Na semana passada, o controverso modelo de avaliação dos professores proposto pelo PS na anterior legislatura foi definitivamente chumbado no Parlamento por todos os partidos da oposição. Era um monstro burocrático e não deixa saudades, mas seria um erro que o seu funeral contribuísse para matar também uma ideia de exigência sem a qual o sistema de ensino nunca virá a melhorar.
A oposição, sobretudo o PSD e o CDS (que se preparam para voltar ao Governo) devem ao país uma nova cultura de avaliação que tenha por objecto os alunos, primeiro, e as escolas, depois. Outro modelo é possível. As escolas devem ser avaliadas pelo Ministério e os docentes pelo Conselho Directivo, o principal responsável pelos resultados de uma escola.
A maior falha da política educativa de Sócrates foi ter tratado os professores em bloco, como uma corporação, lançando contra eles os pais e dando assim força aos sindicatos.
Este simulacro de luta de classes não só inviabilizou as reformas necessárias como, pior ainda, tirou autoridade aos professores na sua relação, por natureza tensa, com os alunos e as famílias. Os episódios de indisciplina que encheram os telejornais e a imprensa, pelo menos durante algum tempo, não nasceram apenas de uma sociedade que subvaloriza o trabalho docente, mas também de um poder político que não respeita os professores.
Talvez esta seja a maior lição de uma morte anunciada.
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