E andamos nós a perder tempo - sim, a perder tempo - com rankings que não significam nada. Nada mesmo! O que é uma boa escola? O que é uma escola de qualidade? Haverá respostas para todos os gostos, dependendo do que cada um valoriza, dos critérios - explícitos ou implícitos - que cada um utiliza... Uma escola democrática, inclusiva, justa... é uma boa escola? Uma escola onde os professores trabalham com os alunos e percorrem um caminho de aprendizagem dos conteúdos curriculares e dos valores da cidadania e da solidariedade é uma boa escola? Ou só é uma boa escola aquela que apresenta resultados académicos acima da média, cujos valores dominantes são a concorrência e o individualismo competitivo? Não está o nosso mundo em crise devido à exacerbação dos valores do mercado, da competição e do lucro? Numa escola dita nos tempos que correm de qualidade - aquela que fica no top dos rankings - é a competição e o lucro que a orientam. Digo o lucro não apenas a pensar em escolas privadas. Mesmo as escolas públicas que subordinam os seus processos organizacionais, curriculares e pedagógicos às regras tecnocráticas e meritocráticas dos exames, dos padrões, da mensuração de tudo ao ponto de submergirem as pessoas - cada pessoa, adulto ou criança - em números e percentagens estonteantes. Números e estatísticas que colocam as escolas, os professores, os alunos, os pais, ... em competição, desumanizando a escola, as pessoas e a vida. Há alternativas? Sim, há várias possibilidades de mudança. Desde logo, uma mudança de cultura: passar de uma cultura de controlo - verificar, medir, comparar, enfim, uma paranóia que se enreda nos meios e faz esquecer os fins - para uma cultura de confiança. Confiemos nas pessoas que trabalham, convivem e aprendem nas escolas. Os professores sabem o que fazer, como fazer... muito mais do que os responsáveis dos Ministérios e dos seus aparelhos de administração e inspeção. É necessário que as escolas tenham um clima de tranquilidade e de cooperação que estão na base dos processos educativos.
Fernando Ilídio Ferreira - I E da Universidade Minho
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