São inúmeras as vezes que prometo, a mim e ao cosmos envolvente, que nunca mais ocupo parte do meu domingo com tarefas escolares. Até porque não são escassas as vozes que alegam que os professores têm um horário leve, achando que tudo se resume às tarefas lectivas. Ou que as tarefas não lectivas se resumem a ver testes e a classificá-los, essa tarefa cruel e arcaica, grande consumidora de tempo e boa disposição.
Mas há muito mais e é difícil passar mais de um par de semanas, sem que a tarde de domingo seja de trabalho, três a quatro horas pelo menos, a preparar a semana e as aulas, seja a responder a dúvidas e questões que chegam por mail ou através das novas plataformas digitais usadas para assegurar o ensino não-presencial, mas que acabaram por ficar como ferramenta de suporte ao presencial, seja a preparar materiais de trabalho novos. Porque há quem não se resume a copiar ou modernizar velhas sebentas ou aplicar de forma directa os materiais de apoio fornecidos com os manuais ou enviados com regularidade pelas editoras.
As 35 horas de trabalho semanal dos professores é um mito há muito denunciado e surgem de forma recorrente os apelos à greve de zelo, para que não se ultrapasse o horário legalmente previsto para o chamado “trabalho autónomo” ou para a “componente de estabelecimento”. Mas a verdade é que são erupções de indignação tão intensas quanto fugazes. E a larga maioria – mesmo entre os que dizem o contrário – acaba por amputar o seu justo tempo de descanso com a dedicação de várias horas do fim de semana ao trabalho escolar.
Há quem se queixa dos trabalhos para casa dos alunos e como são por vezes excessivos e se intrometem nas horas de convívio familiar. Eu concordo e acrescento: fim aos trabalhos de casa para os alunos assim que terminem também os trabalhos de casa para os professores.
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