Neste dossiê Zoom // Educação, da edição de fim de semana do jornal I de ontem, dia 3 de dezembro, reflete-se sobre o impacto da pandemia nas crianças e sobre outra doença que se instalou silenciosamente: as horas que passam em frente aos ecrãs.
Vale a pena gastar 2 € para comprar o Jornal I e dedicar uns minutos à leitura das 15 páginas sobre estes temas da atualidade educativa.
Eduardo Marçal Grilo. “Mais do que a perda da matéria, o maior risco é o comportamental”
“Vai haver algum atraso
em algumas matérias,
mas acredito que seja
possível recuperar. Isso
não é o mais perigoso”
Ex-ministro da Educação admite que o impacto na saúde mental é uma das “consequências óbvias” da pandemia. Quanto ao atraso na matéria, acredita que será mais fácil de recuperar.
Marçal Grilo acredita que as crianças dos três aos 12 anos vão ser as mais afetadas pela pandemia. Defende a realização de uma avaliação séria e independente deste período para identificar o que foi feito bem e o que é preciso corrigir, mas considera que para isso as escolas não podem estar tão dependentes do Ministério da Educação. E vai mais longe: “Deixem as escolas trabalhar”.
Michel Desmurget. “Estamos a criar uma geração de crianças que consegue fazer coisas simplistas, carregar num botão”
“O tempo é precioso e as crianças
estão a gastá-lo em entretenimento
que não constrói o cérebro”
"Há um enorme gradiente de uso de tecnologia e smartphones relacionado com
o contexto socioeconómico. Quanto mais
as crianças vêm de meios mais favorecidos, menos os usam. É quase o dobro
do uso. O estímulo está lá, mas usam-no
menos. Na escola acontece é o mesmo:
quanto mais estas coisas são usadas na
escola para ensinar, mais aumenta a desigualdade."
"Porque não é só uma questão do tempo
que estão à frente dos ecrãs, é do tempo
livre que estão à frente dos ecrãs a ver
televisão, a jogar e depois no Instagram,
Tik Tok, etc. Se uma criança de dez anos
está meia hora por dia à frente do ecrã
não é um problema. Se o sono estiver
bem, se não houver outros problemas,
tudo bem. Agora quando estamos a falar
de cinco, seis horas, estamos a falar de
não fazerem mais nada. Vão à escola,
precisam de dormir e o tempo é precioso, especialmente nas crianças. É uma
moeda preciosa e estão a gastá-lo em
entretenimento que não constrói o cérebro e que, em muitos aspetos, torna mais
difícil o seu desenvolvimento."
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