâmbio experimental com os seus colegas, que reproduzem os mesmos comportamentos na sala ao lado.
Em nosso entender, este é, sobretudo, um obstáculo à formação continuada dos professores em início de carreira, que têm ainda da sua actividade profissional representações indefinidas, e até confusas, para os quais a escola surge como um mundo caótico, no qual há que encontrar, necessariamente, um sentido e uma ordem.

Não é pois de estranhar o aparecimento de sensações de insegurança e de receio, quando a presença de referenciais, como o sejam a observação e a análise do desempenho de colegas mais experientes, lhes estão vedados, impedindo-se, por essa via, a aquisição de competências básicas que permitam ao jovem professor principiar a formar em si uma imagem da actividade docente que estimule a construção progressiva da sua própria identidade profissional.

O sentimento de partilha e de pertença a um grupo, o estabelecimento de mecanismos de colaboração ou, pelo contrário, a sua inibição, são factores decisivos para incrementar, ou não, o desenvolvimento profissional dos docentes. Sobretudo quando se proporcionam ou se restringem atitudes de autonomia, de participação nas decisões, de partilha das responsabilidades (designadamente quanto à possibilidade de assumirem diferentes cargos na estrutura organizacional) e, finalmente, de gestão participada dos curricula, dos métodos e dos recursos que melhor os possam desenvolver.

Todavia é consensual que a escola é um dos espaços privilegiados para promover e desenvolver os processos de inovação, para proporcionar a melhoria do desempenho dos professores e alcançar o sucesso escolar e educativo dos alunos. Daí que, com alguma frequência, se refira a escola como um espaço fundamental para a promoção, de facto, das grandes mudanças educativas, desde que nela se criem as condições que as facilitem.

Muitas dessas condições passam pela formação permanente dos professores “dentro da escola”, numa perspectiva de ajuda e apoio à sua actividade profissional, pela adopção, implementação e avaliação de inovações educativas, pela adequação dos curricula às necessidades da escola, ao nível de formação dos professores e às características dos seus alunos, pressupondo um compromisso institucional entre o Estado, as instituições formadoras, os professores, os alunos, os responsáveis pelos organismos de decisão e os pais.

Este é, talvez, um dos maiores desafios que, na próxima década, as escolas e os professores terão que enfrentar e que não podemos mais continuar a ignorar. 

Bolsas de Estudo a Estudantes do Ensino Superior 2021/22

Iniciou-se a 25 de junho o período de submissão de requerimentos à atribuição de Bolsas de Estudo a Estudantes do Ensino Superior.

Também está disponível a submissão de requerimentos à atribuição de Bolsas de Estudo para frequência de estudantes com incapacidade.

Ainda o Valor Acrescentado dos Professores

LUÍS AGUIAR-CONRARIA

O professor faz a diferença. Se fosse possível trocar os piores professores pelos melhores, os resultados escolares melhorariam brutalmente

Uma das coisas mais frustrantes no debate público dos últimos 20 anos é a forma como os rankings das escolas são feitos, interpretados e discutidos. Não é preciso saber estatística ou econometria, basta bom senso para perceber que rankings baseados em notas dos alunos nos exames são rankings de alunos e não rankings de escolas. Uma escola ter os melhores alunos é uma coisa, ser a melhor escola é outra. Como qualquer pessoa honesta entende, para se avaliar a qualidade de uma escola, é necessário perceber o que é que a escola adiciona aos seus alunos. À frustração de ver os rankings das escolas feitos e discutidos às três pancadas, soma-se a consciência de que existem dados suficientes para se fazer uma seriação bem feita.

Isso mesmo foi demonstrado num trabalho apresentado esta semana, com título “O Impacto do Professor nas Aprendizagens do Aluno”. Foi feito sob a alçada da EDULOG — Fundação Belmiro de Azevedo, tem como autores Ana Balcão Reis, Carmo Seabra, Luís Catela Nunes, Pedro Carneiro, Pedro Freitas e Rodrigo Ferreira. Conheço o trabalho académico de três deles e tenho por eles a maior consideração. Excetuando Pedro Carneiro, da University College London, os autores são afiliados na Nova SBE, Universidade Nova de Lisboa.

