segunda-feira, 7 de maio de 2012

Assim não vamos lá. Assim não!

É recorrente a ideia que emerge da investigação: as escolas têm uma identidade, um ethos que envolve e alimenta a ação de generalidade das pessoas. A identidade é umamarca cultural poderosa que regula de modo invisível a ação das pessoas que trabalham na escola. E é ainda um poderoso fator de valorização, credibilidade e procura social.
A identidade de uma escola decorre de muitos detalhes: tem a ver com a forma como organiza os espaços, com a forma como os utiliza e dinamiza; com os suportes e os conteúdos de comunicação; com os valores que regulam o pulsar da organização e que se veem de muitos modos; com os modos de organizar a relação entre alunos, entre professores e alunos, entre funcionários e alunos; entre professores e encarregados de educação; com a forma de lidar com os problemas e os erros; com a forma de olhar, analisar e trabalhar os resultados da ação educativa; com os modos de responsabilidade que se adotam. E com os ideais e os sonhos que são permitidos, sugeridos e acalentados.
 Mas face às políticas técnico-racionais de agregação forçada ou induzida que vão destruir as identidades que demoraram muitos anos a construir, pode perguntar-se: mas as identidades existem mesmo e têm esse poder regenerador? E se têm, porque não são consideradas?
Porque são esquecidas ou mesmo rasuradas?
Avanço com três hipóteses: porque é uma variável subjetiva que não se deixa aprisionar pela razão objetiva que a decisão política sempre quer aparentar; porque há outras retóricas (económicas, de macrorregulação territorial…) que têm uma ascendência maior; e porque, em última instância isto acaba por não interessar, é algo que pertence à invenção dos teóricos…
Sustento, no entanto, que este esquecimento nos vai sair muito caro nos casos em que as identidades existentes eram promotoras de mais sucesso (o que quer dizer mais equidade, justiça e realização pessoal e social). E nos casos em que identidades poderiam ser tóxicas teria de haver outras medidas que estivessem à altura desse problema. Assim não vamos lá.
Assim não!

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