Vivemos num tempo triste de excesso de retórica, de hipocrisia, e de mentiras. Num tempo de pobreza de práticas de honradez, verticalidade e de verdade. Num tempo de manipulação de números, de usura, de desigualdades, de corrupção moral e ética. Vivemos na periferia da cidadania crítica, nas margens da lucidez e da exigência. Numa agonia deprimente.
Vivemos um tempo de (novas) escolhas. E que deveria ser, acima de tudo, um tempo de exigência. Uma exigência de verdade. Uma exigência de trabalho. Uma exigência de humildade. Uma exigência de escuta. Uma exigência de autonomia e de responsabilidade.
No campo da educação, enuncio estas cinco basilares exigências. Uma exigência de verdade nos modos de gerir o currículo, no fazer aprender os alunos, na avaliação das aprendizagens, na certificação de competências.
Uma exigência de trabalho na atualização científica e pedagógica dos professores (e voltando a permitir e incitar ao esforço individual de capacitação e atualização), nas aprendizagens dos alunos, na implicação e responsabilidade dos pais.
Uma exigência de humildade nos modos de ensinar, reconhecendo os limites do conhecimento, a fragilidade das tecnologias educativas, a necessidade do diálogo que nos promove e enriquece.
Uma exigência de escuta para ver e sentir as singularidades e as necessidades do outro, para o incluir no processo educativo, para o convocar para sentido do trabalho escolar, para o conhecer e reconhecer.
Uma exigência de autonomia e de responsabilidade. Porque sem estes nomes (estas práticas) a educação é impossível. E só restarão as cinzas de um simulacro e de um engano que nos vai destruindo.
Neste tempo de escolhas, saibamos ver, reparar, intervir. Elevemos a nossa capacidade crítica, a nossa capacidade de autoria, a nossa vontade de criação. Se queremos sobreviver a este negro tempo do quase colapso da respiração cívica.
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