Paulo Guinote - O Meu Quintal
Que pecado teremos cometido, enquanto classe profissional, para ter de chegar ao fim de uma semana cobertos de lama por parte de gente que ou deveria ter vergonha do seu passado – como os restos da máquina socrática de comunicação em blogues e comunicação social – ou mais valia olhar para a forma como as suas virtudes no sector privado não passam de dependências em relação ao Estado que dizem abominar?
As opiniões são livres, mas deveria existir um mínimo de decência em tudo isto e, como há 10 anos, são muito poucos os que, fora da classe docente, conseguem ter coragem para defender os professores desta imensa vaga de bílis despejada desde que se considerou que os professores quererem que o seu trabalho de dez anos conte para a sua carreira é uma crime de lesa-Pátria.
Há algo de profundamente errado e eticamente deformado em tudo isto. Qualquer idiota que teve notas a condizer no seu percurso escolar de forma a ter de comprar um curso acha-se no direito de apedrejar toda uma classe profissional que o único erro que cometeu em massa terá sido ser demasiado passiva perante este tipo de atentados à sua dignidade.
Regressou o discurso rodriguista dos professores que são uns “privilegiados”, que “não querem ser avaliados”, que “progridem sem mérito”. Está tudo aí de volta… percebendo-se que estava latente apenas porque se achava que proletarizar a docência era humilhação suficiente a juntar a outras maiores ou menores desconsiderações a cada nova “reforma” que lhe limita a autonomia.
Se deveríamos ignorar os ganidos e fazer andar a caravana? Pois, pois… isso seria possível se esta gentinha não se atravessasse no caminho com o seu rasto viscoso.
E eu não sou dos que vira a cara a mais uma, duas, três, quatro, n, chapadas.
Paulo Guinote
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