Até hoje (e já lá vão quase 30 anos!!!) ainda não percebi o pensamento nem a acção dos professores. Pergunto: Como querem os professores ganhar uma batalha se apenas temos os generais e mais uns quantos (poucos!) porque os soldados desertaram todos? Admiro a força sindical dos sindicatos de professores em França, onde lecionei. Ali, como aqui, existem mais de 20 sindicatos! E não se ouve dizer pelos corredores das escolas “que há sindicatos a mais”!!! nem ataques aos delegados sindicais! Todos os professores mais do que sindicalizados, se sentem como professores, e como tal, independentemente dos sindicatos onde estão filiados, esquecem as suas simpatias sindicais e unem-se nas lutas pelos seus direitos. Escolas onde lecionei chegaram a estar fechadas mais de um mês consecutivo e tinham filiados em diversos sindicatos.
Em Portugal, os professores parecem apoiar mais as medidas do governo do que as posições dos sindicatos. Assim o diziam uns dos (des)governantes deste país há uns anos numa reunião argumentando que os sindicatos representavam menos de metade dos professores, e que, como tal, deveriam servir a grande maioria que estava de acordo com o governo (porque nem era sindicalizada!). Na verdade, é estranho que haja professores que não se identificam com nenhum dos diversos sindicatos…. É estranho, repito. Com tanta diversidade e nenhum lhes serve? Os professores parecem dar razão ao adágio popular: “cada cabeça, sua sentença”! Como é possível que se unam em França? Porque a maioria são sindicalizados, mas acima de tudo, são professores, são profissionais e têm consciência de classe profissional!!! Pagam quotas... sim. Mas vêem o retorno e as vantagens de ter quem os defenda, seja num ou noutro sindicato. Em Portugal, escusam-se em divergências e mais divergências, acusações e mais acusações contra este e aquele sindicato, concluindo-se que nenhum lhes serve. Curioso! Com tanta diversidade e nenhum lhes serve. E ainda assim, há quem venha com o argumento de que são sindicatos a mais!!! Eu diria, são soldados a menos! Porque têm de pagar e preferem não pagar quotas. Esperam que sejam os delegados sindicais a suportar com o seu salário todos os custos inerentes ao exercício da função, como se fossem mecenas!!! Ou então, pensam que os delegados sindicais são "Rambos da Educação" e por si só conseguem entrar no ministério e fazer as leis que todos querem ver aprovadas, como se os sindicatos fizessem leis, como se as culpas dos males da Educação tivessem a sua origem nos sindicatos... Ora, meus caros... Engana-se quem assim pensa.
Lembrem-se: Os Generais (do Exército, da Força Aérea ou da Marinha) são os que ficam "com as medalhas" de terem ganho as batalhas e é o nome deles que fica nas ruas e/ou avenidas dos países (como em França, o General Charles de Gaulle, General Leclerc, etc...). Mas, na realidade, as batalhas foram ganhas pelos soldados. Mas, contrariamente ao que se passa em França, os sindicatos de professores só têm generais e alguns sargentos. Os "soldados" da educação (professores, entenda-se) querem ganhar batalhas sem enfrentarem o "inimigo" (governantes). Mas tal não é possível. Não admira, pois, que, ou nunca se tenham alistado ou se acaso se tivessem alistado há muito que teriam desertado. É uma posição cómoda! Menos cómodo é assumir uma posição de confronto, decidir entrar no mundo da defesa dos interesses dos profissionais de educação, colocar ao serviço de todos a sua energia, as suas ideias, lutar por eles, perder horas dos fins de semana, colocar a defesa dos interesses comuns acima da vida própria, dos interesses pessoais de cada um! E isso, é muito mais difícil porque exige energia, força, resiliência, persistência... coragem!
J. Ferreira
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