Neste início de ano lectivo, no meu papel de mãe, participei na reunião geral de pais no âmbito da abertura do período escolar, no colégio no qual estuda a minha filha, em Lisboa, superiormente dirigido por uma Directora (Freira de uma Ordem Religiosa), uma personalidade notável.
Até aqui, nada de novo, pensarão aqueles que gentilmente lêem esta crónica, muitos dos quais terão certamente tido o mesmo compromisso de agenda recentemente. O que tem isto a ver com protocolo e etiqueta? Bem, talvez não directamente, tem a ver é com respeito nas relações em sociedade.
Começou esta Directora por “falar aos Pais”… E todos nós, pais, deveríamos, no mínimo, ter ficado embaraçados por ouvir verdades tão irrefutáveis e que aqui me permito partilhar, para reflexão de quem assim entender.
Este colégio, tal como milhões de outros estabelecimentos de ensino, localiza-se numa zona nevrálgica da cidade pelo que, necessariamente, o momento de largar e buscar as crianças deve ser breve e sem causar impedimentos aos demais condutores ou, pior ainda, sem provocar engarrafamentos. Todos nós sabemos, contudo, que às respectivas horas de entrada e saída das escolas, o trânsito fica caótico. Isto, porque cada família pensa em si própria, revelando total desrespeito pelas demais e - igualmente mau -, dando péssimo exemplo aos mais jovens (primeiro nós, os outros que esperem…).
Também com muita frequência os horários não são cumpridos, provocando interrupções nas actividades e deixando nos jovens a noção de que chegar tarde “é normal” e “não tem importância nenhuma”, comportamento que depois prolongam ao longo da sua vida profissional e que é revelador de desrespeito pelo tempo e pelas actividades dos demais.
Depois, existem aqueles pais que comunicam (ou emitem ruídos…) de forma rude, por vezes até agressiva, autoritária, ao se dirigirem aos profissionais da instituição (desta ou de qualquer outra!), dando ordens e fazendo exigências, “porque pagam”, “porque são”, “porque têm”, cometendo não só a falta de respeito para com os outros como, e uma vez mais, dando um deplorável exemplo aos filhos, que acabam por se achar no “direito” de assumir as mesmas atitudes e tons que observam nos pais o que, a juntar aos ímpetos da adolescência, por vezes se transforma em comportamentos absolutamente desadequados e nocivos. Uma vez mais, a falta de respeito, neste caso pelos mais velhos e por aqueles que social ou profissionalmente, naquela circunstância, ocupam um estatuto superior.
Fiquei a pensar que razões levarão as pessoas a serem mal-educadas tantas vezes, desrespeitadoras tão frequentemente, desprovidas de boas maneiras quase sempre… Não encontro argumentos sólidos. O dia-a-dia de todos nós é actualmente muito difícil – às vezes até penoso – e estas atitudes só tornam tudo muito pior ainda!
Ah, faltava-me dizer, que enquanto a reunião decorria, no amplo auditório tocaram vários telemóveis, muitos dos presentes enviavam sms’s e outros navegavam nos seus iPads… Pensemos duas vezes antes de nos queixarmos dos nossos jovens…
Cristina Marques Fernandes
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