Esperas de 3 meses por consultas urgentes e mais de 10 milhões de ansiolíticos consumidos num ano — eis o estado da saúde mental em Portugal
Estes pontos bastariam para alertar para o estado da saúde mental em Portugal, mas o relatório do Conselho Nacional de Saúde (CNS), que vai ser apresentado esta segunda-feira à tarde na Assembleia da República, diz muito mais do que isto. Logo a começar pelo título: “Sem Mais Tempo a Perder: Saúde Mental em Portugal – Um Desafio para a Próxima Década”.
Sem Mais Tempo a Perder: Saúde Mental em Portugal – Um desafio para a próxima década
RECOMENDAÇÕES
Recomenda o Conselho Nacional de Saúde que:
1. Seja criada uma estratégia nacional de promoção dasaúde mental na população, com particular enfoque na promoção da literacia em saúde
mental nos várioscontextos,e que faça parte de uma estratégia nacional integrada de promoção dasaúde, intersectorial, participada, inclusiva
e ao longo do ciclo de vida.
2. Seja asseguradaa investigação continuada e mecanismos sustentados de recolha de informação sobre os determinantes da saúde mental e a
prevalência de problemas de saúde mental na população portuguesa, assim como os resultados das políticas e programas de saúde mental
implementados em Portugal.
3. Seja concretizada aintegração da saúde mental nos cuidados de saúde primários a nível nacionale dotada dos recursos financeiros e humanos
necessários à prestação efetiva dos diferentes tipos de cuidados.
4. Sejam planeados os recursos humanos em saúde mental para a próxima década, com eliminação das assimetrias geográficas e da escassez
de profissionais, de modo a que o Serviço Nacional de Saúde seja capaz de prestar cuidados de qualidade às pessoas com problemas de
saúde mental de forma atempada e equitativa.
5. Seja globalmente assegurada a capacidade financeira imprescindível para cumprir com as decisões tomadas pelo governo quanto às iniciativas
na área da saúde mental, evitando que a asfixia financeira impeça a sua concretização.
6. Sejam criadas equipas de saúde mental comunitáriasem todas as regiões de saúde, com os recursos necessários para prestar uma resposta de
proximidade às pessoas quevivem com problemas de saúde mentaleem articulação com o serviço social e os parceiros na comunidade.
7. Seja concluída a reforma da rede hospitalar, com a transferência da assistência psiquiátrica para oshospitais gerais, e consequente reorganização dos hospitais psiquiátricos.
8. Seja apresentado e implementado o Plano Nacional de Saúde para as Demências, promovendo uma sólida resposta intersectorial às pessoas
que vivem com demência,às suas famíliase cuidadores, e tirando partido das múltiplas iniciativas que já existem por todo o país com resultados
positivos.