Os autores têm dados referentes a centenas de milhares de alunos, que vão desde o 5º ao 12º ano de escolaridade do ensino público. Sabem as notas deles, mas também vários outros detalhes, como a situação profissional e o nível de educação dos pais, se têm ou não computador e acesso à internet, etc. Conhecem também as características dos seus professores: idade, qualificações (bacharelato/licenciatura/mestrado ou doutoramento), escalão, tipo de contrato, etc. O objetivo declarado do trabalho é quantificar o impacto que um bom (ou mau) professor tem no percurso escolar de um aluno.

Para se avaliar a qualidade de uma escola, é necessário perceber o que é que a escola adiciona aos seus alunos

O trabalho econométrico está mesmo bem feito e, como é evidente, não se limitam a pegar nas notas que os miúdos têm nos exames e concluir que os professores com os alunos com médias mais altas são os melhores professores. Para quantificar a importância de um professor, os autores filtram várias outras explicações (sexo, idade, qualificações e rendimento dos pais, a dificuldade da prova, etc.). Crucialmente, também consideram as notas que o aluno conseguiu no ciclo anterior. Ou seja, têm em atenção se já era ou não um bom aluno. Só tendo tudo isto em consideração podem avaliar qual o impacto que um determinado professor, ou um conjunto de professores, teve no percurso de um estudante. É o que os autores chamam o valor acrescentado do professor, ou o valor acrescentado de uma combinação de professores.

As conclusões confirmam o que muitos intuíam: o professor faz a diferença. Se fosse possível trocar os piores professores pelos melhores, os resultados escolares melhorariam brutalmente. Apenas um exemplo: no 3º ciclo, em Matemática, se fosse possível substituir os piores professores pelos melhores, isso “faria cair a percentagem de alunos com negativa de 63% para 22% e aumentaria a percentagem de notas de nível 5 de 0% para 18%”.

A maior surpresa vem a seguir, quando os autores tentam descrever as características principais de um bom professor. Têm dados como a idade, antiguidade, qualificações, tipo de contrato, escalão profissional. Não encontram nada. Nenhum dos itens está correlacionado com o valor acrescentado do professor. A situação é absolutamente ridícula, porque são estes os critérios para a progressão na carreira. Para ser promovido, é totalmente indiferente o professor ser bom ou mau.

Eu sabia, claro, que o sistema de progressão era burocrático e não meritocrático. Por isso, esperava uma baixa correlação. Mas não tão baixa que se tornasse indistinguível de zero. O atual sistema é tão eficaz a promover os melhores docentes como um simples sorteio.

É pena que não existam estes dados para os alunos e professores do ensino privado. Não consigo perceber a dificuldade em obtê-los. Com eles, seria não só possível fazer rankings de escolas mais bem feitos, calculando o valor acrescentado da escola, como talvez se pudesse aprender alguma coisa sobre gestão. Na ausência dos dados, o que digo a seguir é pura especulação, mas talvez o modelo de gestão flexível das escolas privadas lhes permita identificar e promover os melhores professores. Se fosse assim, mais facilmente se conseguiria pensar como promover os melhores professores no ensino público.

Muito provavelmente, é essa a principal reforma a fazer na educação. Identificar os bons professores, pagar-lhes melhor e encontrar carreiras alternativas para os maus.
(Negrito nosso)

O crescimento da má educação - Pacheco Pereira

O crescimento da má educação
José Pacheco Pereira

O incremento da rudeza, brutalidade, má educação tem sem dúvida que ver com a pandemia, que põe as pessoas fora de si. Vão para a rua e olhem com atenção. Não é um espectáculo bonito.

