Do COVID-19 nas Escolas - Da Dualidade, ou Mais!, de Critérios
Anabela Magalhães
A distância que separa as condições físicas em que se realizou o último Conselho de Estado, na passada terça-feira, das condições físicas existentes em qualquer uma das salas de aula portuguesas é abissal... e sublinhe-se que não escolhi esta palavra ao acaso.
No primeiro caso o espaço em que os conselheiros se reuniram, todos de máscara e presumo que todos de mãos previamente higienizadas, é enormesco, a permitir um distanciamento parece-me que até maior do que o aconselhado pelas autoridades de saúde. Além do mais, a sala apresenta um pé direito super generoso o que contribuiu, sem dúvida, para uma qualidade do ar existente mais do que confortável e segura para todos os presentes.
Os presentes serão o equivalente, em número, a parte das turmas que frequentam as escolas portuguesas mas com muitas outras turmas a terem um número de elementos bem superior a este que nas imagens vejo e com uma agravante muito grave - os distanciamentos, dentro das salas de aula, são por vezes completamente inexistentes, com alunos sentados lado a lado, encostadinhos uns aos outros pois então! e pertinho pertinho de nós professores, que o espaço, as carteiras, enfim, o que seja, não permite fazer melhor.
Acontece que António Lobo Xavier, posteriormente a esta reunião, testou positivo para o SARS-CoV-2. E o que se seguiu está nos antípodas do que tem acontecido um pouco por este país à beira mar plantado.
Assim, os conselheiros e demais presentes já foram testados, alguns até mais do que uma vez e, por razões de segurança, alguns estão já a cumprir quarentenas apesar de já terem testado duas vezes negativo.
Tal e qual o que se passa nas escolas com delegados de saúde a considerar que o risco de contágios dentro de uma sala de aula, onde os alunos - 20... 25... 30 - estão frequentemente amontoados, é baixo e que perante positivos não mandam testar quem quer que seja, nem tão pouco fazer quarentena a quem quer que seja. E nem estou a imaginar o que se passa em salas de aula em que os alunos, por ordens superiores, chegam à hora do lanche, e porque o SARS-CoV-2 se ausentou daquele espaço quiçá também para lanchar, retiram as máscaras, sacam do lanche, trincam, mastigam, falam e gargalham uns com os outros, sem máscara, por vezes a centímetros uns dos outros. E depois há outros delegados de saúde que, perante positivos, mandam testar, mandam fazer quarentena, eu sei lá!
Sei que não entendo estas dualidades de critérios. E que, assim sendo, prevejo o pior. E só me resta fazer todos os possíveis, tudo o que ao meu alcance está, para não me infectar e para não infectar quem quer que seja que se mova à minha volta.
Esta foi, é e será a minha conduta dentro do local, de longe o mais perigoso pelas inúmeras interacções sociais diárias a que estamos expostos, que eu frequento no meu dia-a-dia e que é a Escola, feita de inúmeras bolhas que se interligam e misturam numa amálgama que não lembra ao diabo em tempos que se avizinham e adivinham bem mais duros e difíceis do que aqueles em que vivemos a partir de Março, mês em que foi detectado o primeiro caso de coronavírus no Norte de Portugal.
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