O HBSC/OMS (Health Behaviour in School-aged Children) é um estudo colaborativo da Organização Mundial de Saúde
(OMS) que pretende analisar os estilos de vida dos adolescentes e os seus comportamentos nos vários cenários das suas
vidas. Iniciou-se em 1982 com investigadores de três países: Finlândia, Noruega e Inglaterra, e pouco tempo depois foi
adotado pela OMS, como um estudo colaborativo. Neste momento conta com 51 países entre os quais Portugal, integrado
desde 1996, e membro associado desde 1998 (Currie, Samdal, Boyce & Smith, 2001).
A SAÚDE DOS ADOLESCENTES PORTUGUESES EM CONTEXTO DE PANDEMIA
O estudo, “Health Behaviour in School-aged Children”, realizado pela Organização Mundial da Saúde em 51 países, reflete o choque da pandemia, dos períodos de confinamento e do encerramento das escolas. Os dados relativos ao nosso pais foram apresentados esta semana e são preocupantes: numa amostra representativa de quase seis mil alunos, do 5º, 8º e 10º anos, 27,7% dizem sentir-se infelizes, praticamente o dobro de 2014 e bem acima dos 18% registados há quatro anos.
Escola
• 30,3% dos adolescentes refere não gostar da escola, afirmando que o que menos gostam na escola é a comida do
refeitório (54,4%) e as atividades extracurriculares (28,7%) e do que menos frequentemente não gostam é dos colegas
(8,8%).
• 22,4% dos estudantes refere que sente muita pressão com os trabalhos da escola.
• 15% dos adolescentes consideram que a perceção dos professores sobre as suas capacidades académicas é muito bom.
• As dificuldades apontadas na escola são (às vezes/sempre), que a matéria é demasiada (87,9%), aborrecida (87,4%),
muito difícil (82,1%) e que a avaliação é um stresse (83,1%). Alguns adolescentes referem também a pressão dos pais
para ter boas notas (58,4%).
• 76,7% dos estudantes sentem-se sempre/frequentemente seguros na escola.
Comparando o estudo realizado em 2018 e o presente estudo de 2022 verificamos um pequeno decréscimo na
relação com os colegas com um valor médio de 11,89 em 2018 e um valor médio de 11,77 em 2022. A relação com os
professores manteve-se, com um valor médio de 11,37 em 2018 e um valor médio de 11,36 em 2022.
Em relação ao gosto pela escola, este continua a diminuir. Em 2018 70,4% dos participantes referiu que gostava da
escola e em 2022 essa percentagem diminuiu para 69,7%. Sobre o que menos gostam na escola, a comida do refeitório
continua no topo das coisas que os estudantes menos gostam, no entanto verifica-se uma diminuição na percentagem
de estudantes que o referem, de 58,3% em 2018 para 54,4% em 2022. Verifica-se também uma troca de posição entre
as atividades extracurriculares (passaram da terceira posição em 2018, para a segunda posição em 2022) e das aulas
(passaram da segunda posição em 2018 para a terceira em 2022). Em 2022 os colegas são o que menos frequentemente
os estudantes não gostam, deixando de ser os intervalos/recreios, como se verificou em 2018.
A pressão com os trabalhos de casa (muita pressão) aumentou, de 13,7% de 2018 para 22,4% em 2022. O que os
adolescentes acham acerca da perceção que os professores têm das suas capacidades académica sofreu uma ligeira
alteração, existindo um ligeiro decréscimo na perceção de boa/muito boa capacidade académica, de 56,2% em 2018 para
55,5% em 2022.
As dificuldades com a escola e com os trabalhos da escola aumentaram de 2018 para 2022. A matéria continua a ser
considerada demasiada (87,2% em 2018 para 87,9% em 2022); aborrecida (84,9% em 2018 para 87,4% em 2022) e difícil
(82% em 2018 para 82,1% em 2022). A referência ao stresse das avaliações aumentou, alterando-se da quarta posição
em 2018 para a terceira posição em 2022 (77% em 2018 para 83,1% em 2022).
A perceção de segurança na escola também diminuiu, de 80,3% em 2018 para 76,7% em 2022.
Relativamente às expectativas de futuro verificamos um decréscimo, com um valor médio de 7,41 em 2018 e um
valor médio de 7,10 em 2022.
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