Publiquei recentemente um livro intitulado "País das Maravilhas - histórias do nosso quotidiano escolar contadas no feminino", através da HM Editora (ver sinopse em baixo). O livro reúne quatro contos que procuram retratar situações do nosso quotidiano escolar, repleto de complexidades, ajudando a uma melhor compreensão do fenómeno da indisciplina no espaço escolar. Este é um tema que julgo ser bastante oportuno e (infelizmente) sempre actual.
País das Maravilhas
Histórias do nosso quotidiano escolar contadas no feminino
Autor: Maria Helena Alho
Esta obra integra várias histórias protagonizadas por mulheres que vivem a indisciplina e/ou a violência escolar. Os relatos procuram escutar a sua voz, encontrar o seu olhar e perscrutar a sua mente sobre esses fenómenos. É assim que ficamos a conhecer Salete, a mãe de José – o aluno brasileiro conhecido como "Zeca Diabo" ("Ze Ca Diabo"); Bárbara, a jovem professora de Matemática que tem de lidar diariamente com a indisciplina dos seus alunos motivada, em grande parte, pelo desinteresse que nutrem pelas matérias que ensina, sobretudo André, um adolescente que aproveita as aulas para por em prática o seu gosto pelo desenho ("Fexadu na Xidade Xcura"); e, claro está, ficamos a conhecer Alice, a grande protagonista do País das Maravilhas. Ela é a maior vítima dos outros e é, simultaneamente, a maior vítima de si própria. É assim que podemos conhecer a sua biografia onde se narram os vários episódios de indisciplina/violência por que passou ("Alice") e os seus sonhos e fantasias que recriam a realidade a partir das fantásticas imagens dos quadros de Magritte e das inesquecíveis histórias de Lewis Carrol ("Sonhadelo").
As histórias são também uma oportunidade para reflectir sobre as dificuldades económicas, sociais e culturais das famílias; a ausência dos pais na escola; a falta de programas articulados com equipas multidisciplinares; o peso burocrático dos processos disciplinares; os currículos desinteressantes; o sistema de avaliação facilitador; as salas de aula degradadas; as disfunções do Ministério da Educação; os ataques sistemáticos à classe docente que agravaram o sentimento de desconfiança entre a tutela e os professores.
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