Neste estudo, vamos provar que há uma margem para um aumento geral dos salários em 2022 de uma forma quantificada utilizando dados do Eurostat, o serviço oficial de estatísticas da União Europeia
Quando se compara o salário mínimo ou salário médio em Portugal com o salário mínimo ou médio de outros países da U.E. é importante comparar também a riqueza criada anualmente (PIB) no nosso país por trabalhador com a riqueza média criada por trabalhador nos países da U.E.., o que muitas vezes é esquecido. A não ser feito isso, as conclusões serão erradas pois não tem em conta a diferença da riqueza criada pelos trabalhadores em cada um deles, que varia muito de país para país, riqueza essa que é depois distribuída (uma parte) sob aforma de salários.
Dividindo o PIB de cada país pela sua população empregada obtém-se os valores da riqueza média criada
por cada trabalhador. Em 2020, era em Portugal de 44179 € por ano e por empregado; na União Europeia
a média dos países por empregado já era 71045 €; na Zona Euro: 79756 €; e na Alemanha a 85175€ por
ano por empregado; etc. Portanto, valores muito diferentes. Assim, em 2020, a riqueza criada
anualmente por trabalhador em Portugal correspondia a 62,2% da média dos países da U.E.
E se depois fizemos uma análise semelhante em relação aos custos de mão obra (salários dos
trabalhadores), e utilizando também dados divulgados pelo Eurostat, conclui-se que, em 2020, o custo
da mão obra em Portugal (12,6€/hora) correspondia apenas a 58,6% do custo hora médio dos países
da União Europeia (21,5€/hora) quando a riqueza criada por trabalhador correspondia a 62,2% da U.E.
Se quiséssemos manter em relação aos salários a mesma proporção que se verifica em relação à
riqueza criada por trabalhador, ter-se ia de aumentar os salários em Portugal de 58,6% do custo hora
médio da U.E. para 62,2%, o que daria um aumento geral de 6% dos salários em Portugal para se ter a
mesma proporção que se verifica em relação à riqueza criada em Portugal e na U.E. É por isso, que
afirmamos, com base nos dados divulgados pelo Eurostat, que há margem, sem desequilibrar a
economia e sem aumentar a distorção dos salários, para um aumento geral dos salários em 2022.
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