"Da professora"
Sofia desenhou com a esferográfica um coração tosco na capa azul do seu computador Magalhães. Tem oito anos e mal se apercebe que é a ministra da Educação quem acaba de entrar pela sua sala adentro, arrastando dúzia e meia de convidados. Maria de Lurdes Rodrigues esforça-se por arrancar às crianças palavras de elogio àquelas que considera ser marcas do seu consulado. Fala das bibliotecas, dos centros escolares, das tecnologias. Ontem foi a Cabeceiras de Basto inaugurar um centro escolar, naquele que terá sido o seu último acto público como governante. Os discursos soaram a despedida.
Na sala da pequena Sofia, a do terceiro ano, há um quadro multimédia, onde os alunos estão a ler um poema. A ministra dá um passo à esquerda para dar visibilidade à marca tecnológica presente na nova escola. Nas mesas dos alunos estão também três computadores Magalhães. Maria de Lurdes Rodrigues pergunta aos miúdos se gostam de ler e ouve um "sim" cantado. "Na outra escola tinham biblioteca?", pergunta. Dizem-lhe que não, que era a professora quem trazia os livros. A biblioteca do Centro Escolar Joaquim Santos ainda não está pronta, mas a ministra da Educação quer sublinhar a importância que a infra-estrutura tem para o ensino.
No andar de baixo, onde funciona o pré-escolar, volta a conversar com as crianças. Quer que lhe digam se era nesta escola que andavam no ano passado. Confirmam-lhe o que já sabia: "Não. A escola é nova". "E o que é que gostas mais nesta escola nova?", quer saber Lurdes Rodrigues, dirigindo-se ao rapaz mais espevitado da classe. A resposta surpreende a ministra: "Da professora". "Os alunos naturalizam as condições envolventes e acabam por dar mais importância à figura do adulto", justifica mais tarde.
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