Atividades extracurriculares diminuem riscos
Estudo da Católica associa demasiada exposição aos ecrãs a problemas emocionais nos jovens. Solução: preencher o tempo fora da escola
Os jovens que passam mais tempo a utilizar meios de comunicação eletrónicos, do smartphone ao tablet, tendem a ter menos ferramentas socioemocionais, autorregulação, motivação, capacidade de decisão ou ajustamento psicológico e maior propensão para cometerem ou serem vítimas de bullying ou cyberbullying, contacto com estranhos, pornografia ou mensagens sexuais. O alerta é feito pela Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica do Porto, advertindo também para que a pandemia aumentou a exposição a esses perigos — e que impor limites à utilização dos dispositivos não resolve o problema. O antídoto mais eficaz é a participação em atividades extracurriculares, mesmo sem sair de casa.
Os autores estão convictos de que a ocupação de tempos livres se traduz em benefícios “não porque reduz o tempo disponível para utilizar os media eletrónicos, mas provavelmente pelas competências socioemocionais que essas atividades permitem desenvolver, tornando os jovens mais competentes nessa utilização, tendo menos experiências negativas”. Entre as melhorias estão, desde logo, maior autoestima e autorregulação das emoções.
Os dados permitiram ainda concluir que as mais-valias das atividades extracurriculares são visíveis na participação individual ou em grupo, em casa ou no exterior e com ou sem componente desportiva. “Pode ser música, ballet, ginástica, surf, escuteiros... O importante é que sejam atividades extra ao tempo escolar, estruturadas, supervisionadas e internacionalizadas para a promoção de competências”, explica Luísa Campos, uma das autoras do estudo.
“Os jovens que frequentam atividades extra à escola têm de ter capacidade de gerir tempo e conflitos, resolver problemas e comunicar assertivamente. São mais competentes a gerir as emoções, desde logo a identificar o que estão a sentir, a lidar com o stresse normal e a desenvolver estratégias para isso”, acrescenta a investigadora do Centro de Investigação para o Desenvolvimento Humano da Católica.
Os investigadores querem agora avançar para dados mais detalhados. Avaliar o que aconteceu durante a pandemia ou analisar diferenças entre as atividades extraletivas.
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