quarta-feira, 17 de junho de 2009

Relatório Talis da OCDE

Professores portugueses perdem muito tempo a manter disciplina na aula.
Segundo o relatório, três em cada cinco escolas dizem que o mau comportamento dos alunos perturba o bom funcionamento da aula. Portugal não é excepção e os docentes confessam que 25 por cento do tempo lectivo é para manter a disciplina ou é gasto em questões administrativas. É o quinto valor mais baixo entre os países analisados, no entanto, a média geral é de 20 por cento. Este é um problema com que os professores, todos, se debatem.
Em Portugal, os professores são cumpridores, não chegam atrasados, faltam pouco e têm boa preparação pedagógica, declaram os 200 conselhos executivos que responderam. O problema são os alunos, dizem os professores. Quatro em cada dez admite que as interrupções dos alunos quebram o ritmo da aula.
O que diz o ME sobre isto! (Ler aqui)
Disciplina dos alunos:
"Em Portugal, como em praticamente todos os países da amostra TALIS, a indisciplina na sala de aula é, na opinião do presidente do conselho executivo/director da escola, considerada o factor que mais professores afecta de modo negativo, prejudicando a relação de ensino e aprendizagem. O ME tomou, nos últimos anos, medidas de reforço da autoridade dos professores que pretendem reduzir a incidência do fenómeno."
Avaliação de desempenho de professores:
"Os dados referentes à avaliação das escolas e dos professores mostram que Portugal era o terceiro país (de uma amostra de vinte e três) com a percentagem mais elevada de professores em escolas que não tiveram nenhuma aferição do seu desempenho, e o terceiro país com mais elevada percentagem de professores em escolas que não foram alvo de qualquer avaliação externa. Estes dados (que se reportam ao período de cinco anos que antecede a realização do estudo, ou seja, entre o início de 2003 e o início de 2008) reforçam a importância das medidas de avaliação de desempenho docente com consequências na carreira e no estatuto remuneratório, bem como de avaliação externa das escolas, implementadas pelo ME, que vão ao encontro das recomendações feitas pelo relatório TALIS."
COMENTÁRIO
Quais foram as medidas de reforço da autoridade dos professores tomadas por esta equipa ministerial?
Tudo a que assistimos, durante esta legislatura, foi uma desvalorização constante da classe docente e a tomada de medidas que vão exactamente no sentido contrário ao enunciado e que levaram a que a autoridade dos professores fosse permanentemente colocada em causa. Vejam-se os acontecimentos relatados na comunicação social e o número assustador de agressões verbais e físicas a professores que esta equipa ministerial sempre desvalorizou.
Ao afirmar que "Portugal era o terceiro país (de uma amostra de vinte e três) com percentagem mais elevada de professores em escolas que não tiveram nenhuma aferição do seu desempenho" entre 2003 e 2008, deveria o ME lembrar que entre 2003 e 29 de Agosto de 2005 havia e houve avaliação do desempenho, e que entre 30 de Agosto de 2005 e 31 de Dezembro de 2007 não houve avaliação do desempenho porque o governo "roubou" aos docentes o tempo de serviço correspondente a esse período, logo este espaço temporal não pode ser considerado da mesma forma.
O que o Me não diz é que "a OCDE defende que "a principal lição política" a retirar deste estudo é que os ministérios têm que prever incentivos "mais eficazes" para os professores, recompensando-os e reconhecendo o seu trabalho."
Mais propaganda, não!

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