Há muitos equívocos sobre o uso da máscara e a frequência com que deve ser lavada. Aqui encontra indicações e respostas de peritos para questões práticas
Lave a máscara todos os dias, é o mínimo. Não se esqueça que logo que põe a máscara bem ajustada à cara para sair de casa e enfrentar o dia com ela já está a respirar dentro dela. Ao longo das horas em que a mantém ajustada, fala, ri-se, eventualmente espirra ou tosse, cuspinhota e pode até dar gargalhadas. Como é que consegue ficar imediatamente descontraído ao retirá-la da cara, sendo o gesto seguinte dobrá-la e metê-la dobradinha novamente no bolso que lhe reserva para recomeçar no dia seguinte?
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É provável que haja quem esteja convencido de que, como as partículas que saem do nosso nariz e boca, e que ficam presas nas máscaras, são pessoais não têm, por isso, grande importância. Provas médicas dizem o contrário.
Caso se recolhesse uma amostra de uma máscara usada para análise encontrar-se-ia uma variedade de bactérias, vírus e fungos. A maioria destes poderia até ser inofensivo e até parecido com material que fosse recolhido das mãos, nariz, boca ou outras partes do corpo. Porém, a combinação desta bateria de micro-organismos com a humidade e fricção que resulta das horas de uso da máscara são pasto para surtos de “mascne”. Quem o garante ao diário britânico é o professor Cath Noakes, um perito em transmissão de doenças por via aérea da Universidade de Leeds.
O que é “Mascne”?
É um termo genérico que define todo o tipo de irritações e alergias provocadas pelo uso prolongado de máscara, incluindo acne. As máscaras são vetores para vírus, fungos e bactérias. Thivi Maruthappu, consultor de dermatologia no Hospital de Highgate e porta-voz da Fundação Britânica da Pele aconselha a que se lave a máscara todos os dias, dando preferência às que são feitas de algodão e tecidos suaves para minimizar a fricção com a cara.
Há risco de apanhar covid-19 de uma máscara contaminada?
Se a pessoa estiver contaminada com coronavírus, a máscara que usar vai estar fortemente contaminada. Nunca se deve usar a máscara de outra pessoa nem pegar numa que tenha sido usada por outrém sem lavar abundantemente as mãos com sabão. O risco de contágio é sério.
A máscara reutilizável deve ser lavada todos os dias. As máscaras que foram examinadas em laboratório continham vírus no interior e no exterior, fossem elas de tecido ou cirúrgicas, garante Raina MacIntyre, um investigador de doenças infecciosas da Universidade de New South Wales, em Sydney, Austrália. Cinco ou seis dias é mesmo demasiado tempo sem lavar.
Como devem as máscaras ser corretamente lavadas?
Um ciclo de máquina normal com sabão em água a pelo menos 60 graus resolve a questão. A lavagem à mão com água fria é insuficiente.
E se eu só usar a máscara durante dez minutos e a guardar num lugar adequado para voltar a usar?
Pode ser suficiente se se desinfetar as mãos que a manipularem e só se tocar nas pegas da máscara. No dia seguinte, é necessário voltar a desinfetar as mãos antes de repor a máscara e sem nunca tocar senão nas pegas. É necessário uma bolsa com fecho éclair para separar a máscara de outras coisas que estejam no interior da mala ou dos bolsos, como chaves e carteiras, que podem contaminar a máscara. É sempre melhor partir do princípio de que a máscara pode estar contaminada ao manipulá-la.
Um spray desinfetante não substitui uma lavagem competente porque a água e sabão lavam também outras sujidades ou bactérias. Além do risco de inalar o desinfetante ao repôr a máscara sobre o nariz e boca. E para quem use máscaras com filtro é melhor partir do princípio de que o filtro perde o prazo de validade ao mesmo tempo que a máscara que o contém. Assim, deve ser mudado cada vez que a máscara é lavada, ou seja, todos os dias.
E quando chove e a máscara se molha?
Convém ter outra por perto, para trocar. Uma máscara molhada ou húmida reduz a capacidade de filtragem do vírus. Neste período de outono/inverno, esta é uma preocupação a ter em conta.
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