domingo, 16 de janeiro de 2022

Para quem ainda não leu

Os filhos da pandemia. O aflitivo retrato de uma professora sobre os efeitos dos confinamentos nos alunos


Os filhos da pandemia não escrevem, não falam, não lêem, não compreendem, não interpretam, não pensam…Retirem-lhes o telemóvel e as redes sociais e ficaremos perante seres desprovidos de qualquer interesse. O retrato de uma geração profundamente afetada pela pandemia, traçado pela professora Carmo Machado

A geração de professores a que pertenço, nascida na década de sessenta, foi marcada pela utopia e pelo sonho. Acreditávamos que a escola podia fazer a diferença na vida dos nossos alunos, que podia mudar vidas. Recordo com enorme prazer todos os momentos em que tudo – literalmente, tudo – fazíamos pela escola pública, desde gastarmos resmas de papel e tinteiros do nosso parco ordenado, ou dedicarmo-nos – noites a fio – a preparar atividades e instrumentos de avaliação, a organizarmos visitas de estudo, a arquitetar celebrações para isto e para aquilo e a procurar que a escola fosse – e era – um local de prazer para todos.

Esta geração da utopia era constituída por todos aqueles que seguiram a carreira docente por paixão, mesmo quando estavam outras opções em cima da mesa. Depois da licenciatura de quatro anos e de uma formação universitária de especialização em ensino de dois anos, muitos de nós ainda avançámos na pesquisa e tirámos mestrados e doutoramentos, aos quais dedicámos uma boa parte do nosso tempo e do nosso (pouco) dinheiro. Entrámos na carreira docente com amor e foi a ela que dedicámos grande parte da nossa vida.

Depois… Depois começaram as alterações às regras na carreira sem qualquer aviso prévio, tentaram dividir-nos em professores titulares e professores não titulares, anularam direitos consagrados no nosso estatuto, congelaram-nos os ordenados e a imaginação e, por fim, roubaram-nos descaradamente muitos anos de serviço que, não sendo a solução para o nosso baixo poder de compra, podiam no mínimo permitir-nos uma maior – ainda que leve – dignidade profissional e pessoal. Com que tristeza ouço com frequência dizer a um professor que raramente compra livros ou vai ao teatro. De facto, fizeram de nós meros funcionários e das escolas meras repartições públicas de ensino de massas, transformadas em verdadeiras fábricas de papel!
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A ler na Visão

1 comentário:

  1. O mais importante foi ter a coragem de escrever o que falta no último parágrafo que podemos ler acima e que acrescento em maiúsculas:
    DEPOIS VIERAM OS SOCIALISTAS E DESTRUIRAM A CARREIRA DOCENTE, ACHINCALHARAM E ESMAGARAM A CLASSE DOCENTE COM A AJUDA DOS JOJRNALISTAS... NO REINADO DE JOSÉ SÓCRATES E MARIA DE LURDES RODRIGUES, começaram as alterações às regras na carreira sem qualquer aviso prévio, tentaram dividir-nos em professores titulares e professores não titulares, anularam direitos consagrados no nosso estatuto, congelaram-nos os ordenados e a imaginação e, por fim, roubaram-nos descaradamente muitos anos de serviço que, não sendo a solução para o nosso baixo poder de compra, podiam no mínimo permitir-nos uma maior – ainda que leve – dignidade profissional e pessoal."
    E, COMO AS ELEIÇÕES ESTÃO AÍ À PORTA... uma PERGUNTA gostaria de deixar AQUI:
    SERÁ QUE OS PROFESSORES serão capazes de se livrar da síndrome do ALZHEIMER SELECTIVO com que são atacados na hora de decidir o seu voto ?
    Qualquer um, fora os socialistas que nos roubaram (e chantageiam os outros para perpetuar o roubo que nos fizeram!) para mim... serve!

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