Depois de ver Pedro Passos Coelho a dar a mão ao Governo ou, se preferirem, a José Sócrates, por duas vezes consecutivas, resolvi pegar na matéria mas numa perspectiva mais parabólica, ou seja em jeito de parábola.
Corria a época de caça, do ano de 1951.
Pela Serra do Soajo, pela Serra Amarela e pelo Lindoso, grupos de caçadores iam batendo terreno, com os latidos dos cães como música de fundo, aqui e além intervalados pelo som dos disparos secos e brutos das espingardas.
Na Freguesia de Paradamonte, uma casa de encosta, com vista sobranceira ao Rio Lima, destacava-se da paisagem não pela sua beleza – por tão singela e humilde que era – mas pelo facto de que era a única naquela encosta. Tratava-se da casa do Sr. Jeitoso – alcunha e não apelido.
O Sr. Jeitoso, era homem de trabalho, vagando na caça quando podia. Já o seu cão, um belo perdigueiro de pêlo castanho claro e de cauda curta, fazia da caça um verdadeiro mister. Sempre que o seu dono dispensava os seus serviços, lá ia ele ter com um grupo de caçadores, seleccionando um para servir.
Acontece que o cão do Sr. Jeitoso, era um cão de caça com brio e personalidade, tornando-o conhecido na região e dos caçadores frequentes. Ele começava por escolher um caçador para acompanhar, mas se este falhasse dois ou três tiros consecutivos, deixava-o e ia ter com quem tivesse melhor pontaria. Ou seja não servia um caçador que não lhe desse caça para buscar ou para quem valesse a pena apontar qualquer coelho ou lebre. Três tiros falhados era o limite da sua tolerância. Tal abandono, era sempre alvo de comentários entre caçadores, e cada um destes cuidava de não fazer má figura à luz da exigência do canídeo.
Desde miúdo que me habituei a ouvir esta história do cão do Sr. Jeitoso, contada pelo meu pai que, a cada ano que passa, naturalmente, redobra no tom saudosista em que (re)conta. E sempre fico a pensar: se ao menos o povo luso fosse mais como o cão do Sr. Jeitoso, haveria muita gente que após dois ou três “tiros falhados”, ficaria sem quem a acompanhasse, abandonada à sua sorte. E serviria de exemplo para os demais.
Corria a época de caça, do ano de 1951.
Pela Serra do Soajo, pela Serra Amarela e pelo Lindoso, grupos de caçadores iam batendo terreno, com os latidos dos cães como música de fundo, aqui e além intervalados pelo som dos disparos secos e brutos das espingardas.
Na Freguesia de Paradamonte, uma casa de encosta, com vista sobranceira ao Rio Lima, destacava-se da paisagem não pela sua beleza – por tão singela e humilde que era – mas pelo facto de que era a única naquela encosta. Tratava-se da casa do Sr. Jeitoso – alcunha e não apelido.
O Sr. Jeitoso, era homem de trabalho, vagando na caça quando podia. Já o seu cão, um belo perdigueiro de pêlo castanho claro e de cauda curta, fazia da caça um verdadeiro mister. Sempre que o seu dono dispensava os seus serviços, lá ia ele ter com um grupo de caçadores, seleccionando um para servir.
Acontece que o cão do Sr. Jeitoso, era um cão de caça com brio e personalidade, tornando-o conhecido na região e dos caçadores frequentes. Ele começava por escolher um caçador para acompanhar, mas se este falhasse dois ou três tiros consecutivos, deixava-o e ia ter com quem tivesse melhor pontaria. Ou seja não servia um caçador que não lhe desse caça para buscar ou para quem valesse a pena apontar qualquer coelho ou lebre. Três tiros falhados era o limite da sua tolerância. Tal abandono, era sempre alvo de comentários entre caçadores, e cada um destes cuidava de não fazer má figura à luz da exigência do canídeo.
Desde miúdo que me habituei a ouvir esta história do cão do Sr. Jeitoso, contada pelo meu pai que, a cada ano que passa, naturalmente, redobra no tom saudosista em que (re)conta. E sempre fico a pensar: se ao menos o povo luso fosse mais como o cão do Sr. Jeitoso, haveria muita gente que após dois ou três “tiros falhados”, ficaria sem quem a acompanhasse, abandonada à sua sorte. E serviria de exemplo para os demais.
J. Mário Teixeira
Opinião Pública
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