O governo vai fechar todas as escolas com menos de 21 alunos. Não é coisa pouca. Pode chegar a um quinto das estabelecimentos do ensino básico. Há até um concelho no Alentejo que ficará reduzido a uma escola do ensino básico. O governo garante que, no próximo mês, ainda vão ser negociados vários encerramentos. Primeiro define-se o que se fecha e só depois se negoceia. Tudo ao contrário.
Não vou negar que escolas com menos de vinte alunos não são a forma ideal de educar ninguém. Funcionam muitas vezes com aulas conjuntas, com miúdos de várias anos. Têm menos condições que uma escola maior. Poucos professores querem ali dar aulas. Há boas razões para ponderar a sua utilidade.
Mas a decisão anunciada não corresponde a nenhum plano preparado e estudado durante alguns anos que termine num processo de encerramento de algumas escolas e na reestruturação de outras - adaptando o seu funcionamento ao número reduzido de alunos. Se assim fosse, a decisão nunca passaria pela imposição de uma regra geral com uma negociação posterior e rápida para algumas excepções. Seria um processo que não teria de ser simultâneo e que encontraria a melhor solução para cada caso.
Se a decisão tivesse alguma coisa a ver com a qualidade de vida e o aproveitamento dos alunos, tinha-se em conta a distância da escola mais próxima, os custos de transporte para o Estado, os efeitos deste encerramento na vida da localidade, os resultados específicos conseguidos por cada escola e não estatísticas gerais, e as possibilidades de reestruturação de cada estabelecimento de ensino. Ou seja, teria existido um trabalho técnico cuidado, com soluções diferenciadas, e não uma decisão burocrática e autoritária.
Todo este cuidado faria sentido, porque esta decisão também tem enormes desvantagens. Ela é mais um prego no caixão de um Interior despovoado. Piora a qualidade de vida das famílias. Retira técnicos com maior formação (e rendimentos) de regiões já deprimidas. Dos encerramentos de escolas, centros de saúde ou tribunais não resultam apenas prejuízos directos para as populações. Eles retiram massa crítica e população activa ao Interior e confirmam a sua agonia.
Claro que o futuro destas crianças não pode ser prejudicado em defesa da sustentabilidade do Interior. Mas quando temos de conciliar valores procuramos soluções equilibradas, não decidimos a regra e esquadro do alto do gabinete ministerial.
Querem defender o ensino público e os alunos? Vamos isso. Escola a escola, caso a caso, com estudos para cada uma delas, como fazem os políticos sérios. Se se trata de poupar dinheiro, fazendo crianças de seis e sete anos pagar a crise, esta medida é um crime.
Não vou negar que escolas com menos de vinte alunos não são a forma ideal de educar ninguém. Funcionam muitas vezes com aulas conjuntas, com miúdos de várias anos. Têm menos condições que uma escola maior. Poucos professores querem ali dar aulas. Há boas razões para ponderar a sua utilidade.
Mas a decisão anunciada não corresponde a nenhum plano preparado e estudado durante alguns anos que termine num processo de encerramento de algumas escolas e na reestruturação de outras - adaptando o seu funcionamento ao número reduzido de alunos. Se assim fosse, a decisão nunca passaria pela imposição de uma regra geral com uma negociação posterior e rápida para algumas excepções. Seria um processo que não teria de ser simultâneo e que encontraria a melhor solução para cada caso.
Se a decisão tivesse alguma coisa a ver com a qualidade de vida e o aproveitamento dos alunos, tinha-se em conta a distância da escola mais próxima, os custos de transporte para o Estado, os efeitos deste encerramento na vida da localidade, os resultados específicos conseguidos por cada escola e não estatísticas gerais, e as possibilidades de reestruturação de cada estabelecimento de ensino. Ou seja, teria existido um trabalho técnico cuidado, com soluções diferenciadas, e não uma decisão burocrática e autoritária.
Todo este cuidado faria sentido, porque esta decisão também tem enormes desvantagens. Ela é mais um prego no caixão de um Interior despovoado. Piora a qualidade de vida das famílias. Retira técnicos com maior formação (e rendimentos) de regiões já deprimidas. Dos encerramentos de escolas, centros de saúde ou tribunais não resultam apenas prejuízos directos para as populações. Eles retiram massa crítica e população activa ao Interior e confirmam a sua agonia.
Claro que o futuro destas crianças não pode ser prejudicado em defesa da sustentabilidade do Interior. Mas quando temos de conciliar valores procuramos soluções equilibradas, não decidimos a regra e esquadro do alto do gabinete ministerial.
Querem defender o ensino público e os alunos? Vamos isso. Escola a escola, caso a caso, com estudos para cada uma delas, como fazem os políticos sérios. Se se trata de poupar dinheiro, fazendo crianças de seis e sete anos pagar a crise, esta medida é um crime.
Daniel Oliveira - Expresso
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