Não sei bem como lhe chamar. “Má educação” é um termo muito ambíguo, “incivilidade” demasiado intelectual. Vou ficar-me pela “má educação”, que sempre diz mais do que incivilidade. Depois é uma matéria que é irrelevante para muita gente e demasiado importante para alguns. Há brutos e há flores de estufa. É uma matéria que não é sentida da mesma maneira quando se é mais novo ou quando se é mais velho. E é de difícil tratamento objectivo, não há um padrão que permita definir o que é “boa educação” ou “má educação”. Depois, há atitudes que para uns são condenáveis, para outros normais ou indiferentes. Há locais onde a “má educação” é a regra, como é o caso das brigas entre condutores. À segunda troca de palavras vêm os insultos mais grosseiros. Outra palavra, “grosseiro”, outra ainda “rude”, que fazem parte deste grupo de caracterizações de alguma coisa sobre a qual a maioria das pessoas tem opinião, mas que ninguém é capaz de teorizar, muito menos medir. Vicente Jorge Silva provou desta complexa confusão quando chamou a uma geração de jovens estudantes “geração rasca”, e provocou um efeito de revelação, eles eram mesmo “rascas”, ou uma caterva de críticas pelo atrevimento do julgamento.

Dito tudo isto, parece-me, pela medida mais empírica e subjectiva que se tem nestas matérias, que a má educação, agora sem aspas, está a crescer. Há cada vez mais pessoas a tentar passar à frente nas bichas de supermercado, nas filas das vacinas, nas filas para entrar em lojas ou restaurantes. Pode-se dizer que isto se passa porque há mais filas. As restrições da pandemia geraram um mundo de filas e consequente perda de tempo e isso irrita as pessoas. Por isso, as passagens à “má fila” ou as estratégias para fazer de conta que se está indevidamente à frente de alguém são cada vez mais comuns. Experimentem protestar. Das duas, uma: ou o protesto é colectivo e a fila que foi ultrapassada protesta toda em uníssono e o prevaricador é posto na ordem, ou quem protesta é olhado de alto abaixo como um excitado pelo seu direito individual à ordem de chegada.

Reparem como num multibanco, coisa que há cada vez menos, alguém leva um monte de papéis para processar, ocupando a caixa durante muito tempo sem consideração pela fila que está atrás. Ou como quem faz cargas e descargas de forma mais caótica e fora de horas, ocupa uma fila de trânsito, reage com veemência afirmando o direito de quem “está a trabalhar” e todos os outros a preguiçar e, por isso, pode parar onde quer, e como quer e durante o tempo que quiser. Não pede desculpa, nem acelera as entregas, nada, acaba e parte para outra como se nada acontecesse. O mesmo quando um carro impede a saída de outro e o que era o obstáculo acha que não tem de se justificar e tira o veículo prevaricador com maus modos.

Já não me refiro sequer a jovens famílias que acham normal as suas crianças andarem aos encontrões e a jogar a bola com total desrespeito pelos que estão num jardim ou parque a descansar, a ler, ou simplesmente desejam estar sossegados, e no intervalo em que estão a comer, estão a jogar à mesa, os adolescentes e os adultos ao telemóvel, num espectáculo de uma peculiar sociabilidade zero. Percebe-se como isto é absolutamente normal para os pais e mães e experimentem chamar a atenção de que é suposto as suas criancinhas serem controladas para não incomodar terceiros e vão ver a fúria e os impropérios com que afirmam o seu direito a que “ninguém se meta na sua vida”.

O incremento da rudeza, brutalidade, má educação tem sem dúvida que ver com a pandemia, que põe as pessoas fora de si, obrigando-as a suportarem-se demasiado perto dentro das casas confinados. Há demasiadas desgraças, que depois vêm cá para fora. Estas atitudes comunicam com a violação das regras de saúde, com o laxismo, com a indiferença face aos outros. Nestes dias de recuo no confinamento pagamos demasiado caro esta incivilidade, esta má educação, porque ela vai direitinha ter com estes comportamentos que todos podemos observar. Os que furam as filas não mantêm qualquer regra de diferenciação social, os que deixam os pequenos selvagens à solta estão-se marimbando para usar máscara.

O problema é que a má educação é uma forma de agressividade cujos alvos são os mais fracos, os mais bem-educados, os mais velhos, os que têm menos defesas. Vão para a rua e olhem com atenção. Não é um espectáculo bonito.